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Witzel dá
entrevista para o Bom Dia Rio — Foto: Reprodução/TV Globo
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Governador
do Estado do Rio de Janeiro negou que tenha ignorado morte de Evaldo dos
Santos.
O governador do
Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, definiu como um "erro
grosseiro" a ação que levou à morte do músico Evaldo dos Santos e afirmou
que esperava a manifestação da Justiça Militar, que decretou a prisão de nove
homens.
Evaldo foi
morto após ter o carro onde estava com a família atingido por 80 tiros em
Guadalupe, Zona Norte do Rio. Wilson Witzel concedeu uma entrevista ao Bom Dia
Rio na manhã desta quinta-feira (11).
"Eu tenho
que me posicionar quando o juiz decreta a prisão, e foi decretada a prisão
daqueles militares que atiraram contra aquela família. E eu desde já manifesto
aqui os meus sentimentos pelo erro grosseiro que foi praticado por aqueles
militares", ressaltou Witzel, complementando que aguardava os indícios de
autoria do crime.
O governador
negou que tenha ignorado o caso.
"Estão me
acusando de ter ignorado a morte do músico. Em hipótese alguma. Eu quero dizer
que jamais faria algo abominável como isso. Eu só aguardei que a Justiça
Militar se manifestasse, e assim ela o fez, decretando a prisão para que eu,
como governador, pudesse me manifestar", destacou.
Ele ressaltou
que acredita que o Exército deve reavaliar seu protocolo neste caso.
"Como
magistrado é prudente, pois também sou governador, eu aguardo minimamente os
indícios de autoria, porque a materialidade está ali, nos mortos. Eu não sou um
cidadão comum, eu sou um governador de Estado. Eu não posso sair por aí
acusando o Exército Brasileiro de ter praticado um ato abominável. E foi
praticado. A juíza decretou a prisão preventiva daqueles soldados, que não têm
a capacidade, como tem a Polícia Militar, de fazer um policiamento",
contou Witzel.
Confira
outros tópicos abordados pelo governador:
- Ameaças
"Eu não
deixo de sair às ruas. Mas eu sou um alvo. O crime organizado hoje me
transformou em um alvo. Nós estamos combatendo o crime organizado de tal forma,
o prejuízo que estamos dando aos cartéis e com as apreensões de droga que
estamos fazendo, quantidades absurdas. Agradeço também ao ministro Sérgio Moro
e à Polícia Rodoviária Federal, que estão fazendo um trabalho gigantesco nas
estradas federais com a apreensão de drogas e armas. O trabalho que estamos
fazendo em conjunto. Então eu sou um alvo. Sobre sair à rua hoje, eu não sou um
cidadão comum. Eu sou um cidadão que está aniquilando o tráfico de drogas e as
milícias. Estamos fazendo até controle de bombas nos carros meus e da minha
família".
Nova
partilha de royalties
“Evidente que
estamos contando com o dinheiro de royalties. Todo mundo quer uma migalhinha.
Mas vai causar um estrago gigantesco no Rio de Janeiro. A decisão da ministra
Carmem Lúcia na liminar é, no ponto de vista, absolutamente uma tese que deve
ser vencedora entre os ministros. Já estou conversando com os ministros do Rio,
externando a eles a minha preocupação. A decisão da ministra é muito boa pois
demostra que haverá um rompimento do pacto federativo e que a questão do ICMS
(não recebemos ICMS da produção do petróleo) vou pedir para considerar
inconstitucional por arrastamento. Não podemos ficar sem esse dinheiro. O Rio
de janeiro é um estado terminal na UTI, com sangramento, com hemorragia.
Estamos tentando estancar essa hemorragia".
Regime de
Recuperação Fiscal
“Não sou contra
o Regime de Recuperação Fiscal. Vamos tentar renovar e provavelmente vamos
conseguir porque estamos cumprindo com as metas, de 2020 para 2023. Quando
chegar em 2023, o governador que estiver em exercício, que pode ser eu se for
reeleito, terá condições de pagar os juros da dívida. Os juros que estamos
pagando são dívidas que foram feitas no governo anterior que elevaram
absurdamente o endividamento do estado".
Montamos um
bloco de governadores, conversamos com o ministro Paulo Guedes e disse que a
reforma da Previdência é uma prioridade para todos nós. Estou aqui com
dificuldade para atrair novos investidores. A União precisa resolver seus
problemas e os estados, também. Essa é uma dívida que precisa ser alongada.
