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© Miraflores
Palace/Reuters Crise na Venezuela: o líder
do regime chavista, Nicolás Maduro
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Dias depois de
ser nomeado chefe da temida agência de inteligência da Venezuelano ano passado, o general
Manuel Ricardo Cristopher Figuera foi chamado pelo presidente Nicolás Maduro,
que lhe perguntou onde estava o inimigo.
“Não entendo a
pergunta”, teria respondido Figuera.
“Quero um
relatório a cada duas horas sobre o que a oposição está fazendo”, Maduro
respondeu, listando alguns dos 30 políticos cujo paradeiro e atividades
deveriam ser vigiados. Os relatórios, segundo Figuera, deveriam ser enviados
não apenas para Maduro, mas
também para sua esposa, Cilia Flores, e para a vice-presidente Delcy Rodríguez.
O monitoramento
envolveu planilhas com fotos, escutas de ligações celulares e turnos de 24
horas das equipes de quatro agentes em campo observando movimentos e reuniões.
Figuera, o
desertor venezuelano mais importante das últimas duas décadas, está nos Estados
Unidos oferecendo detalhes do governo cada vez mais autoritário de Maduro e dos
esquemas pelos quais o presidente, sua família e associados apropriam-se dos
lucros do petróleo, ouro e outros tesouros nacionais de um país, outrora rico,
com 30 milhões de pessoas que mergulharam no caos e na fome.
Em mais de
cinco horas de entrevistas com a Bloomberg em um hotel de Miami e em um bar de
esportes nas proximidades, Figuera, um homem corpulento de 55 anos treinado em
Cuba e Belarus, afirmou que os serviços de inteligência venezuelanos se
infiltraram no aparato de segurança da Colômbia.
Com isso, no
início do ano, os venezuelanos rastrearam os movimentos de um importante
desertor, o coronel Oswaldo García Palomo, que teria sido capturado, torturado
e interrogado depois de cruzar a fronteira colombiana para ajudar a organizar
uma rebelião.
“Um membro do
serviço de inteligência colombiano estava em contato com um dos nossos e deu a
Palomo um telefone”, disse. “Com esse telefone, ele foi seguido.” Figuera
afirmou que a tortura de Palomo não ocorreu no Serviço Bolivariano de
Inteligência Nacional (SEBIN), sob seu comando, mas na DGCIM, especializada em
contrainteligência militar. Figuera disse que Palomo, que ainda está na prisão
do SEBIN, é um amigo cujos maus tratos o horrorizaram.
A presidência e
o Ministério da Defesa da Colômbia não responderam a pedidos de comentário por
escrito.
Grande parte da
narrativa de Figuera se apoia na afirmação de que o abuso, a corrupção e o
autoritarismo encontrados por ele depois de assumir o cargo o chocaram.
A declaração
foi recebida com ceticismo por líderes da oposição, que destacaram o fato de
que Figuera passou uma década como chefe-adjunto da DGCIM antes de assumir o
controle do SEBIN e que ele certamente parecia totalmente integrado aos
elementos mais brutais do aparato de segurança antes de desertar.
Figuera
comentou a crítica, dizendo: “Compartilho a responsabilidade pela permanência
de Maduro no poder, como qualquer funcionário que tenha feito parte desse
projeto criminoso. Mas, se alguém tiver provas contra mim, não tenho medo de
enfrentar a Justiça.”
A situação de
Figuera nos EUA é temporária. Eliminado de uma lista de oficiais venezuelanos
sancionados ao desertar, ele recebeu permissão para permanecer no país, mas não
para ser residente. Sua esposa, Barbara Reinefeld, tem um visto de longo prazo
porque tem uma irmã e um filho que moram nos EUA.
O casal está
morando com a família em Miami enquanto tenta definir os próximos passos,
embora Figuera diga que quer apenas retornar à Venezuela o mais rápido
possível. Ele acredita que Maduro não dura até o fim do ano. Uma autoridade dos
EUA disse que, se Figuera quiser ficar, terá que pedir residência ou asilo.
Jose
Enrique Arrioja e Ethan Bronner, da Bloomberg

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