Prefeito
Rodrigo Neves foi preso na manhã desta segunda-feira (10)
em casa —
Foto: Reprodução/TV Globo
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Investigações
apontam que Rodrigo recebeu reembolso da gratuidade de ônibus no município.
Político passou mal ao receber voz de prisão.
Uma
força-tarefa do Ministério Público estadual e da Polícia Civil prendeu, na
manhã desta segunda-feira (10), o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves. Ele foi
denunciado por desvio de mais de R$ 10 milhões da verba de transporte do município
entre 2014 e 2018. A investida é desdobramento da Lava Jato no Rio e realizada
pelo MP-RJ.
Segundo os
policiais que efetuaram a prisão do prefeito, Neves se descontrolou
emocionalmente e pediu para ser atendido por um médico. Ele deixou sua residência,
em Santa Rosa, às 8h30.
A Operação
Alameda, baseada em delação do ex-dirigente da Fetranspor Marcelo Traça, ainda
cumpriu outros três mandados de prisão e 19 de busca e apreensão - como na sede
da prefeitura e do sindicato das viações da região. Traça também foi denunciado
pelo MP. Os cinco vão responder por peculato e corrupção ativa e passiva.
O G1 está
tentando contato com a defesa dos presos.
Denunciados
- Rodrigo Neves, prefeito de Niterói, preso;
- Domício Mascarenhas de Andrade, ex-secretário
municipal, preso;
- João Carlos Félix Teixeira, presidente do consórcio
TransOceânico e sócio da Viação Pendotiba, preso;
- João dos Santos Silva Soares, presidente do
consórcio Transnit e sócio da Auto Lotação Ingá, preso;
- Marcelo Traça, ex-dirigente da Fetranspor, em
liberdade por causa da delação.
Como era o
esquema
O prefeito de
Niterói é apontado como líder de esquema que cobrava das empresas de ônibus
consorciadas do município 20% sobre cada reembolso da gratuidade de passagens.
O benefício é
concedido a alunos da rede pública de ensino, idosos e pessoas portadoras de
necessidades especiais. Periodicamente, as viações informam à prefeitura
quantos passageiros foram transportados de graça para que o município as pague
de volta. Os 20% eram cobrados em cima desse valor.
Domício
Mascarenhas de Andrade, ex-secretário de Obras de Niterói, é apontado por
arrecadar as quantias e negociar com os representantes dos consórcios.
A denúncia
afirma que Rodrigo Neves atrasava o pagamento do reembolso das gratuidades como
forma de pressionar as viações a garantir sua parte no acordo. O esquema também
previa o combate ao transporte clandestino de passageiros para que os
consórcios operassem sem concorrência.
João Carlos e
João dos Santos, presos nesta segunda-feira, são sócios de viações que integram
o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro
(Setrerj), onde equipe cumpriu mandado de busca. Também procuram-se documentos
no gabinete do prefeito, nas sedes de oito empresas de ônibus que prestam
serviço no município e nos escritórios dos consórcios Transoceânico e Transnit.
Perfil
Rodrigo Neves
já havia aparecido em delações da Lava Jato. Ele é acusado de fraudar
licitações para favorecer empresas e de
receber dinheiro de caixa 2 para campanha.
Rodrigo Neves
começou a carreira política como vereador de Niterói pelo PT em 1997, cumprindo
três mandatos seguidos. Depois, foi eleito deputado estadual duas vezes – em
2006 e 2010 e se elegeu prefeito duas vezes – em 2012 e 2016.
Em novembro do
ano passado, o delator Renato Pereira, marqueteiro dono da agência Prole, disse
que a campanha de Rodrigo Neves em 2012 teve custo de marketing de R$ 8
milhões, dos quais quase a metade foi paga por caixa dois. Naquele ano, o então
candidato declarou ao Tribunal Regional Eleitoral gastos de R$ 4,3 milhões.
Segundo o
delator, depois da eleição de Neves para prefeito de Niterói, a Prole foi
escolhida para cuidar da publicidade oficial da administração por meio de
licitação que Pereira diz ter sido fraudada para beneficiar empresas.
De acordo com
dados oficiais da Prefeitura de Niterói, de 2014 a 2017, a Prole faturou R$
34,2 milhões com a administração municipal.
Em janeiro
deste ano, Rodrigo Neves se tornou réu em ação popular na esfera cível que
questiona os contratos de publicidade de Niterói com a Prole.
Na época,
Rodrigo Neves negou as acusações ele afirmou que todas as doações de suas
campanhas eleitorais foram feitas de acordo com a legislação em vigor e
aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Por Felipe Freire e Henrique Coelho, TV Globo
e G1 Rio
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