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| © Foto: AP Gilmar Mendes |
São Paulo – O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o convidado do programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (07).
Veja alguns dos
principais temas tratados:
A primeira
pergunta, feita pela apresentadora Daniela Lima, foi sobre a revelação do
ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, de que teria chegado a ir
armado ao STF para assassinar o ministro.
“Senti pena
enorme das instituições brasileiras”, disse Gilmar sobre o caso. “Em relação à
pessoa só posso recomendar, como falei na nota [à imprensa] um tratamento
psiquiátrico”, completou.
Lava Jato
A Operação Lava
Jato foi alvo de críticas duras do ministro. Ele disse sobre as ilegalidades
reveladas pela Vaza Jato que “não se combate o crime cometendo crime”,
repetindo uma frase já citada em outra entrevista.
O ministro
disse que “a Lava Jato tem melhores publicitários do que juristas” e também
afirmou que o “lavajatismo militante” da mídia criou “falsos heróis”, com o
cuidado de destacar que é defensor da liberdade da imprensa.
Sua
recomendação para os jornalistas é que “quando a Lava Jato acerta tem que se
dizer que ela acerta, quando ela erra tem que se dizer que ela erra”.
Sobre possíveis
controles do tribunal sobre práticas da operação, ele citou a possibilidade de
rever a aplicação de prisões temporárias, colocando por exemplo limite de tempo
como fazem alguns países, e também revendo as regras sobre como são feitas
delações.
“Essa mistura
entre juiz e promotor que foi revelada não tem nada a ver com o nosso sistema”,
disse o ministro, evocando uma ideia, discutida em Brasília, de criar a figura
do juiz de instrução.
Este juiz
atuaria nos estágios do processo mas não julgaria no final, o que é reservado
para outro juiz. É assim na Itália, onde ocorreu a Operação Mãos Limpas que
serviu de inspiração para a Lava Jato.
Gilmar também
criticou a atuação do Ministério Público e a falta de controle sobre sua
atuação: “Você já ouviu algum resultado de alguma investigação em relação aos
membros do MP?”, questionou.
“O CNMP até
esses dias não fazia nada com os membros do MP, tanto que [Deltan] Dellagnol
faz o que faz”, disse em referência ao promotor.
Gilmar se disse
alvo de uma “pistolagem institucional” no caso, revelado pelas mensagens vazadas,
em que membros da Lava Jato pediram para que a Receita Federal levantasse
informações sobre seu nome e da sua esposa, Guiomar Mendes, sem deixar rastros.
Lula
Gilmar evitou
responder se repetiria a suspensão da nomeação de Lula como ministro da Casa Civil,
feita com base em “desvio de finalidade” no auge da tensão pré-impeachment,
diante da revelação de que havia outros diálogos gravados e não revelados na
época.
“Lamento muito
esse tipo de manipulação do tipo eu vazo isso e depois não vazo aqui”, disse
Gilmar. “A república dos vazamentos tem que se encerrar”, completou.
Ele afirmou que
Lula não tem o direito de negar a progressão de regime para o semiaberto, mas
que também estranha a atitude dos procuradores de fazer esse pedido pois “nunca
foram legalistas”.
Inquérito das
fake news
O ministro
defendeu o inquérito, instalado no STF, que já levou à censura de uma revista,
entre outras atitudes amplamente criticadas em todo o espectro político. Ele
disse que a corte foi “desafiada, atacada, com mensagens terroristas”, o que
justificaria a reação.
“Não sei porque
estão tão incomodados com esse inquérito”, disse o ministro, que foi
questionado pors jornalistas pelo fato do inquérito ser sigiloso, sem data para
acabar e sem sorteio do relator, como determina a lei.
Defesa do STF
O ministro
defendeu a atuação da corte, justificando a falta de decisões em algumas
questões pelo excesso de processos e negando qualquer corporativismo.
No entanto,
reconheceu que o episódio quando o ministro Luis Fux ampliou as prerrogativas
de auxílio moradia no Judiciário por meio de liminar foi “constrangedor” e um
“caso clássico de erro”.
Gilmar
considera que o pedido de impeachment de ministros “virou uma indústria e isso
não é bom para o sistema” e negou algum mecanismo de fiscalização: “Quem é que
fiscaliza a corte constitucional alemã, americana?”, perguntou.
Mendes também
defendeu os pedidos de vista, que podem ser pedidos individualmente pelos
ministros interrompendo o andamento de um processo, como uma oportunidade de
meditar sobre temas.
Ele citou o
caso da proibição de financiamento privado de campanha, notando que escreveu na
época: “Vamos ter uma fábrica de laranjas”. Segundo ele, o resultado foi que
“se fabricaram laranjas”.
O ministro do
Turismo do governo Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antonio, foi indiciado pela
Polícia Federal na última sexta-feira (05) sob acusação de ter usado candidatas
femininas no PSL de Minas Gerais como laranjas, direcionando recursos do fundo
eleitoral para empresas vinculadas a ele.
Flávio
Bolsonaro
Gilmar Mendes
também defendeu a sua decisão recente de suspender as investigações do caso do
senador e filho do presidente no caso Queiroz, baseadas em informações
detalhadas de relatórios do Coaf, cujo compartilhamento sem autorização foi
suspenso por liminar do ministro Dias Toffoli.
“O que eu
disse: até que haja decisão [colegiada], o que deve ocorrer em novembro,
devemos suspender esse processo”, disse Gilmar.
O ministro
notou que esteve com Flávio apenas uma vez, em fevereiro, e que eles não
abordaram o caso: “Foi uma conversa de informações como fazemos com tantas
pessoas”.
João
Pedro Caleiro

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