Dois países, que enfrentam
sanções internacionais, reforçaram consideravelmente os vínculos desde a
invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022
O presidente da Rússia, Vladimir Putin,
viaja à Coreia do Norte nesta terça-feira (18) para uma
reunião com o dirigente Kim Jong Un,
uma visita incomum que deve fortalecer ainda mais os laços entre os dois países
que o Ocidente considera ameaças. A aproximação entre os dois países começou no
momento de sua fundação, em 1948, após a Segunda
Guerra Mundial, a Coreia do Norte se aproximou da União
Soviética. Mas o colapso da URSS em 1991 privou a Coreia do Norte de
seu principal benfeitor, o que contribuiu para provocar um cenário de fome
generalizada alguns anos depois. Ao assumir a presidência em 2000, Vladimir
Putin procurou reforçar as relações com a Coreia do Norte. Ele foi o primeiro
chefe de Estado russo a viajar a Pyongyang para se encontrar com o pai de Kim
Jong Un, Kim Jong-il. Apesar da amizade, em meados da década de 2000, a Rússia,
membro permanente do Conselho de Segurança da ONU,
apoiou as sanções impostas à Coreia do Norte por seu programa nuclear. Kim Jong
Un sucedeu o pai em 2011 e, desde então, Moscou e Pyongyang aprofundaram os
laços. Em 2012, a Rússia eliminou a maior parte da dívida do país aliado. Em
2019, Kim Jong Un viajou de trem até a cidade russa de Vladivostok, perto da
fronteira, onde se reuniu com Putin. Quatro anos depois, ele retornou à Rússia
para uma viagem de quase uma semana focada em questões de defesa.
Por que a viagem neste
momento?
Os dois países, que enfrentam
sanções internacionais, reforçaram consideravelmente os vínculos desde a
invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022. A Rússia, cada vez mais
isolada no cenário internacional, busca aliados. Os governos dos Estados Unidos,
Ucrânia e Coreia do Sul afirmam que a Coreia do Norte envia armas à Rússia para
sua guerra na Ucrânia, violando uma série de sanções da ONU, em
troca de ajuda técnica para programas de satélites e do envio de alimentos. A
Coreia do Norte nega e afirma que a acusação é “absurda”. Em março, a Rússia
vetou no Conselho de Segurança da ONU a prorrogação do comitê responsável por
controlar o respeito das sanções internacionais contra a Coreia do Norte,
justamente no momento em que especialistas começavam a investigar as supostas
transferências de armas.
Kim também intensificou os testes
de armas, incluindo uma série de lançamentos este ano de mísseis de cruzeiro,
que analistas dizem que Pyongyang poderia estar enviado à Rússia para o país
utilize na Ucrânia.”Durante a Guerra Fria, a Coreia do Norte estava sempre na
posição de pedir ajuda militar e econômica à Rússia”, declarou à AFP Cheong
Seong-chang, do Instituto Sejong, com sede em Seul. Pela primeira vez, os
dois países estão “cooperando de maneira igual”, destaca Cheong, que aponta uma
espécie de “lua de mel” entre Moscou e Pyongyang.
O que cada um ganha?
Para Kim, “esta visita é uma
vitória”, segundo Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, de Seul. O
conselheiro diplomático de Vladimir Putin, Yuri Ushakov, declarou na
segunda-feira que “documentos importantes, muito significativos” serão
assinados durante a viagem de Putin. Ushakov mencionou a “possível” assinatura
de um “acordo de cooperação estratégica global”, que seria uma versão
atualizada de um tratado assinado durante a última visita de Putin ao país, em
2000. O chefe de Estado russo será acompanhado pelo chanceler Serguei Lavrov, o
ministro da Defesa, Andrei Belousov, além de dois vice-primeiros-ministros e
pelo diretor da agência espacial russa, Roscosmos.
Por Jovem Pan
*Com informações da AFP
Publicado por Luisa Cardoso
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