Estabelece um percentual sobre a receita que se obtém. A minha proposta é
flexibilizar a forma de pagar os juros lá na frente.
Nossa
prioridade em termos de gestão pública é não deixar o servidor sem dinheiro.
Isso está garantido. A receita hoje está aumentando porque e credibilidade no
estado voltou. Estamos aumentando a empregabilidade, somos o sexto no Caged.
Empresas que vão embora são uma questão pontual, mas outras querem vir".
Atração de
empresas
“Retomamos a
transformação do Porto de Açu numa ZPE (Zona de Processamento de Exportação,
distrito industrial onde empresas operam com suspensão de impostos, liberdade
cambial e gozam de procedimentos administrativos simplificados), que é um pólo
atrativo para a instalação de novas indústrias, e ali naquela região há uma
perspectiva de grandes investimentos. O Brasil não vai de maneira alguma
esquecer parceiros comerciais, como a Alemanha. O Rio também é um polo de
atração de investimentos. O Brasil está buscando a segurança jurídica e a
reforma da previdência".
Alta taxa de
letalidade
“Temos uma
herança terrível do ponto de vista econômico e a segurança pública é o reflexo
disso. Uma polícia que estava totalmente aparelhada politicamente, onde
delegados eram escolhidos para ir para determinado local por indicação
política, comandantes escolhidos. Acabei com isso. No meu ponto de vista, a
Secretaria de Segurança Pública não há necessidade de existir. A letalidade
aumentou porque na medida em que você dá autonomia para a polícia militar fazer
o planejamento das suas ações, ela vai para o enfrentamento. E nossa política
de segurança pública não é uma política só de enfrentamento. Não há como se
evitar que a polícia chegue em área conflagrada, encontre marginais,
narcoterroristas de fuzil e não vá para o enfrentamento. Porque eles vão atirar
contra a polícia e contra a população. Então, como a polícia estava sem saber o
que fazer, que havia inclusive situações que policiais me relataram que
bandidos de fuzil passavam na cara de policiais e eles não sabiam o que fazer.
Hoje já sabem o que fazer: bandido de fuzil é uma ameaça iminente os termos do
Código Penal e pode ser abatido. Mas não é só isso. O que temos de fazer na
polícia é investir. E estamos investindo na investigação. O maior departamento
de investigação de lavagem de dinheiro do crime organizado está na Polícia
Civil do Rio de Janeiro, que com a transformação, foi tornada
independente".
Alvos das
segurança
“Milícia,
tráfico, crime organizado nessas duas situações e já estamos conseguindo fazer
algumas prisões. Já estamos com mais de 700% de novos investigados em lavagem
de dinheiro por esse departamento. Disse ao Moro que o pacote de crime e
recrudescimento das penas são importantes, mas temos a Polícia Federal que está
tão desaparelhada quanto as polícias civis dos estados e sem articulação na
investigação. Desenvolvemos um investigação importante contra o colarinho
branco, mas não investigamos com a mesma eficácia a lavagem de dinheiro do
tráfico de drogas, dos cartéis instalados no Brasil, e do tráfico de armas. Aí
se vê a guerra na Praça Seca com aquela quantidade de fuzil".
Projeto para
acabar com milícia:
“Vamos ter de
prender eles. Para isso é preciso ter uma Polícia Civil que não esteja
totalmente desestruturada, com o efetivo está em praticamente um terço. Estamos
com concursos previstos para delegado e policial. Contratei papiloscopistas,
que vão ajudar também nos cartórios. Dobrei o número, com recursos repassados
da economia da Alerj. Nos dois primeiros anos, dos três mil novos policiais
militares, 400 policiais civil e mais concurso para 180 delegados e mais 800
policiais que vamos contratar. Com isso, começamos a recompor a capacidade
dessas polícias para operar. Principalmente a polícia judiciária".
Snipers
“Já estão
atuando. Não faço a menor ideia de quantos já foram mortos. Não faz parte do
meu trabalho acompanhar quem são os mortos pela Polícia Militar. Quem tem de
fazer isso é o Ministério Público. Os autos de resistência estão à disposição
da instituição, cada um tem seu papel constitucional. O meu é fazer a polícia
funcionar, é dar instrumentos para que ela tenha condições de operar, com
material, com homens, com treinamento. É meu dever fiscalizar se a PM está
dando treinamento, está orientando os homens, se está com viatura, se está
funcionando. É fazer funcionar. Quem tem de investigar, fazer o controle
externo das mortes é o Ministério Público".
