Escolhido
por Bolsonaro, Ricardo Velez Rodrigues é crítico da esquerda e de ensino sobre
gênero nas escolas. Presidente eleito havia dito que buscava alguém com
'autoridade' e capaz de entender que o Brasil é um país 'conservador'.
Futuro ministro
da Educação de Jair Bolsonaro, Ricardo Velez Rodriguez escreveu no início de
novembro que o órgão responsável pela aplicação do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem)
entende as provas "mais como instrumentos de ideologização do que como
meios sensatos para auferir a capacitação dos jovens no sistema de
ensino."
Rodriguez foi
anunciado para o posto nesta quinta-feira (22). Nascido na Colômbia e
naturalizado brasileiro em 1997, ele é autor de mais de 30 obras e professor
emérito da Escola de Comando do Estado Maior do Exército.
O professor é
mestre em pensamento brasileiro pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ); doutor em pensamento luso-brasileiro pela Universidade Gama
Filho; e pós-doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron.
A declaração
sobre o Enem foi publicada em 7 de novembro no blog mantido pelo futuro
ministro (veja a íntegra abaixo), data em que, segundo ele, o filósofo
Olavo de Carvalho o indicou a Bolsonaro como uma das opções para comandar o
Ministério da Educação.
No texto, o
futuro ministro propõe mudanças na pasta, com o objetivo "enquadrar o MEC
no contexto da valorização da educação para a vida e a cidadania a partir dos
municípios, que é onde os cidadãos realmente vivem."
Para Rodriguez,
os brasileiros se tornaram "reféns" de um sistema de ensino
"alheio às suas vidas" e "afinado" com uma tentativa de
impor a "doutrinação de índole cietificista e esquistada na ideologia
marxista".
O Enem é
aplicado no Brasil desde 1998. Ao longo do tempo, passou a ser usado para
certificação do ensino médio, seleção de bolsas de estudo e critério de acesso
às universidades federais.
De acordo com o
MEC, 1.434 instituições de ensino superior adotam o Enem como critério de
entrada, via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e Programa Universidade Para
Todos (ProUni). Outras 35 instituições de Portugal também usam as notas do Enem
para avaliar candidatos e o desempenho do estudante no Enem é usada para
inscrição no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Em 2018, o a prova teve
5,5 milhões de inscritos.
Na edição de
2018, o Enem provocou polêmica ao citar o pajubá, dialeto associado a gays,
drags e travestis, em uma das questões da prova de linguagens, aplicada em 4 de
novembro. O estudante precisava ler um texto curto que citava o tema,
interpretar por quê ele é considerado dialeto e escolher uma resposta entre
cinco alternativas.
Após o
episódio, Bolsonaro disse que olharia
a prova antes de ser impressa para os candidatos.
"Podem ter
certeza e ficar tranquilos. Não vai ter questão desta forma ano que vem, porque
nós vamos tomar conhecimento da prova antes. Não vai ter isso daí",
afirmou o presidente eleito.
'Ideologia
de gênero'
Durante toda a
campanha eleitoral, Bolsonaro criticou o que costuma chamar de "ideologia
de gênero" nas salas de aula, afirmando reiteradas vezes que "quem
ensina sexo é papai e mamãe".
Recentemente,
ao comentar os planos para o Ministério da Educação, Bolsonaro afirmou que o
ministro seria alguém com "autoridade", capaz de entender que o
Brasil é um país "conservador".
Leia a
íntegra do texto 'Um roteiro para o MEC', de Ricardo Velez Rodriguez:
"Amigos,
escrevo como docente que, através das vozes de algumas pessoas ligadas à
educação e à cultura (dentre as quais se destaca o professor e amigo Olavo de
Carvalho), fui indicado para a possível escolha, pelo Senhor Presidente eleito
Jair Bolsonaro, como ministro da Educação.
Aceitei a
indicação movido unicamente por um motivo: tornar realidade, no terreno do MEC,
a proposta de governo externada pelo candidato Jair Bolsonaro, de "Mais
Brasil, menos Brasília". Acho que o nosso Presidente eleito ganhou
definitivo apoio da sociedade brasileira no pleito eleitoral recente, em
decorrência de um fator decisivo: ele foi o único candidato que soube traduzir
os anseios da classe média, que externou a insatisfação de todos os brasileiros
com os rumos que os governos petistas imprimiram ao país ao ensejar uma
tresloucada oposição de raças, credos, nós contra eles, como se não pudêssemos,
os habitantes deste país, sedimentar alguns consensos básicos em relação ao
nosso futuro. Jair Messias Bolsonaro foi eleito em razão deste fato: traduziu,
com coragem e simplicidade, os anseios da maioria dos eleitores. A sua
campanha, carente de tempo na mídia e de recursos, ameaçava não decolar.
