Angel Morote lembra com alegria do momento em que se reencontrou com o esporte. Fotos Arquifo FARO |
A
trajetória de Angel Morote é a prova de que o esporte pode ser a alavanca
necessária para levantar a autoestima de quem por uma característica
de nascença ou fatalidade precisa encontrar forças, se reerguer e retomar o
sentido da vida. Fundador da FARO - Futebol de Amputados de Rio das Ostras, uma
instituição voltada para o esporte e inclusão social de PCDs – Pessoas com
Deficiência, Morote é o exemplo típico de auto superação e estima elevada. Um
apaixonado pelo que faz.
Angel Morote, com o troféu conquistado na Taca Verão de Futebol de Amputados de Rio das Ostras 2019 |
A história dele
com o futebol começou bem cedo. Aos 12 anos de idade, quando morava em Lima,
Capital do Peru, país de onde é natural, chegou a jogar nas divisões de base do
Aliança Lima. Há mais de 30 anos morando no Brasil, desde que chegou para
trabalhar na área marítima, Morote destaca o seu amor pelo país e pela cidade
que o acolheu, Rio das Ostras. “Nós representamos o Município por onde
passamos, mesmo em meio às dificuldades de patrocínio estamos na série A
nacional.
Com apenas dois
anos de formação, a FARO, filiada a Associação Brasileira de Desportos
para Deficientes Físicos (ABDDF), já tem participações com destaque como
na Copa do Brasil, em 2017 e mantém a preparação constante para continuar
figurando entre os melhores times na modalidade.
Quando criança,
Morote sofreu um acidente e quebrou a perna direita. Acabou contraindo uma
infecção óssea na perna quebrada e após mais de 20 anos, a infecção que ficou
“adormecida” voltou a incomodá-lo. Após muitos anos de luta para salvar a
perna, juntamente com a equipe médica que cuidava dele, decidiram pela amputação.
Hoje ele vê essa situação com o bom humor e por um lado positivo.
“Minha perna já não estava sendo utilizada, não tinha firmeza e massa muscular.
Para ter e não usar era melhor retirar e ter mais qualidade de vida.
Isso para mim foi uma evolução. Consegui mais mobilidade e qualidade
de vida, sem dor que é fundamental”, diz Morote.
Morote incentivando a Inclusão, Cidadania, Motivação e Superação, para alunos de escolas do Município Foto Arquivo FARO |
FUTEBOL DE
AMPUTADOS – Angel Morote lembra com alegria do momento em que se
reencontrou com o esporte. “Um amigo me chamou para conhecer o futebol de
amputados durante uma apresentação em Rio das Ostras. Fiquei empolgado e logo
quis participar e ajudar na divulgação”, conta ele, enfatizando que até então
não tinha uma noção da existência dessa modalidade. “Eu perdi a perna destra,
mas sempre joguei com as duas porque era centroavante. Daí, a adaptação foi
tranquila porque a memória do corpo em ralação ao esporte era forte. Agora, a
perna esquerda é o membro principal”, brinca ele.
“Às
vezes nos chegam companheiros que foram mutilados tragicamente e
precisam resgatar a autoestima. Uma tragédia pessoal e familiar que
precisa ser superada. Assim eles ganham vida. Não estamos falando apenas de uma
prática esportiva, mas sim de resgatar valores pessoais importantes para seguir
vivendo” – Angel Morote.
Por André Areas
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