Governador Luiz Fernando Pezão durante sessão
em 2015 na Alerj,
observado pelo então presidente da Casa, Jorge
Picciani
Foto: Rafael Wallace / Alerj / Divulgação
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Pedido se arrasta desde fevereiro de 2017 e
TJ chegou a determinar, em setembro, que a Mesa Diretora da Assembleia julgue o
caso. Mandato acaba em pouco mais de um mês.
Um
pedido de impeachment contra o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB),
e contra o vice, Francisco Dornelles (PP), se arrasta há um ano e oito meses
sem ser votado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Em
setembro de 2018, a Justiça do Rio determinou que o pedido fosse julgado
pela Mesa Diretora da Assembleia, o que não ocorreu — nem mesmo dois
meses após a determinação judicial.
A Assembleia informa que não foi notificada
da decisão de setembro, que já consta no acompanhamento processual do site do
Tribunal de Justiça. Isso acontece, segundo o TJ, porque os desembargadores
derrotados na votação não tiveram os votos vencidos publicados.
A publicação do acórdão, que é o documento
que oficializa uma decisão judicial, depende neste caso da secretaria do Órgão
Especial, segundo o TJ. Uma recomendação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
determina que o acórdão deve ser publicado em até um mês após o julgamento.
Impeachment pedido há 1 ano e 8 meses
O pedido de impeachment foi protocolado pelo
PSOL em fevereiro de 2017 e arquivado
pelo então presidente da Casa, Jorge Picciani (MDB). Ele foi preso
na Operação Cadeia Velha, em novembro daquele ano, acusado de "blindar
o governo" de Sérgio Cabral (MDB) na Assembleia, em petição do Ministério
Público Federal.
"(É) latente a existência de um pacto
entre as diferentes esferas de poder do Estado do Rio de Janeiro, de cooperação
para permitir a espoliação dos recursos públicos, seja de natureza federal ou
estadual, avalizado pelos caciques regionais da agremiação política no poder, a
saber, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro-PMDB", dizem
procuradores do Ministério Público Federal.
Com a recusa de Picciani, os autores do
pedido de impeachment entraram com um recurso, que deveria ser analisado pela
Mesa Diretora em até cinco dias úteis. Como o recurso foi ignorado, eles
recorreram à Justiça em junho de 2017.
Apenas em março do ano seguinte, o pedido do
PSOL entrou na pauta do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio. Sem
explicação, o caso foi retirado e voltou em setembro de 2018 — quando
enfim foi julgado pelo Poder Judiciário.
Para a procuradora de Justiça Fernanda
Moreira Jorgensen, houve omissão do Poder Legislativo à época. "A
discussão não diz respeito a errônea aplicação de dispositivo regimental, mas a
seu puro e simples descumprimento", escreveu.
O desembargador Nagib Slaibi, que publicou o
acórdão concedendo o pedido do PSOL, escreveu ainda que não se trata de
discutir se o processo de impeachment deve ser aberto ou não.
Para ele, trata-se apenas de fazer cumprir a
decisão do regimento interno da Alerj que manda a Mesa Diretora analisar um
recurso até cinco dias após sua apresentação.
Procurado pelo G1 na época em que Órgão
Especial do Tribunal de Justiça do Rio determinou que a Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj) deveria julgar a denúncia, Pezão afirmou que requerer
impeachment é "a única coisa que eles sabem fazer", referindo-se ao
PSOL. O governador disse estar tranquilo sobre a possibilidade de julgamento de
impeachment contra ele na Assembleia Legislativa.
"Única coisa que me deixa intranquilo é
se eu estiver doente,o resto eu encaro tudo", afirmou.
Mesa Diretora esfacelada
Com o mandato do governador perto do fim, é
possível que o caso não seja analisado pela Mesa Diretora a tempo de ter
qualquer efeito prático. De qualquer forma, a Assembleia deve ter dificuldades
em reunir o grupo. Das cinco principais figuras, duas estão presas e uma
licenciada.
O presidente Jorge Picciani (MDB) e o 4º vice
presidente Marcus
Vinicius (PTB) estão detidos — um na Operação Cadeia Velha e outro
na Furna
da Onça, ambas acusando parlamentares de se venderem para atender
interesses de empresas.
Além deles, o primeiro vice-presidente, Wagner
Montes (PRB), se recupera de uma doença em casa.
Por Gabriel Barreira, G1 Rio
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