Publicada no periódico 'Nature Medicine', pesquisa da Fiocruz revela
que crianças expostas ao vírus zika podem ter atrasos no desenvolvimento e
alterações neurossensoriais no segundo ano de vida. Estudo avaliou 216 crianças
durante dois anos.
Pesquisa da Fiocruz revela que crianças expostas ao vírus da zika
podem ter atrasos no desenvolvimento e alterações neurossensoriais no segundo
ano de vida. O estudo, que avaliou 216 crianças durante dois anos, constatou
também que o desenvolvimento neurológico é menor do que o normal em crianças
expostas ao vírus nas primeiras semanas da gestação, enquanto as crianças que
tiveram exposição nas últimas semanas, apresentaram menos complicações.
Entre as crianças acompanhadas pelos pesquisadores, haviam oito casos
de microcefalia. Destes, dois voltaram a ter um crescimento adequado do
perímetro cefálico: um bebê, que no período intrauterino apresentava restrição,
teve o seu crescimento restabelecido e o outro foi submetido a uma cirurgia
craniana que abriu as suturas que se encontravam fechadas prematuramente em uma
patologia conhecida como craniosinostose. Estas duas crianças não apresentaram
problemas neurológicos, motores, na retina ou de linguagem após manuseio
adequado de suas situações clinicas, nutrição e estimulação adequada. Em
nenhuma destas duas crianças havia comprometimento do parênquima cerebral. O estudo foi publicado nesta segunda-feira,
8/7, pelo periódico 'Nature Medicine'.
Outros resultados mostram efeitos negativos no desenvolvimento
neurológico, que foram identificados em 31.5% (68) das crianças avaliadas,
entre 7 a 32 meses de idade. Pesquisadores também descobriram a possibilidade
de crianças que tiveram efeitos negativos da exposição à zika nos primeiros
meses de vida não apresentarem alterações depois de um tempo (exceto pela
microcefalia com alterações de parênquima cerebral): de 49 crianças que
apresentavam anormalidades logo após o nascimento, 24 (49%) tiveram avaliações
normais no segundo e terceiro anos de vida. Por isto, é muito importante a
identificação precoce de atrasos de desenvolvimento e o encaminhamento para
estimulação essencial.
A pesquisa Delayed childhood neurodevelopment and neurosensory
alterations in the second year of life in a prospective cohort of ZIKV-exposed
children também notificou complicações em exames oculares em 9 de 137 crianças
que passaram pelo teste, além de dificuldades auditivas em 13 das 114 crianças.
Problemas no desenvolvimento neurológico foram identificados em pelo menos uma
das características avaliadas: visão ou audição. Nesses itens, 68 de 216
crianças apresentaram resultados abaixo do normal.
Bayley Scale III
As crianças que participaram da pesquisa já haviam sido acompanhadas
pelo grupo para outras avaliações. Nesta etapa, elas passaram por testes
neurológicos e pela Bayley Scale de desenvolvimento infantil, que mede o
coeficiente de desenvolvimento por meio de testes de linguagens, cognição e
coordenação motora.
“As crianças precisam ser avaliadas regularmente através de testes de
desenvolvimento capazes de fazer detecção precoce de atrasos. E, assim, possam
ser encaminhadas para estimulação precoce, que tem como objetivo minimizar os
danos. O próximo passo é avaliá-las na idade pré-escolar e escolar. A detecção
precoce de distúrbios de aprendizado é fundamental”, ressaltou a coordenadora
do estudo, Maria Elisabeth Moreira. Estas crianças não podem ser esquecidas e a
pesquisa precisa continuar.
Maria Elisabeth Moreira aponta, ainda, para a importância do
acompanhamento regular das crianças cujas mães tiveram zika durante a gravidez.
“Mesmo que os sintomas não apareçam nos primeiros meses, a criança pode
apresentar complicações ao longo dos primeiros anos de vida. Quanto antes isso
for detectado, mais chances teremos de atuar”, finaliza a pesquisadora.
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