Homem caminha pelas ruas de Istambul, cidade que ficará fechada por 4 dias. Sedat Suna / EFE - EPA - 22.4.2020 |
Aposta no
isolamento vertical e atraso em outras medidas levou a Turquia a ultrapassar
China e Irã e se tornar o sétimo país do mundo a passar da marca
Nos últimos 15
dias, os casos de covid-19 vêm aumentando em proporções assustadoras na
Turquia, variando de 3,7 mil até um pico de mais de 5 mil infectados pelo novo
coronavírus diariamente. Com isso, o país deve superar a marca de
100 mil casos ainda nesta quinta-feira (22) e será o sétimo no mundo a atingir
a marca.
Só não é
possível afirmar que a Turquia é o país asiático mais afetado pela doença
porque 12 milhões dos 82 milhões de turcos vivem na província da Trácia, que
fica na Europa. No último sábado, o país ultrapassou o Irã e tem o maior número de casos em
todo o Oriente Médio.
O número de
mortes ainda está relativamente baixo para a quantidade de infectados: 2.376
óbitos desde que o primeiro caso foi detectado, em 10 de março. Essa propagação
tão forte tem a principal explicação nas políticas adotadas pelo governo quando
a pandemia estava no início.
Erro de
cálculo
Logo de início,
o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan fechou escolas e universidades e
orientou que idosos, crianças e jovens ficassem em casa, no chamado
"isolamento vertical". A maior parte da população economicamente
ativa permaneceu trabalhando normalmente.
Com uma parcela
muito pequena da população sendo testada para o coronavírus, a doença se
espalhou e atingiu números cada verz maiores. Profissionais de saúde,
jornalistas e a oposição turca estimam que as cifras divulgadas pelo governo
sejam bem menores do que a realidade.
Um levantamento
feito pelo New York Times indicou que, de 9 de março até 12 de abril, Istambul,
a maior cidade do país, teve 2 mil mortes a mais do que sua média histórica.
Não significa que todos esses óbitos estejam ligados à pandemia, mas mostra a
subnotificaço que deixa casos fora das estatísticas do governo.
O diretor da
Associação Médica da Turquia, Sinan Adiyaman, criticou o que ele chamou de
lentidão da administração para tomar medidas efetivas. "Em fevereiro, eles
não fizeram nada, mesmo sabendo sobre a doença.
Apenas em
abril, com o número de casos crescendo a cada dia, o governo de Erdogan decidiu
fechar fronteiras e cancelar voos internacionais. Neste mês, foram decretadas
quarentenas totais nos finais de semana, medida que foi ampliada nesta
quarta-feira (22) para quatro dias na semana.
Istambul e as
outras 30 maiores cidades da Turquia ficarão fechadas em confinamento total de
quinta até domingo, em uma tentativa de frear o contágio nos principais centros
urbanos do país.
Perseguições
na pandemia
Ao mesmo tempo,
o governo tem promovido uma perseguição contra opositores e jornalistas que
levam os problemas ao público. Dezenas de membros da imprensa foram presos e
permanecem na cadeia, enquanto milhares de condenados por crimes comuns foram
libertados para conter a propagação do coronavírus no sistema carcerário.
Enquanto isso,
Erdogan faz o mesmo que muitos líderes mundiais que demoraram a tomar medidas
em seus países, mesmo com sinais de alerta dados desde o início do ano: culpa a
mídia, opositores e estrangeiros por milhares de casos e mortes que poderiam
ter sido evitados.
Fábio
Fleury, do R7
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!