A Rússia atacou um dos maiores
portos exportadores de grãos da Ucrânia, Izmail, horas antes de o presidente
russo, Vladimir Putin, e seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, iniciarem
conversações sobre um acordo de exportação de grãos ucraniano.
O ataque, que ocorreu na
segunda-feira, 18 de julho, foi condenado pela Ucrânia e pela Turquia.
O Ministério da Defesa da Ucrânia
disse que o ataque atingiu infraestruturas portuárias, mas não houve
informações sobre vítimas.
O ataque ocorreu quando Putin e
Erdogan se reuniam no resort russo de Sochi, no Mar Negro, para manter
conversações sobre um acordo de exportação de grãos ucraniano que ajudou a
aliviar uma crise alimentar em partes da África, Oriente Médio e Ásia.
O acordo, mediado pelas Nações
Unidas e pela Turquia em julho de 2022, permitiu que quase 33 milhões de
toneladas métricas de cereais e outras mercadorias saíssem de três portos
ucranianos, apesar da invasão russa.
Mas a Rússia abandonou o acordo
há cerca de seis semanas, queixando-se de que as suas exportações de alimentos
e fertilizantes enfrentavam obstáculos e que não havia cereais ucranianos
suficientes para os países necessitados.
Desde então, lançou ataques
frequentes aos portos do rio Danúbio, que emergiu como a principal rota de
exportação de cereais da Ucrânia.
O ataque de segunda-feira
seguiu-se aos ataques russos no domingo no outro grande porto do Danúbio, Reni,
no qual a infra-estrutura do porto foi danificada e pelo menos duas pessoas
ficaram feridas.
As conversações entre Putin e
Erdogan foram consideradas importantes para a revitalização do corredor de
grãos.
Erdogan, que manteve laços
estreitos com Putin durante a guerra de 18 meses, inclusive recusando aderir às
sanções ocidentais contra a Rússia, prometeu repetidamente reavivar o acordo do
Mar Negro.
A Rússia afirmou que, se as
exigências para melhorar as suas exportações de cereais e fertilizantes fossem
satisfeitas, consideraria ressuscitar o acordo do Mar Negro. Embora as
exportações russas de alimentos e fertilizantes não estejam sujeitas a sanções
ocidentais, Moscovo afirmou que as restrições aos pagamentos, à logística e aos
seguros têm dificultado os embarques.
Uma das principais exigências da
Rússia é que o Banco Agrícola Russo seja reconectado ao sistema de pagamentos
internacionais SWIFT. A União Europeia cortou-o em junho de 2022.
As Nações Unidas também
intensificaram os seus esforços para relançar o acordo.
O secretário-geral da ONU,
António Guterres, disse na quinta-feira que enviou uma carta ao ministro dos
Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, com “propostas concretas”
destinadas a levar as exportações de Moscovo aos mercados globais.
Mas as autoridades russas
disseram não estar satisfeitas com a carta.
Um diplomata russo, falando sob
condição de anonimato, disse à agência de notícias Reuters que “não há
revelações” na carta de Guterres a Lavrov e que ela apenas “resume ideias
anteriores da ONU, que não deram certo”.
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