O Programa Vigia do Ministério da Justiça e Segurança Pública já
provocou um rombo de R$ 4,5 bilhões ao crime organizado. Em seis meses de
operação, as ações integradas da Polícia Federal, Batalhão de Fronteira da
Polícia Militar, Exército, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de
Segurança Pública e Receita Federal impediu que o contrabando lucrasse. Também
evitou que o país perdesse aproximadamente R$ 100 milhões em tributos e multas.
Com equipes menores, mais especializadas e sem sobreposição de trabalho, o
programa, comandado pelo agente de polícia federal Eduardo Bettini, que atua
como coordenador-geral de fronteiras da Secretaria de Operações Integradas do
Ministério da Justiça e Segurança Pública, colhe excelentes resultados.
“Mudamos o conceito das operações de fronteiras. Antes, elas eram
episódicas, com grande número de pessoal e volume de recursos e equipamentos
para a região e essas equipes permaneciam por pouco tempo. Agora, com as
instituições integradas e operações permanentes, não temos data e não vamos
sair da região onde estamos atuando”, explica. Bettini diz que, à medida que o crime
for se adaptando e mudando de lugar, a operação também se deslocará. “Somos uma
operação completamente adaptável”, assegura.
O segredo do sucesso é desmantelar esquemas de desvio e contrabando de
cigarros, produtos eletrônicos, medicamentos, produtos hospitalares e até armas
e munições utilizando estratégias modernas. As operações, iniciadas em abril
deste ano, começaram pela na região entre Foz do Iguaçu e Querência do Norte,
no Paraná – que se tornou famosa por concentrar grandes operações de comércio
ilegal.
A ideia é fortalecer o combate ao crime organizado e aumentar a
fiscalização e repressão aos crimes nas fronteiras do País por meio da
integração entre as instituições. “Nós bloqueamos o Rio Paraná em um ponto onde
havia muito trânsito de embarcações. Em outro ponto, foram feitas várias ações,
que chamamos de reconhecimento em força ou ações de patrulha rural, em que as
equipes conseguiram sucesso. Houve apreensões e prisões num primeiro momento”,
comemorou.
“Em uma única apreensão, recolhemos mais de 500 smartphones. “Imagine
isso competindo com o comércio estabelecido em uma cidade. Se bloquemos essa
entrada, causamos muitos problemas para o mercado ilícito”, detalha o
comandante-geral.
O Programa Vigia é parte do Programa de Segurança nas Fronteiras – um
dos projetos estratégicos do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A ideia
é expandir o programa para que ele consiga atingir todos os 11 estados de
fronteira. São quase 17 mil quilômetros de fronteiras entre o Brasil e outras
nações.
Segundo Bettini, enquanto a maior parte das apreensões no Paraná tem
relação com o contrabando, em Mato Grosso, o foco são as drogas. Já em
Rondônia, as atuações mais exitosas têm relação com os crimes ambientais e, no
Acre, com o contrabando de medicamentos e anabolizantes.
Denúncias
A mudança no comportamento da população, que agora denuncia as
irregularidades, é responsável por grande parte do sucesso das operações. “Isso
demonstra que a população agora está acreditando e confiando nos nossos
trabalhos”, diz o comandante.
Ele também fala com muita alegria de mensagens recebidas por
pescadores, que agora dizem poder pescar à noite. “Antes, havia uma espécie de
toque de recolher que impedia a pesca e fazia do rio praticamente uma
propriedade do crime depois das 18 horas e, agora, o rio voltou a ser um lugar
seguro”, relata. Conta também que as
pessoas, especialmente jovens, estão abandonando a vida de crime e voltando ao
mercado, porque está diminuindo a oferta de trabalho ilícito e melhorando a
oferta de trabalho.
Sobre a Fenapef
Fundada em agosto de 1990, a Fenapef é a maior entidade representativa
da Polícia Federal (PF), com mais de 14 mil filiados. Além de defender e
representar os servidores da PF, a federação também atua como agente
transformador nas políticas de Segurança Pública.
Dentre as principais áreas de atuação da Federação Nacional dos
Policiais Federais, destacam-se a repressão e investigação de crimes, a
prevenção às drogas, o enfrentamento à corrupção e a atuação policial
articulada.
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