António Guterres, Secretário Geral da ONU e ex-primeiro ministro de Portugal em entrevista para a CNN (10.set.2020). Foto: CNN Brasil |
Em sua primeira
entrevista a uma emissora de televisão brasileira, o secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU) e ex-primeiro-ministro de Portugal, António
Guterres, ressaltou a importância do multilateralismo para o mundo,
especialmente em momentos de emergência global, como a pandemia do novo
coronavírus.
“A Covid-19
deixou o mundo de joelhos. Nessa situação de fragilidade é preciso entender que
se cada país tentar resolver seu problema, não vamos a lugar nenhum”, disse
Guterres à editora de internacional da CNN Adriana Mabília.
“Entendo que é
preciso respeitar a soberania dos países, porém ela não impede a cooperação.
Precisamos de um multilateralismo mais forte. Desafios globais precisam de
resposta global.”
O
secretário-geral também abordou a questão da Amazônia, mas ampliando a
discussão sobre o desmatamento, dizendo que existe um “fenômeno
global” de queimadas.
“Se fala muito
de incêndios na Amazônia, mas tivemos incêndios devastadores em todo o planeta
no último ano. Vivemos um fenômeno mundial em que é preciso esforço coletivo
para evitar perdas e reflorestar.”
Guterres
classificou a luta pela preservação do meio ambiente como uma “guerra” em que a
reação da natureza poderá ser brutal para a humanidade.
“O homem tem
estado em guerra contra a natureza. É um conflito suicida, porque a natureza
responde com agressividade. Temos que parar essa guerra, conter as emissões,
atingir a neutralidade de carbono até 2050. Se não fizermos isso, as
consequências, que já são devastadoras, ficarão caóticas.”
Conselho de
segurança da ONU
Outro assunto
abordado na entrevista foi o Conselho
de Segurança da ONU, composto por 15 países, sendo 10 rotativos e 5
permanentes, com poder de veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e a
China.
A reforma do
conselho é um assunto há muito discutido na diplomacia, mas que esbarra na
resistência dos países-membros. Guterres defende as mudanças e diz que a
composição atual do conselho não reflete o mundo atual.
“O Conselho de
Segurança que temos não corresponde ao mundo atual. Tenho encorajado os estados
membros a um diálogo sério sobre isso. Quero seguir com este diálogo na
Assembleia Geral da ONU, porém os membros permanentes não concordam.”
Da CNN, em
São Paulo
(Edição do
texto: Paulo Toledo Piza).
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