Reestruturação
da segurança
“Estamos
reestruturando a a polícia judiciária, estamos reestruturando o sistema
penitenciário, que era uma vergonha. Apreendemos mais de três mil celulares no
sistema penitenciário. Estamos limpando as cadeias, estamos dando dignidade
para quem está no sistema penitenciário e propondo um novo modelo, onde o preso
vai poder trabalhar. Ele vai poder pagar por sua estadia e poder receber
dinheiro pelo trabalho que for realizado. Através da Fundação Santa Cabrini
estamos empregando presos do regime semiaberto para trabalhar, em obras da
prefeitura, em obras do estado. Nosso programa de segurança pública tem por
objetivo reorganizar o que chamamos de sistema criminológico, que vai do
aperfeiçoamento da legislação penal, das estruturas de investigação, de
policiamento, do Ministério Público – que hoje tem a necessidade de se
especializar na lavagem de dinheiro".
Degase
armado
“Não vejo
nenhuma inconstitucionalidade. Apesar do Degase estar hoje na pasta da
Educação, por uma questão estratégica de repasse de dinheiro, não desnatura o
serviço do agente do Degase, que é de segurança pública. E na lei do Estatuto
do Desarmamento, aqueles que estão em serviço de segurança pública podem e
devem ter o uso de armamento para ter até uma proteção pessoal diante das
ameaças que eles sofrem”.
Temporal no
Rio
“O secretário
de Defesa Civil, comandante Roberto Robadey, tem todos os dados que podem
surgir emergências e calamidades. Quando começou a cair a chuva a gente já
sabia o que ia surgir. Além do Corpo de Bombeiros, temos a secretaria de
Desenvolvimento Social e Direitos Humanos que está catalogando as pessoas para
tentar conseguir abrigos, alimentos, colchonetes, cestas básicas. Queria
agredecer ao Rock in Rio que está doando 400 cestas básicas, outras empresas já
doaram colchonetes e estamos recebendo as doações na secretaria e também no Rio
Solidário, que é presidido por minha esposa, Helena Witzel. Fizemos assim para Brumadinho
e estamos fazendo para o Rio de Janeiro, prestando nossa solidariedade
colocando nas ruas nossos assistentes sociais.
Contato mais
próximo
“Tenho ido para
a rua. Estive em Niterói vendo aquele desabamento com mortes. Nas ruas estamos
todos os dias. Quando teve problema no Morro do Vidigal, que é uma preocupação
grande minha. Nos últimos 20 anos não se olhou para as comunidades. O problema
da criminalidade na Praça Seca, hoje, a desordem urbana que se estabeleceu no
Rio, nenhum prefeito olhou para conter e trazer uma solução. A solução é cara.
Nas favelas da Rocinha e do Vidigal, vamos gastar em saneamento e
reurbanização, algo em torno de R$1 bilhão".
Saúde
“Não posso
pegar de volta os hospitais municipalizados. Os hospitais do município não são
atribuição do estado porque são de porta aberta, são emergenciais. Se tivermos
condições financeiras de fazê-lo (pegar os hospitais estaduais de volta),
certamente que nós faremos. Havia uma negociação. Vendemos um terreno do
Leblon, que pode superar R$ 500 a R$ 600 milhões pelo tamanho do gabarito. O
que falei para o prefeito Crivella foi que tem de criar as condições para que a
gente possa receber. O município está em condições difíceis financeiras, mas
está melhor que o estado. E esses hospitais não têm a natureza legal para a
administração do estado. O que podemos fazer é o que estamos fazendo no
Hospital da Posse, que é mais crítico ainda. Estamos dando uma atenção especial
porque aquela região está completamente abandonada em termos de saúde. Vai ser
o maior investimento de saúde nos últimos tempos naquela região, vamos colocar
R$ 5 milhões todo mês. Fizemos um investimento agora, repassando para as
prefeituras dinheiro que não era repassado. As prefeituras estavam à mingua.
Então, não posso simplesmente atender o Rio de Janeiro e deixar de atender
outras regiões. Estamos, por exemplo, retomando a construção do Hospital do
Câncer de Nova Friburgo, que não tem um hospital de referência na região.
Também me comprometi na campanha de retomar a obra. Estamos investindo na saúde
mais do que foi investido no ano passado. Gastamos mais de R$ 10 milhões com
investimentos na área de controle epidemiológico.
Por Bom Dia Rio

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