Simone e Eduardo estão aflitos por não saber quando voltarão ao Brasil. Arquivo Pessoal |
Únicos
brasileiros "ilhados" na Namíbia, país africano que impôs medidas
emergenciais bastante rígidas para conter o avanço da pandemia
do novo coronavírus, o casal Simone Faleiros de Melo e Eduardo Pereira
de Almeida - que faz parte do grupo de risco da covid-19 - pede socorro às
autoridades diplomáticas para retornar.
A advogada e o
egenheiro, residentes em São Paulo, contam que partiram em uma viagem de férias
com o desejo de trazer na bagagem boas lembranças. No entanto, o passeio se
tornou um verdadeiro pesadelo. Hoje, eles temem as consequências do atraso
na volta para casa - que tem acarretado problemas de ordem econômica e
emocional.
"Sou
hipertenso e asmático. Se pegar algum vírus aqui, não sei como iríamos lidar.
Desconhecemos a estutura de clínicas e hospitais, a questao de saúde no país.
Temos diversos custos que não estavam nos nossos planos. Fora a interrupção de
uma viagem de lazer", lamentou Eduardo.
Instalados em
Windhoek, capital namibiana, eles agora seguem o regime de quarentena imposto
pelo governo local, que lacrou as fronteiras terrestres e aéreas. Como
extrapolou os contratos de hospedagem e do seguro saúde devido ao atraso no
retorno, o casal teve que negociar novos prazos.
Abandono
Simone e
Eduardo criticaram bastante o atendimento disponibilizado pela Embaixada do
Brasil na Namíbia. O casal afirmou que tem enfrentado muitas dificuldades para
obter auxílio da representação diplomática. "Está havendo bastante
descaso. Somos somente dois brasileiros e eles não estão sabendo lidar com a
nossa situação", acrescentou o engenheiro.
Ambos alegam
que os funcionários do governo brasileiro em Windhoek se recusaram a recebê-los
porque deveriam "cumprir as regras da quarentena". Assim, o casal foi
atendido apenas por ligações via aplicativo de celular, mesmo tendo se
deslocado até a entrada da representação diplomática.
"O que a
gente tem visto mundo afora é que as quarentenas têm se ampliado. Até quando os
meus remédios vão aguentar? Até quando teremos dinheiro? Na embaixada,
desprezaram a nossa presença no portão. Ligaram de dentro [do prédio] por
Whatsapp. Um descaso completo", frisou Eduardo. "Não nos deixem
para trás", complementou Simone, em tom de apelo.
Viagem de lazer virou pesadelo para casal.Arquivo Pessoal |
Os brasileiros
dizem que foram informados da existência de vários voos para a repatriação de
alemães na Namíbia e que sugeriram aos funcionários da embaixada que os
colocassem nessas aeronaves. Outra alternativa seria deixar o país por terra e
seguir até Cape Town, na África do Sul. Porém, nada disso foi viabilizado.
"Não foi
para frente. A chance era autorizar a travessia da fronteira para nos juntarmos
a esse pessoal [na África do Sul]. Mas eles [dizem que] não podem ter
ingerência de leis de outros países. Não teriam como mudar isso", disse o
engenheiro Eduardo Pereira de Almeida. "Está faltando habilidade
diplomática. Falta tato político", avaliou o brasileiro.
"Depois de
dez dias confinados, tentamos de todas as formas fazer com que o Consulado nos
ajudasse a embarcar com os brasileiros que estavam na África do Sul e que
voltaram para casa hoje [segunda-feira, 6]. Estamos muito chateados de não
termos voltado e apreensivos, pois, não sabemos o que o futuro nos
reserva", finalizou Simone.
Itamaraty
responde
Em nota enviada
ao R7, o Itamaraty afirma que está buscando soluções para o caso dos brasileiros
retidos na Namíbia, da mesma forma que tem feito com os milhares de outros
retidos ao redor do mundo.
Como podem
imaginar, as severas restrições de movimentação e o fechamento de todas as
fronteiras namibianas - terrestres, marítimas e aéreas - limitam severamente a
gama de opções disponíveis para a repatriação.
Adicionalmente,
o país fronteiriço que conta com mais capacidade de voos, a África do Sul,
também implementou medidas igualmente estritas de restrição ao trânsito
terrestre interestadual, dificultando qualquer tentativa de transpor a
distância de aproximadamente 1.6 mil quilômetros até Johannesburgo.
Além das
restrições de movimentação, toda pessoa, inclusive nacionais sul-africanos, é
obrigada a permanecer em quarentena na região de fronteira, quando de seu
ingresso no país por terra.
Trata-se de
situação extrema e excepcional sobre a qual a Embaixada e o Itamaraty não têm
poder decisório. Continuaremos buscando forma de solucionar o problema dos
brasileiros e a prestar o apoio necessário, mas não temos ingerência sobre as
regras impostas pelo governo namibiano e somos constrangidos por convenções
internacionais a obedecer a seus ditames.
Não podemos
desobedecer as leis locais e somos obrigados a alertar os brasileiros sobre
potenciais riscos de ações que podem originar problemas maiores, como o
transporte por via terrestre, em território pouco povoado, sob estrito controle
migratório e de tráfego.
Cesar
Sacheto, do R7
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