Eleito junto
com Jair Bolsonaro (PSL), Mourão disse em entrevista
ao jornalista Roberto D'Ávila, da GloboNews,
que a vitória da chapa
não é a volta dos militares ao poder.
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Vice-presidente
eleito deu entrevista à GloboNews e ao G1 nesta segunda (12) e afirmou que ele
e Bolsonaro não representam 'a instituição Forças Armadas': 'fomos eleitos como
cidadãos'.
O
vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira
(12) que o atual presidente, Michel Temer, terá de vetar o reajuste
de 16,38% aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovado
pelo Congresso.
"Não vejo
que é uma questão de pressionar [o atual governo para vetar]", afirmou o
general ao G1. "O artigo 21 da Lei de Responsabilidade Fiscal
não permite que se assine aumento nos últimos 180 dias de governo. Então, eu
acho que, por lei, o presidente Temer terá de vetar."
O artigo 21 da
Lei de Responsabilidade Fiscal (lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000),
diz que:
"Art.
21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e
não atenda:
"I - as
exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no inciso
XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;
"II - o
limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.
"Parágrafo
único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa
com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do
titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20."
A Lei das
Eleições (lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997) diz em seu artigo 73, inciso
VIII:
"Art. 73.
São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos
eleitorais:
"VIII -
fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores
públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do
ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e
até a posse dos eleitos."
Caso Temer
sancione o reajuste, o salário dos ministros do STF passará de R$ 33,7 mil para
R$ 39,2 mil -- o que causará o chamado "efeito cascata" nas contas
públicas, porque o valor representa o teto do funcionalismo público. Segundo
cálculos de consultorias da Câmara e do Senado, o reajuste
poderá causar um impacto de R$ 4 bilhões nas contas públicas.
Militares na
política
Eleito junto
com Jair Bolsonaro (PSL), Mourão disse em entrevista ao jornalista Roberto
D'Ávila, da GloboNews, que a vitória da chapa não é a volta dos militares ao
poder.
"Tanto o
Bolsonaro quanto eu fomos eleitos como cidadãos. Nós não representamos a
instituição Forças Armadas. Nós representamos aquele grupo de eleitores que
optaram pelo nosso projeto", afirmou.
"Há uns
quatro anos eu participei de um programa lá no Sul e me perguntaram se os
militares voltariam ao poder. Eu respondi que se, eles forem eleitos, pode ser.
É a democracia", afirmou o general. "São as mudanças da história. A
história tem suas ondas e agora chegou uma outra onda na história do
Brasil."
Mourão também
afirmou ao jornalista que a "linha" entre a instituição Forças Armadas
e o governo "não será ultrapassada". "Até porque, desde o
presidente Castelo Branco, salutarmente, ele afastou os militares que entraram
na política dos quarteis".
"Antes
disso, os militares participavam da política e, se perdesse o cargo, ele voltava
para os quartéis. Então ele já tinha sido deputado ou senador, mas voltava para
o quartel. E não tinha como, ele não levar a política nesse DNA dele quando
voltasse. O que o presidente Castelo Branco fez há 54 anos atrás foi muito
positivo".
Ele lembrou
outros presidentes militares, como Deodoro da Fonseca, Hermes da Fonseca e
Eurico Gaspar Dutra, e militares que concorreram e perderam eleições no
passado, como o Marechal Lott, mas disse a participação dos militares na
política caiu "a partir do próprio movimento de 1964”.
“Em todas as
transições que ocorreram na nossa república, a única que transição que foi
pacífica foi a transição do regime de 1964 para aquilo que se convencionou
chamar de Nova República. Todas as outras foram uma ruptura. Essa, não", afirmou
o general. "Vamos lembrar que o Figueiredo governou sem nenhum instrumento
de exceção”.
'Porte
estratégico'
O
vice-presidente eleito disse à GloboNews que a missão do futuro governo será
transformar o "porte estratégico" do Brasil em "poder".
"O Brasil tem um porte estratégico extremamente significativo. Nós temos
essa quantidade enorme de terra, uma população com mais de 200 milhões de
pessoas, uma população coesa, com riquezas naturais, uma agricultura fortíssima
e muita gente empreendedora aqui".
"Mas
estamos tendo dificuldade de transformar isso em poder. Essa é a nossa grande
missão. Fazer o Brasil romper essas amarras que tem nos colocado numa posição
subalterna e se colocar naquele patamar que todos os brasileiros desejam",
disse o vice-presidente eleito.
Mourão afirmou
que Bolsonaro ofereceu a possibilidade de ele ocupar algum ministério, mas ele
recusou: "O presidente me deu liberdade para escolher, se eu quisesse
ocupar algum ministério. Mas eu disse para ele que não considerava o mais apropriado
e que ficaria em condições de atuar onde ele achar necessário".
Veja outros
temas da entrevista a Roberto D'Ávila:
Moro
“O ministro
Moro empresta dignidade para o nosso governo”.
Petrobras
"Eu tive
um encontro na última sexta-feira com a diretoria da Petrobras e eles me
apresentaram todo o trabalho que eles vieram fazendo de saneamento da empresa.
Então aquilo que eu vi foi extremamente positivo. Inclusive a empresa já
entrando numa esfera de lucratividade, o que é importante não só para os
acionistas privados, mas até para o próprio governo. Eu vejo a Petrobras como
algo de extrema relevância para o nosso Brasil".
Armas
nucleares
"É o que
nós temos tentado com a construção do submarino nuclear. Isso é um grande
instrumento de dissuasão, com os 7.500 km de costas que nós temos. Ao mesmo
tempo nós temos ai o projeto 'Astros 2020', que desenvolve um foguete, não de
caráter estratégico, mas já de caráter tático, quase chegando ao estratégico,
por que ele tem um alcance de 300km. Então são coisas que são importantes para
essa dissuasão. É a teoria do canivete. O cara pode ser grande, mas se ele
chegar aqui sabe que vai levar uma canivetada na barriga e vai sangrar".
Amazônia
"Eu acho
que nós poderíamos ter um carinho um pouco maior com a Amazônia, até com
estratégia de desenvolvimento sustentável, com o intuito de haver uma
preservação competente daquela floresta. É obvio que ela teM uma enorme área
totalmente intocada. O arco de progressão da agricultura ele tá muito bem
delimitado, mas é obvio que nós devemos ter uma estratégia melhor, não só para
fortalecer as nossas fronteiras, que hoje está tudo na mão do exército. Então
as outras agências governamentais têm que se fazer presentes".
Política
internacional
"O
narcotráfico afeta o nosso país e afeta a segurança. Eu vejo que essa questão
da liberação das drogas mostra que onde foi liberada os problemas continuam
acontecendo. Isso é um comércio, infelizmente. E aqui no Brasil ele é disputado
por facções armadas. Muito bem armadas".
Por GloboNews e G1 Rio
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