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Durante um
discurso político em Ancara na quinta-feira (1), o ditador turco Recep Tayyip
Erdoğan reivindicou Jerusalém declarando que a cidade “pertence” à Turquia,
remontando ao domínio do Império Otomano sobre a cidade por centenas de anos
até que as forças britânicas tomaram o controle, em 1917.
Segundo o Times of Israel, Erdoğan fez sua reivindicação pública ao
se dirigir aos parlamentares turcos durante um discurso político em Ancara.
“Nesta cidade
que partimos aos prantos durante a Primeira Guerra Mundial, ainda é possível
encontrar vestígios da resistência otomana. Jerusalém é nossa cidade, uma
cidade nossa. Nossa primeira qibla [direção para onde devem ser
dirigidas as orações no Islã], a Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha em
Jerusalém são as mesquitas simbólicas de nossa fé. Além disso, esta cidade é o
lar dos lugares sagrados do Cristianismo e do Judaísmo”, disse Erdoğan.
O Império
Otomano governou Jerusalém de 1516 a 1917. A Turquia moderna, seu Estado
sucessor, há muito reivindica uma conexão com a cidade sagrada, regularmente
condenando Israel por supostas tentativas de “judaizá-la” e o governo dos EUA
por ter reconhecido a cidade como capital oficial de Israel em dezembro de
2017.
No entanto, Jerusalém é a capital de Israel desde
a fundação do país, e o povo judeu tem milhares de anos de história na cidade,
apoiada por extensos achados arqueológicos.
A reivindicação
de propriedade da Turquia na cidade desafia milhares de anos de sabedoria
aceita que confirma que alguns dos locais mais sagrados do Judaísmo estão
localizados na Cisjordânia e em Jerusalém oriental. Isso inclui o Monte do
Templo e o Muro das Lamentações em Jerusalém; a Tumba dos Patriarcas e
Matriarcas em Hebrom; e a tumba de José em Nablus (a Siquém bíblica).
Isso não
impediu Erdoğan de lamentar o
destino de Jerusalém e dos palestinos durante seu longo discurso na abertura da nova
sessão legislativa do parlamento turco. Ele também reafirmou seu
apoio ao Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza e é considerado um
grupo terrorista por Israel, União Europeia e os EUA.
“Consideramos uma honra, em nome de nosso país e
nação, expressar os direitos do povo palestino oprimido em todas as
plataformas, com quem convivemos há séculos”, escreveu o líder
turco no Twitter em 1 de outubro.
“Outra crise
que nosso país e nossa nação seguem cuidadosamente é a opressão de Israel
contra os palestinos e as práticas indiferentes que desprezam a privacidade de
Jerusalém”, disse ele no final de seu discurso.
“A questão de
Jerusalém não é um problema geopolítico comum para nós. Em primeiro lugar, a
aparência física atual da Cidade Velha, que é o coração de Jerusalém, foi
construída por Solimão, o Magnífico [Califa do Islã e Sultão do Império Otomano
de 1520 até sua morte], com suas paredes, bazares e muitos edifícios. Nossos
ancestrais mostraram seu respeito por séculos, mantendo esta cidade em alta
estima”, disse Erdoğan.
O líder turco
ainda alegou que o povo palestino vive na cidade sagrada “há milhares de anos”,
mas eles foram ocupados e tiveram seus direitos violados, conforme noticiou
o Times of Israel.
President @RTErdogan: “We consider it an honour on behalf of our country and nation to express the rights of the oppressed Palestinian people on every platform, with whom we have lived for centuries.” pic.twitter.com/yCcfrrc5RY
— Turkish Presidency (@trpresidency) October 1, 2020
Os apelos da
Turquia para intervenção em Israel não são novos. Em junho, o principal oficial religioso da Turquia prometeu
continuar a luta global do Islã pelo domínio “até que Jerusalém esteja
completamente livre” e convocou o mundo islâmico a se unir contra Israel.
“Nunca é
possível para os muçulmanos desistirem da cidade abençoada”, disse o presidente
de Assuntos Religiosos, Ali Erbas, em comentários em Turco veiculados pela
mídia T24 e traduzidos pelo Jerusalem Post.
De acordo com
Erbas, Israel e sua capital compartilham “valor universal” para o mundo
islâmico.
At @OIC_OCI Executive Committee Meeting held upon our initiative, emphasized Turkey’s full support to our Palestinian brothers&sisters against Israel’s blatant annexation plans.
— Mevlüt Çavuşoğlu (@MevlutCavusoglu) June 10, 2020
Ummah will never give up on a sovereign Palestinian state with al-Quds al-Sharif as its capital! pic.twitter.com/G9fAGzZJ7P
Suas opiniões
ecoam as do ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, que disse recentemente: “A ummah [comunidade islâmica] nunca
desistirá de um Estado palestino soberano com Quds al-Sharif [Nobre Santuário
em Jerusalém] como capital.”
Por Thaís Garcia
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