Foram
mencionados dois deputados e dois senadores. Citados na delação negam
acusações.
Novos trechos
da delação de Carlos Miranda, operador financeiro de Sérgio Cabral, obtidos
pela GloboNews citam senadores e deputados federais como beneficiados por
propinas do esquema criminoso do ex-governador do Rio. Todos eles negam as
acusações.
A delação,
homologada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, cita dois
senadores supostamente envolvidos com esquema de propinas. Um deles é Aécio
Neves, do PSDB de Minas Gerais, a outra Rose de Freiras (Podemos).
Segundo o
operador, na época da campanha presidencial de 2014, Aécio Neves esteve com
Sérgio Cabral e o ex-governador se comprometeu a ajudá-lo na campanha.
Miranda contou
que cabral pediu a ele para que procurasse José Carlos Lavouras, representante
da Federação das Empresas de Ônibus do Rio de Janeiro, a Fetranspor, para que
ele pagasse R$ 1,5 milhão a Aécio Neves.
Cabral teria
indicado que o pagamento deveria ser feito a um representante de Aécio. Miranda
também revelou que esse dinheiro supostamente doado via caixa 2 foi descontado
da propina que a Fetranspor pagava para Cabral. Ainda de acordo com a delação,
Cabral teria intermediado pagamentos de vantagens indevidas da construtora OAS
para Aécio Neves.
Uma outra
integrante do Senado que aparece na delação de Carlos Miranda, Rose de Freitas,
atualmente senadora pelo Podemos do Espírito Santo, era deputada federal na
época em que supostamente recebeu dinheiro ilegal.
Miranda afirmou
que, no início do segundo mandato de Cabral, em 2011, o então governador pediu
a ele que entregasse R$ 500 mil a Rose de Freitas. Na época, ela era filiada ao
MDB, mesmo partido de Cabral e ocupava o cargo de primeira vice-presidente na
mesa diretora da Câmara dos Deputados, sendo responsável por acolher os
requerimentos feitos por outros deputados.
Segundo
Miranda, Cabral disse que a propina seria paga para que Rose barrasse os
requerimentos feitos pelo então deputado federal Anthony Garotinho - que se
tornou um dos maiores inimigos políticos de Cabral.
De acordo com o
delator, um dos requerimentos de Garotinho foi feito em razão das viagens de
Sérgio Cabral ao exterior. Garotinho queria que Cabral fosse investigado por
"frequentemente se ausentar do estado por períodos que extrapolam os
limites fixados em lei, especialmente com o uso de aeronaves cedidas por
empresários".
Deputados
federais citados na delação
Carlos Miranda
citou ainda, em sua delação, dois deputados federais da bancada do Rio de
Janeiro que teriam recebido propina do ex-governador Sérgio Cabral. Um deles é
Aureo Lídio, do Solidariedade, que foi reeleito este ano para o seu terceiro
mandato consecutivo na Câmara. O outro é Julio Lopes.
Miranda falou
que Cabral disse ter feito uma reunião, no início de 2014, com o deputado federal
Aureo Lídio, e que em troca de apoio do partido Solidariedade ao governo de
Luiz Fernando Pezão - sucessor de Cabral - seria pedido o pagamento de R$ 8
milhões.
Naquele mesmo
janeiro de 2014, em entrevista ao Jornal Extra, o deputado federal Aureo confirmou
que o Solidariedade apoiaria a chapa de Pezão ao governo do Rio na eleição
daquele ano. Miranda ainda disse que, em troca, também foi negociada a chegada
das Unidades de Polícia Pacificadora à Baixada Fluminense. Até então, todas as
36 UPPS inauguradas ficavam na capital.
Onze dias
depois da entrevista dada ao Extra, o governo Cabral inaugurou uma UPP em Duque
de Caxias, a primeira na Baixada Fluminense, reduto eleitoral de Aureo.
Em abril de
2014, Cabral renunciou ao cargo, e Pezão assumiu o governo do estado. Nas
eleições de outubro daquele ano, ele venceu a eleição e teve o apoio do
Solidariedade na campanha.
Outro deputado
federal citado na delação de Carlos Miranda é Julio Lopes, do Progressistas.
Ele foi secretário de transportes nos dois mandatos de Cabral no governo do Rio
e não conseguiu se reeleger como deputado federal nas eleições deste ano.
Miranda disse
que em agosto de 2010 foi informado por Wilson Carlos, então secretário de
governo, que o secretário de transportes Julio Lopes providenciou valores de
propina em razão da compra de trens da Supervia, a concessionária de trens do
Rio de Janeiro.
O delator conta
que foi pago R$ 1 milhão para Julio Lopes e que além desse valor o deputado
também recebeu um "prêmio" de R$ 500 mil em 2013. Miranda explicou
que essa propina foi paga em razão de um ajuste feito por Sérgio Cabral com a
Fetranspor. Lopes recebeu tais valores porque, na época, era Secretário
Estadual de Transportes.
O que dizem
os citados
O senador Aécio
Neves diz que desconhece os fatos citados e que considera falsas e
irresponsáveis as acusações feitas pelo delator, que ele afirma não conhecer.
Ele diz ainda que todas as contribuições feitas às campanhas do PSDB, em 2014,
foram devidamente registradas junto à Justiça Eleitoral.
A defesa de
Lavouras enviou nota dizendo que Carlos Miranda "falta com a verdade e
opta pela desonra caluniando pessoas".
A assessoria de
Rose de Freitas esclareceu que "de acordo com o parecer jurídico da
Câmara, o Congresso Nacional não tem competência para fiscalizar os poderes
executivos estaduais".
A assessoria do
deputado Aureo Lídio diz que ele desconhece o conteúdo da suposta delação e
refuta a participação em qualquer ato ilícito.
Em nota, a
assessoria de Julio Lopes disse que a acusação não procede.
"Trata-se
de pura fantasia, concebida da cadeia por um sujeito condenado a dezenas de
anos de prisão. A defesa desafia o delator a provar as suas afirmações e tem
convicção de que essa delação não ficará em pé por muito tempo, visto que
claramente induziu a erro as autoridades que dela participaram. O Deputado
Julio Lopes jamais teve qualquer relação ou encontro com esse delator",
dizia a nota.
A defesa de
Wilson Carlos não quis se manifestar.
A SuperVia
negou que tivesse envolvimento com a compra dos trens citada na delação. A
concessionária foi citada apenas por ser o nome da concessionária que receberia
as composições. A compra foi realizada pelo Governo do Rio de Janeiro e os
trens pertencem ao estado.
A Fetranspor
afirmou desconhecer o teor da delação e explicou que vem desenvolvendo uma
"profunda reestruturação, que incluiu a destituição do antigo Conselho e o
estabelecimento de uma rígida política de compliance".
A defesa de
Sérgio Cabral disse que Carlos Miranda não tinha relação íntima com o
ex-governador: "Nunca gozou da intimidade do ex-governador ou mesmo da sua
amizade, não sendo crível que trocassem informações particulares sobre qualquer
assunto".
Por Marcelo Gomes e Mariana Queiroz,
GloboNews
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