Corpo de Raymundo foi encontrado em cova que seria destinada a mulher, que também morreu no pronto-socorro de Rio das Ostras — Foto: 128ª DP |
Nora de
Raymundo Batista de Oliveira, de 85 anos, se surpreendeu ao ver corpo de mulher
no necrotério. Sem saber, neto de Lúcia, a outra vítima, veio de Portugal para
liberar o corpo mas acabou enterrando Raymundo.
O corpo de
Raymundo Batista de Oliveira, que
havia sumido do pronto-socorro de Rio das Ostras nesta quarta-feira (20),
foi encontrado pela Polícia Civil numa ação de exumação no cemitério da cidade.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Raymundo foi enterrado no lugar
do corpo de Lúcia, mulher que estava no necrotério no momento em que a família
foi reconhecer o corpo do idoso.
"Concluímos
que, o corpo sepultado como se fosse o da senhora Lúcia era na realidade do
senhor Raymundo. No saco plástico que encobria o cadáver estava a identificação
do Senhor Raimundo e após aberto, com toda a segurança possível, a família pode
identificá-lo", contou o delegado plantonista da 128ª DP, Jorge Maranhão.
De acordo com
Jorge Maranhão, o caso continuará sendo investigado para que os responsáveis
sejam identificados.
"A
investigação irá continuar para apurar a responsabilidade de todas as pessoas
envolvidas nesse fato, assim como apurar a subtração dos bens do
falecido".
Os objetos
pessoais de Raymundo, como documentos e celular, também sumiram.
Exumação para descobrir o paradeiro do corpo de idoso morto com suspeita da Covid-19 aconteceu na tarde desta quinta-feira (21). — Foto: 128ª DP |
"Acredito
que temos que seguir todas as orientações do Ministério da Saúde e tomarmos os
cuidados necessários, essa doença é perigosa, mas aconselho que antes de
qualquer procedimento de sepultamento devemos tomar os cuidados com a
identificação do falecido. Estamos apurando, a princípio, a negligência do
hospital e da funerária, mas os familiares também devem tomar esses
cuidados", afirmou Jorge Maranhão.
Se a família
do Sr. Raymundo não percebesse a troca, teriam ocorrido os sepultamentos e
nunca iríamos saber desse erro", ressaltou o delegado.
Em nota enviada
à produção da Inter TV na quarta, a Prefeitura de Rio das Ostras chegou a
afirmar que a funerária contratada pela família errou o corpo e que a própria
empresa já havia assumido o erro.
As duas
funerárias envolvidas no caso, tanto a contratada para o transporte do corpo de
Raymundo, quanto a contratada para o transporte do corpo de Lúcia, negam que
tenham cometido erro.
A Funerária
Lagos, responsável pelo enterro de Lúcia, afirmou, inclusive, que o caixão onde
estaria o corpo de Lúcia já estava lacrado no momento da retirada e que a
identificação colocada no caixão tinha o nome dela.
"A
afirmação do Município que a funerária trocou os corpos é falsa, pois o agente
funerário não escolhe o corpo que retira, na verdade, eles são entregues ao
agente funerário já acondicionados em sacos pretos lacrados pelo pronto-socorro",
afirmou a empresa através de nota.
O corpo de Raymundo Batista de Oliveira, de 85 anos, foi enterrado no lugar de corpo de mulher que também teria morrido com suspeita da Covid-19. Foto: Arquivo pessoal |
O procedimento
de acondicionar corpos em sacos lacrados é realizado em casos suspeitos de
Covid-19, por medidas de segurança.
Na noite de
quarta, em publicação no Facebook, a Prefeitura de Rio das Ostras chegou a
falar em troca de corpos. O governo municipal também anunciou o afastamento da
direção e a coordenação do Pronto-Socorro e a abertura de um inquérito
administrativo para apurar os fatos.
Entenda o
caso
O corpo de
Raymundo Batista de Oliveira, de 85 anos, desapareceu
do pronto-socorro municipal de Rio das Ostras, na última quarta-feira (20).
A denúncia do desaparecimento foi feita pela família de Raymundo, através de um
vídeo divulgado no Facebook ainda na quarta.
O idoso, que
apresentava sintomas da Covid-19, estava internado há uma semana na unidade e
morreu na terça-feira (19). Segundo a família, Raymundo seria enterrado na
quarta, em um cemitério de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e a
constatação de que ele havia sumido veio no momento do reconhecimento do corpo.
Em depoimento à
polícia, Denise Machado de Oliveira, nora da vítima, contou que ao chegar no
necrotério havia um corpo de uma mulher, identificada como Lúcia, e não o corpo
de Raymundo. Denise afirmou ainda que, ao questionar os funcionários da
unidade, uma funcionária do pronto-socorro chegou a dizer que o corpo de
Raymundo poderia ter sido levado por engano, por outra funerária.
Raimundo era
torneiro mecânico aposentado e deixou três filhos e dois netos.
Por Felipe
Basilio e Karine Knust, G1 — Região dos Lagos
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