© Dida
Sampaio/Estadão Jair Bolsonaro, presidente da República
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A prisão
de Cesare Battisti na Bolívia, noticiada na
madrugada deste domingo, 13, foi prontamente comemorada pelo presidente Jair
Bolsonaro e seus aliados. Detido após ficar um mês foragido, o italiano foi
alvo constante do ex-deputado, antes e depois de se eleger presidente.
Bolsonaro usa Battisti para reforçar sua posição contrária às esquerdas.
Um dos motivos
é a ligação estabelecida entre o italiano e os adversários políticos do atual
presidente. Asilado no Brasil durante o governo de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), Battisti foi constantemente associado por Bolsonaro a
partidos como o PT e o PSOL. "Finalmente a justiça será feita ao assassino
italiano e companheiro de ideais de um dos governos mais corruptos que já
existiram no mundo (PT)", escreveu Bolsonaro este domingo no Twitter.
A extradição de
Battisti chegou a ser promessa de campanha de Bolsonaro. "Reafirmo
aqui meu compromisso de extraditar o terrorista Cesare Battisti, amado pela
esquerda brasileira, imediatamente em caso de vitória nas eleições",
escreveu em outubro no Twitter, em italiano. "Mostraremos ao
mundo nosso total repúdio e empenho no combate ao terrorismo."
Porém, o plano
de Bolsonaro de decretar a extradição do italiano não se concretizou. Em
dezembro, um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz
Fux, anular uma liminar que impedia a prisão de Battisti e
o italiano virar foragido, foi o então presidente Michel Temer que assinou o decreto de sua extradição.
O tom das
comemorações de Bolsonaro neste domingo foi dado pelos filhos, Carlos e
Eduardo, assim como o pai, bastante ativos nas redes sociais.
"Aguardamos ansiosamente qual será a relação do PT, PCdoB, PSOL e
alinhados diante da prisão do italiano terrorista assassino", escreveu Carlos. "A esqueda chora", publicou Eduardo. Ambas as mensagens foram
reproduzidas na conta oficial do presidente.
Nos últimos
meses, o tema ainda fez Bolsonaro se aproximar de lideranças italianas.
O país defendia a extradição de Battisti. "Parabéns e sempre conte
conosco, ministro Salvini", escreveu neste domingo após o vice-primeiro-ministro
do país, Matteo Salvini, publicar uma mensagem em que comemora a
prisão de Battisti.
Também durante
a campanha presidencial, no ano passado, Bolsonaro publicou um vídeo ao lado do
deputado ítalo-brasileiro Roberto Lorenzato que, segundo o
então candidato, transmitiu mensagens de Salvini, de apoio e reforçando o
pedido pela extradição de Battisti. "Compromisso mais que
reafirmado", escreveu Bolsonaro.
Preso na
Bolívia após ficar um mês foragido, Cesare Battisti tem problemas com a justiça
italiana desde a década de 1970 e, de lá para cá, procurou refúgio em pelo
menos três países. No Brasil, conseguiu asilo político. Defensores e críticos
de Battisti acompanharam de perto julgamentos e momentos decisivos do
caso. Relembre.
Ativistas pro
Cesare Battisti manifestam na frente do Supremo Tribunal Federal em sinal de
protesto no momento em que o plenario do Supremo julga a extradicao do ex
ativista italiano, em 2009.
Relembre o
caso Battisti. A Polícia Federal já havia feito ao menos 32 operações para capturar Battisti. O italiano
foi preso pela unidade da Polícia da Bolívia que
representa a Interpol, com base em informações fornecidas pela polícia
italiana.
Battisti foi condenado à prisão perpétua pelos
assassinatos de quatro pessoas na Itália: dois policiais, um açougueiro e um
joalheiro. Os crimes ocorreram entre 1977 e 1979, mas ele nega as acusações.
Ao Estado, o italiano disse que “me acusam de um homicídio que
aconteceu quando eu não estava mais na Itália.”
Matheus Lara
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