© Nelson
Jr./SCO/STF As ações penais costumam andar em
ritmo mais lento no STF que na 1ª Instância
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Logo depois da
divulgação dos primeiros resultados das eleições de 2018, o procurador da
República Deltan Dallagnol usou sua conta no Twitter para comemorar a derrota
nas urnas de políticos investigados pela Lava Jato.
"Pelo
menos uma dezena de envolvidos graúdos perderam o foro privilegiado",
escreveu ele, que coordena a força-tarefa da operação. Na verdade, o número é
pelo menos três vezes maior: a BBC News Brasil encontrou 32 políticos
investigados na Lava Jato que foram derrotados nas urnas este ano e poderão
ficar sem foro.
A lista inclui
alguns dos políticos mais tradicionais e poderosos do país, como o atual
presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE); e os senadores Romero Jucá
(MDB-RR) e Edison Lobão (MDB-MA). Os três tentaram mais um mandato de oito anos
no Senado por seus Estados, mas acabaram derrotados.
Na esquerda,
foram derrotados Dilma Rousseff (PT-MG), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Jorge Viana
(PT-AC), que também buscavam vagas no Senado.
A lista também
é longa entre os deputados: tentaram a eleição e foram derrotados Heráclito
Fortes (DEM-PI), José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Lúcio Vieira Lima (MDB-BA),
irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), hoje preso no presídio da
Papuda, em Brasília.
Também foram
derrotados na disputa pela Câmara os atuais deputados petistas Marco Maia (RS)
e José Mentor (SP); o ex-ministro petista Luiz Sérgio (RJ) também tentou
tornar-se deputado federal, mas não se elegeu.
A listagem da
BBC News Brasil não inclui políticos citados em delações da Lava Jato, mas que
não foram alvo de inquéritos ou que tiveram seus processos arquivados. Foi o
que aconteceu com os deputados federais tucanos Waldir Maranhão (PSDB-MA) e
Bruno Araújo (PSDB-PE). Ambos tiveram as investigações contra si arquivadas no
começo deste ano pelo Supremo Tribunal Federal, por falta de provas.
Entre os
tucanos, a lista de investigados e derrotados nas urnas inclui três
ex-governadores: Yeda Crusius (Rio Grande do Sul), Marconi Perillo (Goiás) e
Beto Richa (Paraná). Os dois últimos chegaram a ser alvo de investigações não
relacionadas com a Lava Jato durante a campanha. Tentaram vagas no Senado por
seus Estados, mas foram derrotados. Crusius tentou uma vaga na Câmara dos Deputados,
mas teve pouco mais de 37 mil votos e ficou de fora.
Derrotado na
disputa presidencial em 2018, Geraldo Alckmin viu o principal inquérito contra
si deixar a esfera criminal no começo de 2018 - o caso trata de supostas verbas
de campanha não declaradas da Odebrecht, no valor de R$ 10,3 milhões, e agora é
investigado pela Justiça Eleitoral.
© Marcelo
Camargo / Agência Brasil Atingido pela delação
da Odebrecht, Aécio Neves (PSDB-MG) deixa o Senado no
ano
que vem, rumo à Câmara
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Há ainda uma
série de políticos investigados que conseguiram a reeleição: Renan Calheiros
(MDB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI) e Jader Barbalho (MDB-PA) foram reeleitos para
o Senado.
A presidente
nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e o presidenciável tucano em 2014, Aécio
Neves (PSDB-MG), hoje com mandato no Senado, conquistaram uma cadeira na Câmara
dos Deputados - o que fará com que seus casos continuem tramitando no Supremo
Tribunal Federal (STF).
Em entrevistas
anteriores à imprensa, todos os políticos mencionados nos parágrafos acima
negaram irregularidades. No Brasil, a simples abertura de inquérito ou mesmo o
fato de se tornar réu numa ação penal não torna uma pessoa culpada: isto só
acontece quando ela é condenada por um juiz ou tribunal colegiado.
'Sem foro, é
Moro'
A expressão se
tornou um ditado corrente entre políticos em Brasília quando a Lava Jato estava
em seu auge, de 2014 a 2017. Na verdade, nem todos os casos de ex-deputados,
ex-senadores e ex-governadores derrotados nas urnas irão necessariamente para a
mesa do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba: o deslocamento só
ocorrerá nos casos em que a Justiça entender que exista uma relação clara com
os desvios praticados na Petrobras.
© AFP O
juiz Sérgio Moro já despachou 45 sentenças
desde o começo da Lava Jato
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Em geral, as
ações penais em Curitiba avançam num ritmo muito mais rápido que aquelas em
andamento no STF, em Brasília.
Foi só em maio
deste ano que o Supremo condenou o primeiro político investigado na Lava Jato,
o deputado Nelson Meurer (PP-PR) - ele não disputou as eleições deste ano.
Enquanto isso,
Moro já expediu 45 sentenças em processos de sua competência, segundo levantamento
preparado por sua assessoria. Os casos mais emblemáticos de políticos hoje
cumprindo pena após condenações de Moro são os do ex-presidente Lula (PT) e o
do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB).
Conheça a lista
de políticos investigados derrotados nas urnas
Alfredo
Nascimento (PR-AM)
Aníbal Gomes
(MDB-CE)
Benedito de Lira (PP-AL)
Beto Richa
(PSDB-PR)
Cássio Cunha
Lima (PSDB-PB)
Delcídio do
Amaral (PTC-MS)
Dilma Rousseff (PT-MG)
Edisson Lobão (MDB-MA)
Eunício
Oliveira (MDB-CE)
Fernando
Pimentel (PT-MG)
Garibaldi Filho
(MDB-RN)
Geraldo Alckmin
(PSDB-SP)
Heráclito
Fortes (DEM-PI)
Jorge Viana
(PT-AC)
José Agripino
Maia (DEM-RN)
José Carlos
Aleluia (DEM-BA)
José Mentor
(PT-SP)
José Otávio
Germano (PP-RS)
Lindbergh
Farias (PT-RJ)
Lúcio Vieira
Lima (MDB-BA)
Luiz Sérgio
(PT-RJ)
Marco Maia
(PT-RS)
Marconi Perillo
(PSDB-GO)
Milton Monti
(PR-SP)
Missionário
José Olímpio (DEM-SP)
Raimundo
Colombo (PSD-SC)
Robinson Faria
(PSD-RN)
Romero Jucá
(MDB-RR)
Sandes Junior
(PP-GO)
Valdir Raupp
(MDB-RO)
Yeda Crusius
(PSDB-RS)
BBC News
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