Danos causados por explosão na área portuária de Beirute, no Líbano. Foto: Mohamed Azakir 05.ago.2020 / Reuters |
Equipes de resgate do Líbano seguem, nesta quarta-feira (5), vasculhando os escombros em busca de sobreviventes da grande explosão que destruiu ontem parte da capital Beirute. Ao menos 135 pessoas morreram, mais de 5 mil ficaram feridas, centenas estão desaparecidas e cerca de 300 mil estão desabrigadas, segundo o Ministério da Saúde do país.
Nesta tarde, as
autoridades locais decretaram estado de emergência em Beirute por duas semanas,
anunciou o ministro da Informação, Manal Abdel Samad Najd, destacando que o
período pode ser ampliado.
Bombeiros retiram homem ferido do local da explosão em Beirute. Foto: Mohamed Azakir 04.ago.2020 / Reuters |
"A mais
alta autoridade militar é imediatamente responsável por manter a
segurança", disse Najd. "O governo pediu ao Ministério do Trabalho e
Transportes que tome as medidas necessárias para garantir as operações de
importação e exportação, principalmente nos portos de Trípoli e Sídon."
A ministra de
Pessoas Deslocadas, Ghada Shreim, afirmou que o gabinete libanês ordenou que os
funcionários públicos envolvidos na explosão sejam colocados em prisão
domiciliar "nos próximos dias".
"Há
funcionários que ficarão em suas casas nos próximos dias, até a conclusão da
investigação e divulgação das conclusões. A prisão domiciliar incluirá aqueles
que tiveram participação no armazenamento, proteção e investigação do hangar 12
de 2014 até hoje", explicou Shreim.
Dia seguinte à
tragédia
Líderes
mundiais e organizações internacionais se unem para oferecer ajuda, e
autoridades locais deram início a uma investigação sobre o caso. Nesta manhã,
equipes focaram em tratar os feridos, buscar sobreviventes e mensurar a
extensão dos danos.
O número de
vítimas ainda deve aumentar ao longo do dia, disse o ministro da Saúde do país,
Hamad Hassan, em entrevista a uma emissora local.
“Há muitos
desaparecidos. As pessoas estão perguntando no departamento de emergências
sobre seus parentes, e é difícil realizar as buscas durante a noite porque não
há eletricidade. Estamos enfrentando uma catástrofe real e precisamos de tempo
para calcular a extensão dos danos”, afirmou ele.
Segundo o
presidente Michel Aoun, 2.750 toneladas de nitrato
de amônio — substância usada em fertilizantes —, estavam armazenadas
há seis anos no porto, sem medidas de segurança, o que pode ter causado o
acidente. Ainda assim, até o momento, as autoridades não confirmaram
oficialmente o que desencadeou a explosão.
Equipes de resgate libanesas vasculham escombros em busca de sobreviventes. Foto: Reprodução 05.ago.2020 / Reuters |
"É como
uma zona de guerra. Estou sem palavras", disse o prefeito de Beirute,
Jamal Itani, ao inspecionar os danos. "É uma catástrofe para Beirute e o
Líbano."
O ministro
Hassan ressaltou que o país vive agora duas grandes crises: os estragos
causados pela explosão e a pandemia do novo coronavírus. "É preciso que
todos se engajem positivamente, de políticos, partidos políticos, autoridades a
nações amigas e parceiras, porque sofremos com a falta de leitos e de
equipamentos para ajudar os feridos e aqueles em condições críticas."
Estragos de
bilhões de dólares
A explosão foi
registrada às 18h07 (12h07 em Brasília) perto do porto de Beirute e do centro
da cidade, próximo a muitas áreas populosas e turísticas, e causou estragos em
toda a região, virando carros, quebrando vidros e destruindo casas.
Os danos
chegaram a até 10 km do epicentro, segundo testemunhas. A explosão foi sentida
até no Chipre, país localizado a 240 km de Beirute, e registrada como um
terremoto de 3,3 graus de magnitude.
Segundo o
governador de Beirute, Marwan Abboud, estima-se que os prejuízos
causados pela explosão estejam entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões. "Quase
metade de Beirute está destruída ou danificada", afirmou ele.
Além disso,
cerca de 90%
dos hotéis da capital libanesa sofreram danos, informou a agência de
notícias estatal NNA.
Moradores
descrevem a cidade hoje como semelhante
a uma zona de guerra, e tentam superar as cenas vistas no dia
anterior.
"Havia
muitos mortos na rua, sirenes das ambulâncias, feridos desorientados, casas e
prédios destruídos. Vi
cadáveres na rua e tinha que esconder o rosto para não chorar, mas
chorei por todo o caminho até em casa", disse a guia turística Nada
Nammour.
"Estávamos
em casa, não tínhamos saído ainda, estávamos em pé e a terra tremeu. Achamos
que era um terremoto", contou Mohammed Al-Hassan, que mora no distrito
de Dora.
Da CNN
(Com
Reuters)
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