Deputada federal Flordelis (PSD), acusada de envolvimento
na morte do marido. Foto: Flickr
Segundo
delegada, Flordelis estava incomodada com o controle que o marido tentava
exercer em sua vida profissional e pessoal
Em depoimento
concedido na manhã de terça-feira (13), em reunião do Conselho de Ética e
decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, a delegada Bárbara Lomba, que
começou as investigações sobre o assassinato do pastor Anderson do Carmo,
afirmou que a eleição de Flordelis (PSD-RJ) para o cargo de deputada federal
foi o estopim para que o pastor fosse assassinado.
Segundo ela,
Anderson demonstrou sua insatisfação com o chefe de gabinete da deputada, e
Flordelis estava incomodada com o controle que o marido tentava exercer em sua
vida profissional e pessoal.
"O estopim
do assassinato do pastor Anderson foi a eleição de Flordelis como deputada. Foi
decidido de forma definitiva que a vítima tinha que morrer a partir da assunção
do mandato pela deputada. Foi comprovado que Anderson havia manifestado
descontentamento com o chefe de gabinete da deputada, que tomava decisões à
revelia dele. A deputada não estava contente com o controle absoluto de tudo
pela vítima. Havia uma insatisfação em relação ao comportamento do marido. Ela
manifestava isso em sentido de reclamação”, declarou Bárbara.
A delegada também
afirmou que Flordelis exercia influência direta sobre todos os envolvidos no
crime, que tinham um vínculo emocional muito forte com a parlamentar. Para
Bárbara, “nada aconteceria dentro daquela casa sem o aval final da
deputada".
Procurado, o
advogado de Flordelis não se pronunciou sobre o exposto pela delegada no
Conselho de Ética. Porém, em sua última defesa no Conselho, no dia 16 de março,
Flordelis afirmou, segundo a Agência Câmara de Notícias, que existe erro na
conclusão das investigações e alegou que não pode ser julgada e condenada antes
que todo o processo seja concluído. Flordelis hoje acusa uma das filhas de ter
sido a mandante do crime.
Também no
Conselho desta terça-feira, foi ouvido o médico-legista Luiz Carlos Leal
Prestes, que atuou como legista no caso, tendo identificado tentativas de
envenenamento do pastor Anderson.
Ele voltou a
falar sobre as diversas ocasiões em que Anderson precisou ser atendido, sempre
com os mesmo sintomas, como vômito, diarréia, dor abdominal e gosto metálico na
boca. O perito disse que “tudo leva a crer que tenha havido envenenamento por
arsênico”.
Outro ponto
levantado por Luiz Carlos Leal, foi que, segundo ele, há indícios de tentativas
crônicas de envenenamento, com pequenas doses de veneno sendo colocadas em
comidas e bebidas do pastor para que ele passasse mal e tivesse que buscar
atendimento. Para o perito, isso teria o objetivo de “criar uma situação de
patologia” até que fosse aplicada uma dose maior que causasse a morte do pastor
Anderson.
O processo que
apura as circunstâncias do assassinato já está em fase final. O próximo passo
agora é a definição, por parte da juíza Nearis dos Santos Arce, responsável
pelo caso, sobre se Flordelis e demais réus irão ser julgados por júri popular.
Ainda não há data para esta decisão.
A parlamentar é
apontada pelo MPRJ e pelos investigadores como a mandante da morte de Anderson
do Carmo, assassinado a tiros em sua casa, em junho de 2019.
Iuri
Corsini, da CNN, no Rio de Janeiro
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