“Estamos nos reunindo em um
momento em que as tensões geopolíticas e a desconfiança elevaram o risco de
guerra nuclear ao seu nível mais alto em várias décadas”, reiterou Guterres em
uma reunião do Conselho de Segurança sobre não proliferação nuclear organizada
pelo Japão.
“O Relógio do Juízo Final está correndo e seu
inquietante tic-tac ressoa em todos os ouvidos”, disse.
“Oppenheimer”, o filme dirigido
por Christopher Nolan, vencedor de sete prêmios Oscar, abriu os olhos de
milhões de pessoas para “a dura realidade do apocalipse nuclear”, apontou o
secretário-geral.
Mas “a humanidade não pode
sobreviver a uma sequela de Oppenheimer. Todas essas vozes, todas essas
advertências, todos esses sobreviventes imploram ao mundo que se afaste do
precipício em direção ao qual está se dirigindo”.
“Oppenheimer” retrata os
momentos-chave da vida de Robert Oppenheimer, o físico que levou o planeta à
era nuclear, precipitando o fim da Segunda Guerra Mundial quando os Estados
Unidos lançaram as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Guterres expressou sua
preocupação com uma nova corrida armamentista nuclear. “Está sendo investido
muito mais em instrumentos de guerra do que em instrumentos de paz. Os países
estão investindo recursos consideráveis em novas tecnologias nucleares
mortíferas e estendendo a ameaça a novas áreas”, lamentou.
“E algumas declarações levantaram
a possibilidade de um inferno nuclear ser desencadeado, ameaças que devemos
denunciar coletivamente alto e claro”, acrescentou.
Embora não tenha nomeado nenhum
país, outros oradores, incluindo Japão, Estados Unidos e França, denunciaram
claramente a “retórica” nuclear de Vladimir Putin, que afirmou que o arsenal
russo estava sempre “preparado” para uma guerra nuclear.
Em um momento em que o Conselho
de Segurança da ONU nunca esteve tão dividido, Guterres também pediu que
“reconheçam que apenas trabalhando juntos poderemos erradicar o risco de um
holocausto nuclear”.
“Hoje, essas armas estão aumentando em
potência, alcance e sigilo. Basta uma decisão errada, um julgamento equivocado,
uma ação precipitada para que ocorra um lançamento acidental”, insistiu.
Neste contexto, a embaixadora dos
Estados Unidos, Linda Thomas-Greenfield, anunciou que estava trabalhando com o
Japão em um projeto de resolução do Conselho “reafirmando as obrigações” dos
signatários do Tratado sobre o Espaço Ultraterrestre de 1967 e pedindo que “não
se desenvolvam armas nucleares nem qualquer outra arma de destruição em massa
projetada especificamente para ser colocada em órbita”.
O espaço “deve continuar sendo um
lugar livre de armas nucleares”, afirmou do seu lado a ministra japonesa de
Relações Exteriores, Yoko Kamikawa.
Também anunciou a criação de um
grupo de “amigos” para apoiar as negociações sobre um tratado que proíba a
produção de material físsil para armas nucleares (conhecido como tratado de
“corte”).
Estados Unidos e França indicaram
que se unirão a este grupo de “amigos”.

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