Decolou, e, mais ainda, ganhou as praças e ruas, através de meios singelos de
comunicação como o Smartphone e a Internet, coisas que o brasileiro comum
utiliza no seu dia a dia desta quadra digital da nossa sociedade tecnológica.
Como
professor e intelectual que pensa nos paradoxos estratégicos do Brasil, apostei
desde o início no candidato Bolsonaro. Achei a sua proposta de escutar o que as
pessoas comuns pensam uma saída real para a insatisfação e a agonia que as
sufocavam, nesses tempos difíceis em que se desenhava, ameaçadora, a hegemonia
vermelha dos petistas e coligados. Graças a Deus o nosso candidato saiu
vencedor, numa campanha agressiva em que foram desfraldadas inúmeras iniciativas
de falseamento das propostas e de fake news, e em que pese o fato de que ele
próprio tivesse de pagar um preço alto com a facada de que foi vítima em Juiz
de Fora, desferida por um complô do crime organizado com os radicais de sempre.
Enxergo, para
o MEC, uma tarefa essencial: recolocar o sistema de ensino básico e fundamental
a serviço das pessoas e não como opção burocrática sobranceira aos interesses
dos cidadãos, para perpetuar uma casta que se enquistou no poder e que
pretendia fazer, das Instituições Republicanas, instrumentos para a sua
hegemonia política. Ora, essa tarefa de refundação passa por um passo muito
simples: enquadrar o MEC no contexto da valorização da educação para a vida e a
cidadania a partir dos municípios, que é onde os cidadãos realmente vivem.
Acontece que a proliferação de leis e regulamentos sufocou, nas últimas
décadas, a vida cidadã, tornando os brasileiros reféns de um sistema de ensino
alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma
doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista,
travestida de "revolução cultural gramsciana", com toda a coorte de
invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero, a
dialética do "nós contra eles" e uma reescrita da história em função
dos interesses dos denominados "intelectuais orgânicos", destinada a
desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à
preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma, do
patriotismo.
Na linha dos
pre-candidatos ao cargo de ministro da Educação foram aparecendo, ao longo das
últimas semanas, propostas identificadas, uma delas, com a perpetuação da atual
burocracia gramsciana que elaborou, no INEP, as complicadas provas do ENEM,
entendidas mais como instrumentos de ideologização do que como meios sensatos
para auferir a capacitação dos jovens no sistema de ensino.
Outra
proposta apareceu, afinada com as empresas financeiras que, através dos fundos
de pensão internacionais, enxergam a educação brasileira como terreno onde se
possam cultivar propostas altamente lucrativas para esses fundos, mas que, na
realidade, ao longo das últimas décadas, produziram um efeito pernicioso, qual
seja o enriquecimento de alguns donos de instituições de ensino, às custas da baixa
qualidade em que foram sendo submergidas as instituições docentes, com a
perspectiva sombria de esses fundos baterem asas quando o trabalho de
enxugamento da máquina lucrativa tiver decaído. Convenhamos que, em termos de
patriotismo, essas saídas geram mais problemas do que soluções.
Aposto, para
o MEC, numa política que retome as sadias propostas dos educadores da geração
de Anísio Teixeira, que enxergavam o sistema de ensino básico e fundamental
como um serviço a ser oferecido pelos municípios, que iriam, aos poucos,
formulando as leis que tornariam exequíveis as funções docentes. As instâncias
federal e estaduais entrariam simplesmente como variáveis auxiliadoras dos
municípios que carecessem de recursos e como coadunadoras das políticas que,
efetivadas de baixo para cima, revelariam a feição variada do nosso tecido
social no terreno da educação, sem soluções mirabolantes pensadas de cima para
baixo, mas com os pés bem fincados na realidade dos conglomerados urbanos onde
os cidadãos realmente moram.
Essa
proposta de uma educação construída de baixo para cima foi simplesmente
ignorada pela política estatizante com que Getúlio Vargas, ao ensejo do Estado
Novo, pensou as instituições republicanas, incluída nela a educação, no
contexto de uma proposta tecnocrática formulada de cima para baixo, alheando os
cidadãos, que passaram a desempenhar o papel de fichas de um tabuleiro de
xadrez em que quem mandava era a instância da União, sobreposta aos municípios
e aos Estados.
"Menos
Brasília e mais Brasil", inclusive no MEC. Essa seria a minha proposta,
que pretende seguir a caminhada patriótica empreendida pelo nosso Presidente
eleito."
Publicado
em https://pensadordelamancha.blogspot.com/2018/11/um-roteiro-para-o-mec.html em
7 de novembro de 2018.
Por G1
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