O secretário de estado dos EUA, Mike Pompeo.
Foto: Erin Scott - 14.set.2020 / Reuters
Em nota divulgada
na noite desta terça-feira (20), o porta-voz da Embaixada da China no Brasil,
ministro-conselheiro Qu Yuhui, se pronunciou sobre comentários recentes de
autoridades de alto escalão dos Estados Unidos — o secretário de Estado
americano, Mike Pompeo, e o Conselheiro do presidente americano para Assuntos
de Segurança Nacional, Robert O'Brien — de que a parceria econômica e
comercial com a China representaria uma ameaça ao Brasil.
Yuhui afirmou
que os americanos agem com "mentalidade de guerra fria" nesses
ataques, acusou Washington de "hipocrisia" ao defender a liberdade e
equidade entre nações e afirmou que "a comunidade internacional não se
esquecerá do histórico sujo dos EUA na segurança cibernética".
O porta-voz da
embaixada apontou, ainda, uma "tentativa maléfica" do governo
americano de atrapalhar a cooperação sino-brasileira — acusando os EUA de reter
respiradores enviados do país asiático ao Brasil para o atendimento de
pacientes com Covid-19.
Nos
últimos dias, Mike Pompeo e Robert O'Brien, alegaram que o Brasil deveria
diminuir a "dependência" econômica em relação à China e não fechar
contratos de instalação da rede de 5G da companhia chinesa Huawei por
"questões de segurança".
Em
contrapartida ao afastamento comercial da China, Pompeo e O'Brien apoiaram o
fortalecimento das relações econômicas entre Brasil e EUA. Nesta semana,
Brasília e Washington assinaram importantes acordos, incluindo um memorando de
entendimento econômico no valor de US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões), que
prevê viabilizar investimento em diversas áreas, incluindo a tecnologia 5G.
'Trapacear'
como a 'glória' dos EUA
"Esses
políticos americanos, no seu número pequeno, consideram abertamente 'mentir,
trapacear, roubar' como a 'glória' dos Estados Unidos, e se tornaram em
criadores de problemas que ferem a ordem internacional e ameaçam as regras
internacionais", escreveu Qu Yuhui em reação às falas de Pompeo e O'Brien.
"Ao
ignorar os fatos básicos e produzir comentários baseados na mentalidade de
guerra fria e jogo de soma zero, eles têm como objetivo real servir a certos
interesses políticos, tirar proveito político dos ataques que difamam a China,
atrapalham a cooperação internacional e instam a confrontação. A China se opõe
fortemente a isso", acrescentou o porta-voz.
Yuhui apontou
"hipocrisia" americana em defender a liberdade e equidade entre
nações e, a exemplo do que fizeram os políticos americanos em relação às
parcerias com a China, sugeriu riscos de segurança em alianças de países com os
EUA.
"A
comunidade internacional não vai se esquecer do histórico sujo dos EUA na
segurança cibernética, que tinham conduzido operações de espionagem massiva,
organizada e indiscriminatória contra os governos, empresas e indivíduos, entre
eles os líderes dos países como o Brasil e das organizações
internacionais", afirmou.
O combate à
pandemia do novo coronavírus foi citado no pronunciamento como exemplo de
cooperação entre Brasil e China. Na nota, o representante do governo
chinês acusa os EUA de reter "materiais médicos urgentes, inclusive
respiradores, que foram enviados da China ao Brasil" para ajudar no
combate à pandemia.
"Desde o
surto da Covid-19, a China e o Brasil têm mantido cooperações no combate à
pandemia e o lado chinês tem prestado apoio ao Brasil através de doação de
materiais, compartilhamento de experiências no diagnóstico e tratamento, além
de parcerias estreitas no desenvolvimento de vacinas, etc. Enquanto isso, os
EUA vêm agindo contra o espírito humanitário básico e até retiveram materiais
médicos urgentes, inclusive respiradores, que foram enviados da China ao
Brasil, numa tentativa maléfica de atrapalhar a cooperação normal entre a China
e o Brasil", escreveu.
Ainda em seu
pronunciamento, o porta-voz afirmou ter a certeza de que as relações entre
Brasil e China "não serão desviadas do trilho de desenvolvimento saudável
e estável por qualquer interferência externa".
"Sendo
parceiros estratégicos globais e membros do G20 e do BRICS, a China e o Brasil
compartilham amplos interesses comuns nos temas internacionais e regionais. A
China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 11 anos seguidos. É a
maior fonte de superávit comercial e um dos principais investidores do Brasil.
Os fatos mostram que a cooperação China-Brasil possui alta complementaridade e
reciprocidade, e portanto, salvaguardar e desenvolver firmemente as relações
bilaterais condizem com os interesses fundamentais e de longo prazo dos dois
países e povos", salientou Yuhui.
Pompeo
diz que EUA e Brasil devem reduzir 'dependência' da China
Na última
segunda-feira (19), o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, destacou, em
evento virtual, a importância de que Brasil e Estados Unidos expandissem laços
econômicos dado o que chamou de "risco enorme" da dependência de
ambas as economias em relação à China.
"Na medida
em que pudermos encontrar maneiras de aumentar o comércio entre nossos dois
países, podemos diminuir a dependência de cada uma de nossas duas nações por
itens essenciais (vindos da China)", disse Pompeo.
“Cada um dos
nossos dois povos estará mais seguro e cada uma das nossas duas nações será
muito mais próspera, quer seja daqui a dois, cinco ou dez anos”, acrescentou.
