Pedidos, que chegam a 56.444, são maioria de solicitantes da Venezuela,
Cuba, Angola, Índia e Vietnã
Por dia, o Brasil recebeu ao menos 185 solicitações de refúgio entre janeiro e outubro deste
ano. A média é o resultado total de 56.444 pedidos, segundo dados do
ObMigra (Observatório das Migrações Internacionais), uma iniciativa da
Universidade de Brasília em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança
Pública. Venezuela (23.129), Cuba (16.350), Angola (3.056), Índia (2.136) e
Vietnã (1.914) estão entre os países com maior número de solicitantes.
O índice representa, ainda, um aumento de 15% quando comparado ao mesmo
período de 2023, em que o país registrou 48.946 solicitações. Este ano, os
estados de Roraima, São Paulo, Amapá e Paraná foram os que mais registraram
pedidos de imigrantes.
No mundo, é estimado que ao menos 120 milhões de pessoas tenham sido
forçadas a se deslocar devido a perseguições, conflitos, violência e violações
de direitos humanos em 2024. Em 11 anos, o deslocamento forçado global mais que
dobrou, registrando um aumento de 100%, de acordo com a Acnur (Agência da ONU
para refugiados).
Entre 1985 e 2022, o Brasil reconheceu 65.811 pessoas como refugiadas, a
maioria delas por causa de grave e generalizada violação de direitos humanos.
Os dados, divulgados pela Acnur e produzidos pelo Conare (Comitê Nacional para
os Refugiados), apontam, ainda, que o tempo médio para decisão foi de 2,5 anos.
E atualmente cerca de 4 mil refugiados da Síria vivem no Brasil.
Contrabando de imigrantes
Em agosto, o governo federal alterou as regras de entrada no país após
identificar aumento no contrabando de imigrantes no Brasil. Com o crescimento
do fluxo migratório ilegal, o Ministério da Justiça e Segurança Pública
determinou que o passageiro que não tiver visto de entrada no Brasil e tem como
destino final outro país terá que seguir viagem ou retornar ao local de origem.
“A decisão foi tomada após a Polícia Federal identificar que o Brasil
virou rota de organizações criminosas que fazem contrabando de imigrantes e
tráfico de pessoas. As autoridades passaram a identificar um aumento
exponencial de nacionais oriundos, principalmente, de países asiáticos. Esses
viajantes têm seus bilhetes aéreos emitidos com destino final a outros países
sul-americanos”, informou o ministério.
Até março, por exemplo, a Polícia Federal investigava 110 casos de
tráfico de pessoas e 216 de contrabando de migrantes no Brasil, segundo a
Organização Internacional para as Migrações.
Crise humanitária
Entre os países nativos dos solicitantes de refúgio, a Venezuela e Cuba
se destacam pelo agravamento da crise humanitária, econômica e política. Há uma
década, a situação nos países vizinhos fez com que o fluxo migratório dessa
população aumentasse significativamente.
No caso da Venezuela, o presidente Nicolas Maduro, que está no poder
deste 2013, foi acusado por órgãos da ONU (Organização das Nações Unidas) por
perseguir opositores políticos e cometer crimes contra a humanidade.
Após as eleições presidenciais no país este ano, a organização divulgou
um relatório indicando um aumento
“profundamente preocupante” nas violações dos direitos humanos,
informando, ainda, “múltiplas e crescentes violações e crimes cometidos pelo
governo venezuelano”.
Entre as violações, o governo venezuelano é acusado de tortura,
desaparecimentos forçados e violência sexual. Entre as vítimas, segundo a ONU,
estão crianças e adolescentes, além de pessoas com deficiência.
Já em Cuba, a população vem enfrentando uma onda de escassez de alimentos
e apagões elétricos. Além disso, os cubanos vivem uma das piores crises
econômicas do país, agravada pela desvalorização da moeda, queda da produção
agrícola e desigualdade social.
Giovana Cardoso, do R7, em Brasília
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