Em entrevista ao Pânico, Matheus
Magnani analisou as operações policiais feitas na Cracolândia e a expansão dos
usuários pelo centro de São Paulo
Nesta quinta-feira, 2, o
programa Pânico recebeu
o procurador Matheus
Magnani, que analisou as operações policias na Cracolândia e a
expansão dos usuários de crack pelo centro de São Paulo, com
concentração na região de Santa Cecília. “A sociedade tratou de uma forma muito
demagógica a epidemia de crack, inclusive emprestando conceitos muito fluídos e
imprecisos de que, para o viciado em crack, deveria ser garantido o direito
constitucional de livre escolha de consumir o seu entorpecente. O crack mostrou
a que veio e ele é devastador. A gente tem que começar a admitir um prejuízo
considerável. O ser humano consegue entender perfeitamente a morte inevitável
de um cidadão acometido pelo câncer. Em relação ao crack, existe esse conceito
fluído de que o sujeito precisa de tratamento, porém estudos da Unifesp e UFRGS
mostram que a recuperação, principalmente em estados avançados, é muito
difícil”, observou. “Dentro dessa dezena de milhares, muitos estão condenados à
morte. Quanto antes sufocar o tráfico de crack… Veja, não é uma guerra às
drogas: apreender a substância. Hoje, você chega ao ponto de ter 300 ou 400
usuários na praça Princesa Isabel fumando, vendendo e comprando ao lado de uma
base militar. Isso é sintomático. Muitos morrerão e não há cientificamente o
que fazer a respeito.”
O procurador ressaltou os
serviços prestados pelas igrejas aos usuários de entorpecentes, mas avaliou que
uma mudança efetiva poderá ser feita apenas com a iniciativa de autoridades
governamentais. “O que atrapalha é a falta de políticas públicas do Estado. As
igrejas têm uma atividade relevantíssima nesse cenário, é importante que isso
continue existindo, é uma força de resistência. O que compromete o panorama é
esse fluxo ininterrupto de compra, venda e consumo de crack“, disse. “Isso só
pode ser interrompido pelo administrador público. Tem que parar de tratar crack
como se fosse maconha. O que eu sugiro é o sufocamento imediato dessa
substância, isso é possível fazer.”
Magnani ainda relacionou a
cracolândia com o lixo e a sujeira nas ruas do centro de São Paulo. “Enquanto
não houver controle da epidemia de crack, você não vai ter tratamento adequado
de resíduos sólidos. Como se sustenta o viciado em crack? Basicamente revirando
o lixo para colher alumínio e vender na reciclagem para comprar pedra de crack.
Quem conhece o cotidiano dessas pessoas sabe que é exatamente assim”, afirmou.
Como solução, ele sugeriu o investimento em lixeiras subterrâneas e
invioláveis. “O lixo precisa de um local para acondicionamento até que ele
receba destinação. Muitas cidades hoje já trabalham com lixeiras subterrâneas,
elas são invioláveis. A empresa responsável pela coleta seletiva de lixo
retira. Essa é uma medida que tem que ser considerada pelo administrador
público”, concluiu.
Por Jovem Pan
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