Área inclui 32 abrigos com mais
de 141.000 deslocados internos, a maioria pessoas que precisaram abandonar o
norte do território palestino no início da guerra
Israel ordenou uma nova
evacuação de grande parte da principal cidade do sul da Faixa de Gaza,
enquanto prosseguem nesta quinta-feira, 21, os esforços para alcançar uma
trégua no território palestino, onde o balanço de mortos na guerra superou
20.000, segundo o movimento islamista Hamas. O Exército israelense
ordenou a “evacuação imediata” de uma área que representa quase 20% da cidade
de Khan Yunis, informou o Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários
(OCHA) da ONU. A
Faixa de Gaza está sem energia elétrica devido ao bloqueio total imposto por
Israel. Muitos moradores contam apenas com rádios que funcionam com pilhas e
com a informação que circula entre a população para obter informações. Antes do
início dos combates, esta área tinha mais 111.000 habitantes, segundo o OCHA. A
área inclui 32 abrigos com mais de 141.000 deslocados internos, a maioria
pessoas que precisaram abandonar o norte do território palestino, acrescentou a
ONU.
O Exército israelense anunciou na
segunda-feira a intensificação das operações em Khan Yunis. Israel prometeu
destruir o movimento islamista Hamas, que governa a Faixa de Gaza, após os
atentados de 7 de outubro do grupo islamista no sul de Israel que mataram quase
1.140 pessoas, segundo um balanço da AFP baseado nas informações divulgadas
pelas autoridades do país. Quase 250 pessoas foram sequestradas pelo grupo
islamista e 129 continuam como reféns em Gaza, segundo Israel.
O governo do Hamas anunciou na
quarta-feira, 20, que as operações militares israelenses deixaram 20.000 mortos
no território desde o início da guerra, incluindo ao menos 8.000 menores de
idade e 6.200 mulheres. O subsecretário-geral da ONU para Assuntos
Humanitários, Martin Griffiths, chamou o número de “trágico e vergonhoso”. Na
cidade Rafah (sul), bombardeada por Israel, os moradores depositam esperanças
nas negociações para uma trégua. “Desejo um cessar-fogo completo, o fim das
mortes e do sofrimento. São mais de 75 dias”, declarou Kassem Shurrab, de 25
anos.
A possibilidade de uma trégua
entre Israel e Hamas, e da libertação de reféns, aumentou esta semana com
a visita do líder do movimento islamista, Ismail Haniyeh, ao Egito e
com negociações na Europa. Haniyeh, que mora no Catar, chegou na quarta-feira
ao Cairo para uma reunião com o diretor da inteligência egípcia, Abas Kamel.
Uma fonte do Hamas declarou à AFP que “o cessar-fogo total e a retirada do
Exército de ocupação israelense são condições para qualquer negociação séria de
troca de reféns por prisioneiros”. Porém, o primeiro-ministro de Israel,
Benjamin Netanyahu, insistiu que não haverá cessar-fogo antes da “eliminação”
do Hamas.
Por sua vez, o presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, admitiu que “não há expectativas nesta questão, mas
estamos pressionando para alcançar um acordo”. David Barnea, chefe do serviço
de inteligência israelense, o Mossad, afirmou que teve uma “reunião positiva” esta
semana em Varsóvia com o diretor da CIA, Bill Burns, e com o primeiro-ministro
do Catar, Mohamed bin Abdulrahman Al Thani. O Catar, com o apoio do Egito e dos
Estados Unidos, atuou como o mediador da trégua de uma semana no fim de
novembro que permitiu a libertação de 80 reféns israelenses em troca de 240
prisioneiros palestinos.
Israel afirmou que suas tropas
encontraram uma rede de túneis utilizada por líderes do Hamas, incluindo o
líder do movimento em Gaza, Yahya Sinwar. O Exército divulgou imagens da
“grande rede” de túneis na cidade de Gaza, que conecta esconderijos e
residências. Também relatou combates corpo a corpo e mais de 300 bombardeios
nas últimas 24 horas. Israel anunciou as mortes de três soldados na
quarta-feira, o que eleva a 137 o número de baixas em Gaza desde o início das
operações terrestres. O Ministério da Saúde do Hamas informou que os ataques
israelenses contra casas e mesquitas mataram pelo menos 12 pessoas e que 30
faleceram em bombardeios ao leste de Khan Yunis. “Basta. Perdemos tudo e não
aguentamos mais”, afirmou Samar Abu Luli, uma moradora de Rafah, após um
bombardeio israelense contra o bairro de Al Shabura.
O Conselho de
Segurança da ONU deve tentar mais uma vez, nesta quinta-feira,
aprovar uma resolução para pedir a suspensão dos combates, depois de não
conseguir o apoio dos Estados Unidos. Israel rejeitou o termo “cessar-fogo” e,
por este motivo, a delegação dos Estados Unidos utilizou duas vezes seu poder
de veto para frear resoluções desde o início da guerra. Os Emirados Árabes
Unidos defendem um projeto de resolução sobre o conflito que foi diluído para
garantir apoio, segundo uma versão consultada pela AFP. A proposta pede a
“suspensão urgente das hostilidades para permitir o acesso humanitário seguro e
sem obstáculos para um cessar sustentável das hostilidades”.
Israel permitiu a passagem de
caminhões pelo posto de Rafah, na fronteira com o Egito, e esta semana também
autorizou o envio de ajuda pelo posto de Kerem Shalom. A guerra provocou
temores de uma escalada regional, com incidentes na fronteira com o Líbano e
mísseis dos rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, contra navios de carga
no Mar Vermelho. Israel anunciou na quarta-feira que atacou um “centro
operacional de comando” utilizado pelo grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã, e que
atirou contra combatentes que seguiam em direção a sua fronteira com o Líbano.
Uma idosa morreu e seu marido ficou ferido, informou a imprensa oficial, em um bombardeio
israelense contra a cidade de Marun al Ras, na fronteira no sul do Líbano, a
partir de onde o Hezbollah lançou vários ataques noturnos contra Israel.
Por Jovem Pan
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