Cerimônia de
diplomação do presidente eleito, Jair Bolsonaro,
no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE)
Valter Campanato / Agência Brasil
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Com a decisão,
presidente eleito passa a ter acesso aos autos referentes ao processo que tem
como acusado Adélio Bispo de Oliveira
Juiz de Fora -
O juiz Bruno Salvino, da 3ª Vara Federal Criminal de Juiz de Fora (MG), acatou
pedido dos advogados do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para incluí-lo
como assistente de acusação no caso
da facada de que foi vítima. Com a decisão, Bolsonaro passa a ter
acesso aos autos referentes ao processo que tem como acusado Adélio Bispo de
Oliveira, podendo participar da audiência de instrução, propor a produção de
provas e analisar documentos como os das quebras de sigilos bancário e
telefônico.
O pedido para
fazer parte da acusação teve o aval do Ministério Público Federal (MPF) e, se
quiser, o presidente eleito poderá até questionar testemunhas do caso. Esta
situação pode colocá-lo de frente com alguns desafetos ilustres e com os quais
se envolveu em grandes polêmicas. Isso porque os advogados de Adélio já
definiram suas testemunhas, oito no total, e entre elas estão o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a deputada federal Maria do Rosário (PT), o
deputado federal Jean Wyllys (Psol) e a cantora Preta Gil.
A estratégia da
defesa seria mostrar Bolsonaro como um dos causadores do ataque, ao se envolver
em confrontos políticos ideológicos e recheados de frases e posições polêmicas.
Situações vistas em discussões
como as que travou com Preta Gil pela televisão e com
Jean Wyllys no Congresso Nacional.
Bolsonaro,
porém, se quiser, não precisa acompanhar o processo diretamente, mas apenas
através de advogado. A defesa de Adélio garante que ele já vem fazendo isso
desde o início do caso. "Na verdade, isso não é novidade não, porque eles
estão lá todo dia", afirma Zanone Manuel de Oliveira Júnior, advogado de
Adélio sobre a decisão que põe o presidente eleito como assistente de acusação.
"Desde o primeiro dia, um escritório de advocacia apareceu lá na audiência
de custódia", completa.
Mas ele não
acha que Bolsonaro vá aparecer nas audiências. "Eu acredito que, como
presidente, não vai participar de nada", prevê.
Sanidade
mental
A decisão da
Justiça Federal foi assinada no dia 31 de outubro, sendo expedida na última
sexta-feira. Mas o processo envolvendo o ataque ao então candidato a presidente
pelo PSL foi suspenso no dia 24 de outubro para que Adélio Bispo de Oliveira
passasse por avaliação
de sanidade mental.
No último dia
4, ele foi avaliado no presídio federal de Campo Grande (MS) por dois
psiquiatras de Juiz de Fora indicados pela Justiça.
O laudo com os
resultados deve ser divulgado até esta sexta e definirá o futuro do agressor,
que tem a possibilidade de ser mandado para um hospital, caso seja considerado
totalmente incapaz. A defesa, no entanto, não arrisca palpite. "Isso é só
com o médico mesmo", desconversou Zanone Manuel Júnior.
Explicação
A reportagem
entrou em contato com os advogados de acusação, que passaram a segunda-feira em
Brasília acompanhando a diplomação
do presidente eleito. Antônio Moraes Pitombo, que representa Bolsonaro
nos processos na área criminal, disse que seu cliente "foi vítima de um
crime que atingiu sua integridade física, com risco à vida, no meio do processo
eleitoral".
A
faca que Adélio usou no ataque
Divulgação
/ Polícia Militar MG
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Ele falou ainda
que a decisão de torná-lo assistente de acusação foi feita pela equipe jurídica
"devido às diversas repercussões do caso".
Mas Pitombo não
deixou claro se Bolsonaro estará presente em algum momento do processo. "A
intenção é atuar, em conjunto, com o acusador público para se descobrirem as
causas do ocorrido e para se apurarem os responsáveis", resumiu.
Para o
advogado, trata-se de um caso grave e que explica "a necessidade do
trabalho intenso de polícia judiciária, Ministério Publico e advogados
(assistentes de acusação) para se descobrir a verdade e punir na medida da
culpa".
Histórico
Bolsonaro
foi esfaqueado por Adélio durante campanha presidencial no dia 6 de setembro em
Juiz de Fora, na região da Zona da Mata. O
agressor foi denunciado pelo MPF pelo crime de "atentado pessoal por
inconformismo político", previsto no artigo 20 da Lei de Segurança
Nacional e que pode render até 20 anos de prisão quando se trata de lesão
corporal grave. O então candidato à Presidência foi atingida no abdômen e o
autor preso ainda no local.
Segundo
investigação da Polícia Federal, Adélio
agiu sozinho na hora do ataque e por inconformismo político. Já o então
candidato precisou ficar internado por mais de 20 dias, inicialmente na Santa
Casa de Juiz de Fora e depois no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Por ESTADÃO CONTEÚDO
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