
Exatamente um
ano depois do lançamento do plano de recuperação econômica proposto pelo
governo de Nicolás Maduro para enfrentar a crise e a hiperinflação, o salário mínimo da Venezuela chegou ao
valor mais baixo da história nesta terça-feira (20/08) e equivale a 2,76
dólares, cerca de 11,15 reais, segundo a cotação cambial oficial.
Nesta
terça-feira, o dólar foi negociado a 14.843,54 bolívares soberanos pelo câmbio
oficial estabelecido pelo Banco Central do país. A desvalorização em relação à
moeda americana tem aumentado constantemente desde o início do ano.
Com os 40.000
bolívares de salário mensal equivalendo a menos de 3 dólares, os venezuelanos
estão abaixo da linha da miséria estabelecida pela ONU, que estabelece que os
que recebem menos de 1,90 dólar por dia vivem em situação de extrema pobreza.
Em agosto do
ano passado, quando deu início ao plano de recuperação econômica do país,
Maduro estabeleceu que o salário mínimo seria fixado em 30 dólares. Houve, no
entanto, uma perda de 90,80% no poder de compra desde então, apesar de quatro
reajustes realizados pelo governo nos últimos 12 meses.
Com o atual
salário mínimo, os venezuelanos conseguem comprar apenas 30 ovos. A realidade,
porém, não é muito diferente da registrada no país há um ano, quando Maduro
iniciou a reconversão monetária para cortar cinco zeros do bolívar.
Apesar do
agravamento da crise, o chavismo não deu sinais de novos reajustes salariais
nos próximos meses e sequer fala sobre o chamado "plano de recuperação e
prosperidade econômica" que, entre outros objetivos, também previa combater
a escassez de dinheiro em espécie no mercado.
As notas de
menor valor, porém, já pararam de circular. Com a hiperinflação vivida no país,
que chegou a 1.579,2% desde o início do ano, os venezuelanos já não conseguem
fazer compras com as notas de 2, 5, 10, 20 e 50 bolívares soberanos. O valor
delas é quase tão nulo como as que saíram de circulação no ano passado. O Banco
Central da Venezuela anunciou em junho a criação de três novas notas: 10.000,
20.000 e 50.000 bolívares, equivalentes a US$ 0,69, US$ 1,38 e US$ 3,45,
respectivamente.
O plano de
recuperação também incluía uma modificação do sistema de compra e venda de
divisas no país. No entanto, o novo mecanismo falhou em combater o mercado
paralelo de negociação de dólares na Venezuela. O controle de preços,
estratégia reciclada pelo governo em várias ocasiões, fazia ainda parte do
programa, mas a medida durou apenas algumas semanas. Maduro chegou a anunciar
um aumento dos preços da gasolina, o que nunca ocorreu.
Um estudo
divulgado nesta terça-feira revelou ainda que 80% das empresas venezuelanas
interromperam ou reduziram sua produção no segundo trimestre deste ano. De
acordo com presidente da Confederação das Industriais da Venezuela, Adán Celis,
esses dados são alarmantes.
O setor sofreu
duros impactos neste ano com constantes os apagões e a escassez de gasolina, o
que levou as indústrias operarem atualmente com 19% de sua capacidade
instalada. Além da redução na produção, houve no segundo trimestre de 2019 uma
queda de 76% no emprego em pequenas e médias empresas.
Os problemas no
setor privado se agravaram após sanções impostas pelos Estados Unidos em abril
que proibiram a negociação do petróleo venezuelano no sistema financeiro
americano. Washington vem impondo uma série de punições ao país para pressionar
Maduro a deixar o poder.
dw.com
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