Ao contrário do genocídio, os crimes contra a humanidade não têm necessariamente que estar direcionados contra um grupo da população, mas podem ser direcionados contra qualquer população civil, segundo a ONU. EFE/EPA/HAITHAM IMAD
Embaixadora de
Israel nas instituições da ONU em Genebra, Meirav Shahar, acusou a comissão de
“discriminação sistemática” contra o Estado hebreu
Israel é responsável
por crimes contra a humanidade em Gaza, em particular
de “extermínio”, afirmou nesta quarta-feira (12) uma comissão de investigação
da ONU, que também
acusou as autoridades israelenses e os grupos armados palestinos de cometerem
crimes de guerra desde 7 de outubro. A comissão concluiu em um relatório que
Israel cometeu “crimes contra a humanidade de extermínio; assassinato;
perseguição de gênero contra homens e meninos palestinos; transferências
forçadas, atos de tortura e tratamentos desumanos e cruéis”. A embaixadora de
Israel nas instituições da ONU em Genebra, Meirav Shahar, acusou a comissão de
“discriminação sistemática” contra o Estado hebreu. O órgão “demonstrou mais
uma vez que suas ações estão todas a serviço de uma agenda política focada
contra Israel”, afirmou a diplomata em um comunicado. Ao contrário do
genocídio, os crimes contra a humanidade não têm necessariamente que estar
direcionados contra um grupo da população, mas podem ser direcionados contra
qualquer população civil, segundo a ONU. No entanto, devem ser cometidos como
parte de ataques em larga escala, ao contrário dos crimes de guerra, que podem
ser atos isolados.
Segundo os
investigadores da ONU, Israel e sete “grupos armados palestinos”, incluindo o
Hamas, cometeram “crimes de guerra”. “É imperativo que todos os que
cometeram crimes sejam responsabilizados”, afirmou a presidente da comissão, a
sul-africana Navi Pillay, em um comunicado. “A única maneira de acabar com
os ciclos recorrentes de violência, incluindo as agressões e as represálias das
duas partes, é garantir o respeito estrito do direito internacional”,
acrescentou Pillay, que já foi Alta Comissária para os Direitos Humanos,
presidente do Tribunal Penal Internacional (TPI) para Ruanda e juíza do
TPI. A comissão, criada após a guerra de 11 dias entre Israel e Hamas em
maio de 2021, também tem mandato para estudar todas as causas profundas do
conflito israelense-palestino. O organismo também acusa as autoridades
israelenses de “obstruir” suas investigações e negar acesso a Israel e aos
territórios palestinos ocupados. O relatório da comissão é baseado em
entrevistas com vítimas, que aconteceram de maneira remota e durante uma missão
na Turquia e no Egito, e em documentos que incluem relatórios forenses e
imagens de satélite.
Esquemas de violência sexual
Pillay pediu a
Israel o “fim imediato das operações militares e ataques em Gaza, incluindo o
ataque a Rafah”. Ela também pediu ao Hamas e aos grupos armados palestinos
que “interrompam imediatamente os lançamentos de foguetes e libertem todos os
reféns”. “A tomada de reféns constitui um crime de guerra”, acrescentou. A
comissão “tenta justificar o odioso atentado terrorista de 7 de outubro com uma
contextualização através do prisma narrativo palestino. Não menciona o
‘terrorismo’ que tem décadas, nem o lançamento constante de foguetes no
território israelense”, reagiu a embaixada israelense. A guerra começou em
7 de outubro, quando milicianos do grupo islamista Hamas assassinaram 1.194
pessoas e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado
em dados oficiais. O Exército israelense afirma que 116 reféns permanecem em
cativeiro em Gaza, mas 41 estariam mortos. A operação de resposta de
Israel em Gaza deixou mais de 37 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do
governo de Gaza, liderado pelo Hamas. No que diz respeito ao dia 7 de
outubro, a comissão acusou os grupos armados palestinos de terem cometido
vários crimes de guerra, incluindo ataques contra civis, assassinatos e atos de
tortura. Também identificou “esquemas de violência sexual”, que visaram em
particular as mulheres israelenses, e concluiu que não foram incidentes
isolados. Ao comentar a ofensiva israelense em Gaza, a comissão afirmou
que as autoridades de Israel são “responsáveis por crimes de guerra” e citou,
entre outros elementos, o uso da fome como arma de guerra, os ataques
intencionalmente direcionados contra civis, a violência sexual, a tortura e as
transferências forçadas. Na Cisjordânia, a comissão constatou que as
tropas israelenses “cometeram atos de violência sexual, tortura, tratamentos
desumanos ou cruéis e atentados contra a dignidade pessoal, que constituem
crimes de guerra”. Também afirmou que o governo e as tropas israelenses
“permitiram, encorajaram e incitaram uma campanha de violência por parte dos
colonos”. O relatório também cita declarações de autoridades israelenses –
“incluindo aquelas que refletem a política de infligir uma destruição
generalizada e matar um grande número de civis” – que podem constituir crimes
internacionais graves, como a incitação ao genocídio, discriminação e
violência.
Por Jovem Pan
*Com
informações de AFP
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