Novos depoimentos obtidos pelo Departamento de Homicídios (DHPP) da Polícia Civil paulista destacam a suposta influência do vereador Senival Moura (PT) sobre a Transunião, uma empresa de ônibus da zona leste de São Paulo (SP) investigada por possíveis conexões com o PCC, maior facção criminosa do Brasil. A informação é do site Metrópoles.
Senival Moura, que busca a
reeleição para a Câmara Municipal, é um apoiador proeminente da campanha de
Guilherme Boulos (PSol) para a Prefeitura de São Paulo.
O vereador está sendo investigado
pelo possível envolvimento no assassinato de Adauto Soares Jorge, ex-diretor da
Transunião, que, segundo as investigações, seria um intermediário na gestão da
empresa.
Em seus discursos, Boulos
prometeu “passar a limpo” os contratos de transporte público da cidade,
destacando o envolvimento do PCC em empresas de ônibus como a Transwolff.
Em entrevista ao programa Roda
Viva, Boulos criticou o uso de dinheiro público para o crime organizado e disse
que as investigações atuais envolvem figuras ligadas ao prefeito Ricardo Nunes
(MDB). Quando questionado sobre possíveis envolvimentos de aliados políticos,
Boulos negou qualquer relação.
Os depoimentos recentes,
recolhidos em março de 2024, reforçam a alegação de que Senival Moura tinha
influência sobre a Transunião, mesmo durante um período em que não fazia parte
formalmente da empresa. E-mails apreendidos pela polícia mencionam o vereador e
seus “carros”, evidenciando sua suposta ingerência na companhia.
A campanha de Boulos afirmou não
ter conhecimento dos detalhes das investigações e ressaltou que Senival Moura
não exerce função na campanha. A investigação sobre a morte de Adauto Soares
Jorge revelou que, desde os anos 1970, Senival estava envolvido com o
transporte clandestino e que, ao entrar na política, passou a arrecadar
recursos com o crime organizado.
A testemunha protegida alegou que
o PCC passou a controlar a Transunião em 2020, e que Adauto teria sido morto
por descontentar a facção ao priorizar antigos perueiros e financiar a campanha
de Senival.
Depoimentos de Reinaldo Knot
Rola, ex-integrante da Transunião, e de Adriano Guimarães da Costa, que possui
ônibus na empresa, reforçam a ideia de que Senival exercia influência na
empresa desde os tempos da cooperativa, mesmo após a transformação em empresa.
Além dos depoimentos, e-mails
apreendidos na operação policial mencionam Senival e sua influência. Em uma
comunicação interna, uma funcionária de RH mencionou um desconto isento a
pedido do vereador. Outro e-mail, com o tema “Carros do Senival”, refere-se a
um relatório sobre veículos associados ao vereador.
Documentos revelam que a
Transunião pagava ao PCC uma mensalidade de pelo menos R$ 70 mil, com diálogos
indicando que Senival era referido como “velho” ou “vereador” nas conversas
entre membros do PCC. Esses diálogos corroboram a narrativa de que a empresa
passou a ser cobrada pelo PCC e que a tensão entre Senival e o crime organizado
culminou na morte de Adauto.
A investigação também examina a
Transunião por possíveis conexões com a lavagem de dinheiro para familiares de
Marcola, líder do PCC. Senival Moura, que preside a bancada do PT e integra uma
ala considerada “governista”, inicialmente se opôs ao apoio de seu partido à
candidatura de Boulos, mas abraçou a campanha do psolista, especialmente em sua
base eleitoral na zona leste.
Em nota enviada ao site
Metrópoles, a assessoria de Boulos disse que Senival não exerce “função” dentro
da campanha: “O vereador não exerce função na campanha. Também não
temos conhecimento dos desdobramentos das investigações em curso. De todo modo,
reiteramos o nosso compromisso de combater a infiltração do crime organizado na
atual gestão municipal, passando a limpo todos os contratos da Prefeitura com
empresas de ônibus”.
Gazeta Brasil
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