A embaixada
chinesa rebateu, ainda, as falas do Conselheiro do presidente americano para
Assuntos de Segurança Nacional, Robert O'Brien, que, durante a sua visita ao
Brasil nesta semana, atacou a segurança de 5G da Huawei por considerá-la uma
ameaça à segurança nacional do Brasil.
Veja a íntegra do pronunciamento do porta-voz da Embaixada da China no
Brasil sobre as declarações contra a China feitas por políticos americanos:
Q: Ontem, o
Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo alegou no evento “2020 US-Brazil
Connect Summit” que a parceria econômica e comercial com a China constitui uma
ameaça ao Brasil e o país precisa reduzir a dependência de importações da China
para sua própria segurança. Além disso, o Conselheiro do presidente americano
para Assuntos de Segurança Nacional, Robert O'Brien, durante a sua visita ao
Brasil, atacou a segurança de 5G da Huawei por considerá-la uma ameaça à
segurança nacional do Brasil. Quais são os comentários da Embaixada?
R: No evento
“2020 US-Brazil Connect Summit” e durante a visita ao Brasil, o Secretário de
Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o Conselheiro do presidente americano para
Assuntos de Segurança Nacional, Robert O'Brien, espalharam com má fé mentiras
políticas contra a China, fabricaram a chamada "ameaça chinesa" e
atacaram a tecnologia de 5G da China. Esses políticos americanos, no seu número
pequeno, consideram abertamente "mentir, trapacear, roubar " como a
"glória" dos Estados Unidos., e se tornaram em criadores de problemas
que ferem a ordem internacional e ameaçam as regras internacionais. Ao ignorar
os fatos básicos e produzir comentários baseados na mentalidade de guerra fria
e jogo de soma zero, eles têm como objetivo real servir a certos interesses
políticos, tirar proveito político dos ataques que difamam a China, atrapalham
a cooperação internacional e instam a confrontação. A China se opõe fortemente
a isso.
Reiteramos
que a China busca construir um novo modelo de relações internacionais centradas
na cooperação de benefícios compartilhados e jamais interferiu nos assuntos
internos e políticas externas de outros países. A China desenvolve sempre
parcerias com os outros países, incluindo o Brasil, com base em respeito mútuo,
igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência. O objetivo dessas
parcerias é promover o progresso comum, em vez de visar ou excluir terceiros.
Desde o surto da COVID-19, a China e o Brasil têm mantido cooperações no
combate à pandemia e o lado chinês tem prestado apoio ao Brasil através de
doação de materiais, compartilhamento de experiências no diagnóstico e
tratamento, além de parcerias estreitas no desenvolvimento de vacinas, etc.
Enquanto isso, os EUA vêm agindo contra o espírito humanitário básico e até
retiveram materiais médicos urgentes, inclusive respiradores, que foram
enviados da China ao Brasil, numa tentativa maléfica de atrapalhar a cooperação
normal entre a China e o Brasil.
Recentemente,
um pequeno número de políticos americanos, desprezando os fatos e forjando uma
série de mentiras, vem lançando ataques difamatórios contra o 5G da Huawei. Tem
utilizado o poder de estado para impedir as operações legítimas das empresas
chinesas de alta tecnologia, abusando no pretexto de segurança nacional. Além
disso, tem obrigado os outros países a adotar políticas discriminatórias e
excludentes que miram empresas chinesas como a Huawei. É uma prática hegemônica
flagrante que revela a sua hipocrisia em defender a chamada equidade e
liberdade, e é um típico padrão duplo que viola tanto os princípios de economia
de mercado quanto as regras de abertura, transparência e não discriminação que
regem a OMC. A comunidade internacional não vai se esquecer do histórico sujo
dos EUA na segurança cibernética, que tinham conduzido operações de espionagem
massiva, organizada e indiscriminatória contra os governos, empresas e
indivíduos, entre eles os líderes dos países como o Brasil e das organizações
internacionais. Tais ações dos EUA, que prejudicam a privacidade e segurança de
outrem, são as verdadeiras ameaças à segurança cibernética do mundo. A
comunidade internacional deve ficar alerta com a malevolência dos EUA de
sacrificar o desenvolvimento dos outros países para buscar a superioridade dos
seus próprios interesses, conter o crescimento dos países de mercados
emergentes como a China e provocar intencionalmente fissuras entre a China e
seus amigos.
Sendo
parceiros estratégicos globais e membros do G20 e do BRICS, a China e o Brasil
compartilham amplos interesses comuns nos temas internacionais e regionais. A
China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 11 anos seguidos. É a
maior fonte de superávit comercial e um dos principais investidores do Brasil.
Os fatos mostram que a cooperação China-Brasil possui alta complementaridade e
reciprocidade, e portanto, salvaguardar e desenvolver firmemente as relações
bilaterais condizem com os interesses fundamentais e de longo prazo dos dois
países e povos. Temos a certeza de que as nossas relações não serão desviadas
do trilho de desenvolvimento saudável e estável por qualquer interferência externa.
O lado chinês está disposto a trabalhar junto com os diversos setores do Brasil
para aumentar a confiança mútua, superar as diversas ingerências, expandir a
nossa parceria tanto nas áreas tradicionais como nas emergentes, incluindo o
5G, além de continuar promovendo o desenvolvimento contínuo e aprofundado das
relações sino-brasileiras, beneficiando ainda mais os nossos povos.
Diego
Freire, da CNN, em São Paulo
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