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FGTS é dinheiro que pertence ao trabalhador, mas não pode
ser acessado a qualquer momento
— Foto: Amanda Perobelli/Reuters
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Opção é para
trabalhador que aderir ao saque-aniversário dos recursos do fundo, a partir do
ano que vem. Expectativa é de que modalidade tenha juros baixos.
A partir do ano
que vem, o trabalhador que aderir ao saque-aniversário das
contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) poderá usar os
recursos recebidos anualmente como garantia em empréstimos. O governo espera
que R$
150 bilhões em financiamentos sejam concedidos nessa modalidade
nos próximos dois anos. Mas será que vale a pena tomar esse crédito?
É importante
lembrar que quem optar pelo empréstimo vai pagar juros para ter acesso a um
dinheiro que já é seu, mas que não tem liquidez imediata, ou seja, não pode ser
sacado a qualquer momento.
No modelo
atual, o trabalhador só pode retirar os recursos do FGTS em situações
específicas como a aposentadoria, a demissão sem justa causa ou a compra de um
imóvel.
Quando vale
a pena
- Para quitar dívidas mais caras
A expectativa é
que os financiamentos vinculados ao FGTS tenham juros mais baixos que outras
linhas de crédito existentes, já que a instituição financeira terá como
garantia um dinheiro administrado pelo governo, com baixíssimo risco de calote.
Por isso, pode
valer a pena pedir esse tipo empréstimo para quitar dívidas mais caras,
como o cheque especial, o cartão e o empréstimo pessoal.
"Se esse
crédito realmente for mais barato e a pessoa precisar do dinheiro na mão para
liquidar alguma dívida, essa opção de crédito por garantia se torna
vantajosa", diz Janser Rojo, da Associação Brasileira de Planejadores
Financeiros (Planejar).
Quando
evitar
- Para compra de bens
- Para investir em outros produtos
Porém, se a
intenção é usar o dinheiro do empréstimo para antecipar consumo, ou
seja, comprar algo ou fazer uma viagem, Rojo faz um alerta.
"Você pode
até estar conseguindo uma dívida mais baixa, mas vai comprometer uma reserva
que tem característica de ser de emergência", diz. O FGTS é um
"colchão" construído de forma forçada, destinado à aposentadoria do
trabalhador, e pode ser sacado em caso de doença grave, por exemplo.
Também é
arriscado pegar um empréstimo dando o FGTS como garantia para aplicar
em outros investimentos ou abrir um negócio, por exemplo.
"É preciso
tomar cuidado porque tem juros [para sacar]. Se você faz um crédito dando esse
dinheiro como garantia, provavelmente vai ser difícil conseguir um juro no
investimento [retorno] que ganhem desse juro no crédito [custo]", diz o
planejador financeiro.
Cuidado na
escolha
Para usar esses
recursos como garantia de empréstimo, o trabalhador terá que optar pelo
saque-aniversário. Com isso, ele não vai poder sacar a totalidade do dinheiro
caso seja demitido sem justa causa.
É possível
mudar de ideia e voltar a ser optante pelo saque-rescisão (a modalidade atual
do FGTS), mas isso só vai poder ser feito após dois anos da opção pelo
saque-aniversário. E se o trabalhador for demitido enquanto estiver optante
pelos saques anuais, o saque não é retroativo, ou seja, o dinheiro passa a
fazer parte de uma conta inativa, e só poderá ser sacado em casos como doença
grave, compra de imóvel ou aposentadoria.
Rendimento
do FGTS
Por muito
tempo, o rendimento do fundo foi menor do que o da poupança e, às vezes, até
mais baixo do que a inflação. Mas, com a queda dos juros básicos (a
Selic está em 6%, o menor patamar da história) e a inflação controlada
(o IPCA
ficou em 3,37% nos 12 meses encerrados em junho), esse cenário
mudou.
Além disso,
houve alterações na remuneração do fundo. As contas do FGTS rendem 3% ao ano
mais a Taxa Referencial (TR), taxa de juros calculada pelo Banco Central que
também corrige o saldo da caderneta de poupança. Desde 2017, além desse
rendimento, o fundo reparte com os trabalhadores 50%
do lucro obtido no ano anterior – a distribuição é feita
proporcionalmente ao saldo que cada um tem na conta. A partir deste ano, porém,
o lucro será distribuído integralmente (100%), o que vai aumentar a quantia
recebida por cada trabalhador.
"Em 2019,
a rentabilidade estimada para o FGTS é de 6% ao ano. A poupança deve render um
pouco mais de 4% e o CDI [taxa que corrige diversos produtos] está no patamar
de 6%, acompanhando a Selic. Então, o FGTS se tornou uma opção competitiva em
renda fixa”, avalia Rojo.
Por Luísa Melo, G1

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