Aplicativos, câmeras, microfones,
histórico de navegação e outros serviços podem apresentar armadilhas, colher
seus dados e fornecê-los a terceiros
Os celulares são
companheiros. Conseguimos gerenciar muito de nossas vidas usando aplicativos instalados
nesses equipamentos, mas até onde esses apps ou recursos não utilizam essas
informações para nos espionar? Como que esse aparelho, que fica tão próximo de
nós, pode ser um espião e compartilhar com terceiros nossos dados e
informações? Será que todos os aplicativos que você tem em seu celular
respeitam a sua privacidade?
Veja algumas situações em que isso pode ocorrer:
1. Usando a câmera do seu
celular
Vários softwares (programas)
maliciosos, ao serem inseridos em seu celular, podem ter acesso à sua câmera e, assim,
ligá-la para tirar fotos ou gravar vídeos. Isso foi confirmado pelo Google em 2019, após
uma falha no sistema Android. Para evitar que isso aconteça, nunca
clique em links suspeitos nem execute arquivos desconhecidos. Não permita
que seus aplicativos tenham acesso à sua câmera e tente, de alguma forma,
tampar a câmera de seu celular, por exemplo, usando um adesivo.
2. Usando o microfone do seu
celular
Depois que a plataforma Facebook passou a
oferecer anúncios de acordo com conversas de pessoas que estavam próximas do
celular, ficou claro que elas podem ser ouvidas e gravadas pelo seu celular sem
que você perceba. Para evitar que isso aconteça, bloqueie o microfone para
os aplicativos nos quais você não irá utilizar esse recurso.
3. O assistente virtual grava
tudo o que você faz
Os assistentes virtuais, como o
sistema Siri, da Apple, e Alexa,
da Amazon, podem capturar sua voz, imagem e também tudo o que você pesquisa,
montando assim um perfil que pode ser utilizado por outras empresas, para fins
de marketing e
venda de produtos. Para evitar isso, você pode desativar esses
assistentes nas opções de configuração de seu celular.
4. Através dos aplicativos
instalados em seu celular
Softwares de GPS como Waze e Google Maps rastreiam
a sua localização e compartilham esses dados. Só ative essa localização
quando necessário. Ao não utilizar mais esses aplicativos, os encerrem para
que eles não possam ter acesso à sua localização.
5. Capturando os cookies dos
nossos navegadores
Diversos sites capturam os
cookies dos navegadores. Esses cookies contêm informações de suas preferências
e são recolhidas no navegador quando você digita login, senha e outras
informações. Por isso, quando você faz um novo acesso ao site, muitas
informações, digitadas anteriormente, são preenchidas automaticamente. Também é
possível saber qual é o seu endereço IP, o que possibilita chegar até sua
localização aproximada. Para evitar que essas informações sejam
armazenadas, você pode desativar no próprio navegador (Google Crome ou
Safari) a captura desses cookies.
6. Armazenando o histórico de
navegação
O histórico do celular serve para
armazenar todas as páginas de internet que você visitou. Dessa maneira, é
possível traçar o seu perfil. Quando capturado, ele pode ser compartilhado com
empresas para marketing, venda de produtos e outros fins. O ideal é que
você limpe esse histórico ao final do uso do navegador para evitar esse
armazenamento e também liberar espaço em seu celular. Utilizar o modo
“navegação anônima” também colabora para que o seu navegador não armazene seus
dados. Mas atenção: em redes corporativas, isso não protege contra
rastreamentos. Servidores Proxies podem monitorar os sites que você acessa.
7. Traçando perfil de usuário
através de pesquisas no Google e Facebook
Quando você está autenticado no
celular, o Google ou outros navegadores proprietários podem utilizar as
pesquisas efetuadas por você para traçar seu perfil de preferências, como sites
mais acessados, vídeos assistidos ou pesquisas efetuadas e, assim, oferecer
sugestões de pesquisas e promoções, como também o Facebook. Para se proteger,
configure suas contas de login (Gmail, Apple, etc.) a fim de não
monitorarem seus acessos e compartilharem com terceiros.
8. Usando a câmera para
reconhecimento facial
Softwares espiões podem acionar a
câmera de seu celular e utilizá-la para autenticar acessos pelo reconhecimento
facial. Outra possibilidade são os softwares de “FaceApps” capturarem sua foto
e oferecerem simulações sobre “sua versão mais velha”. Feito isso, o app pode
continuar armazenando sua foto e te buscando em outros sites que armazenam a
mesma imagem. Para evitar isso, você pode tampar a câmera de seu
celular com um adesivo, além de não permitir que apps tirem sua foto.
9. Usando o teclado e outros recursos
do celular
Todo o recurso que está sendo
utilizado no celular, como uma chamada no Iphone, acende uma luz de
cor diferente. No Android, você consegue ver no canto superior direito quais
recursos estão sendo utilizados nas configurações do celular e pode
desativá-los se preferir. A velocidade com que digita ou realiza as buscas é um
fator pelo qual os algoritmos identificam se é realmente você que esta
utilizando o celular. Você pode retornar o celular para as
configurações de fábrica caso desconfie de algum acesso/uso indevido.
10. Por meio de autorizações
de acesso a recursos do celular por aplicativos
Alguns aplicativos, como o WhatsApp, necessitam de
autorização para o uso do microfone e/ou câmera para chamadas. Outros apps
solicitam esse acesso sem necessidade e não informam ao usuário o motivo para
tal. Nem sempre sabemos para que esses recursos são utilizados, portanto, esse
motivo deve constar nos Termos de Uso e Políticas de Privacidade da empresa.
Bônus! Sua operadora
também pode te espionar! Os provedores de acesso e operadoras de
telefonia, atribuem identificadores únicos sempre que o seu celular está ativo
ou você navega na internet. Desde números IPs válidos, endereços MAC, até
identificadores IMEI. Essas informações podem ser exclusivas. O provedor (que
possui o seu cadastro quando você criou seu plano de celular) relacionam essas
informações a você. Entretanto, vale salientar que, por causa da “neutralidade
da rede”, prevista no Marco Civil da
Internet, os provedores não podem verificar o conteúdo da sua
navegação. Por outro lado, identificar sua conexão é possível. Questione sempre
as políticas de privacidade da sua operadora/provedor e, caso veja algo
excessivo, contate a Anatel.
Qualquer empresa que monitore seu
celular e as atividades que você faz nele, sem a sua autorização, pode estar
espionando você e infringindo a Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD). Entre em contato com o
DPO/Encarregado de Proteção de Dados da empresa — que desde 2021 é obrigatório
ter suas informações divulgadas preferencialmente no site para contato. Você
pode verificar também quais informações os sites sabem sobre você através do
serviço gratuito webkay.robinlinus.com.
Fique sempre atento!
Dica: reveja todos os aplicativos
do seu celular que acessam sua privacidade. No iPhone, clique em CONFIGURAÇÕES
> PRIVACIDADE. Nessa lista aparecerá todos os apps que podem estar acessando
sua localização. É importante até para economia de bateria que você clique em
SERVIÇOS DE LOCALIZAÇÃO e desative item por item que você não utilize. Também
na opção de RASTREIO é possível ver quais outros aplicativos te monitoram
enquanto você os utiliza. Por fim, nessa mesa lista extensa você pode controlar
os recursos que acessam hardwares passíveis de monitoramento. Lembre-se:
você é quem deve controlar o que os outros sabem sobre você. Assuma o controle
dos seus dados.
Tem alguma dúvida ou quer sugerir
um tema? Escreva para mim no Instagram: @davisalvesphd.
Por Davis Alves
*Esse texto não reflete,
necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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