Ativistas
pró-aborto protestam em fente ao Congresso Nacional
em Buenos Aires, na Argentina — Foto: Eitan
Abramovich/AFP
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Paralelos,
outros movimentos feministas com ideais de esquerda pediam a separação de
Igreja e Estado e manifestavam repúdio a morte de ativista.
Cerca de 50.000
mulheres participam entre este sábado e segunda-feira do 33º Encontro Nacional
de Mulheres, que acontece em Trelew, no sul da Argentina, no ano marcado pela
histórica abordagem do projeto de legalização do aborto no Congresso.
Nas jornadas,
que a cada ano contam com mais participantes, busca-se visibilizar "a luta
das mulheres pela igualdade e por uma vida livre de violência machista",
segundo a convocação.
No primeiro
encontro, em 1986, foram 1.000 autoconvocadas, e este ano as organizadoras
aguardam 50.000 mulheres, transexuais e travestis que participarão ao longo de
três dias de 74 oficinas e duas marchas.
A patagônica
Trelew, de 100.000 habitantes, a 1.400 km ao sul de Buenos Aires, foi escolhida
como reconhecimento das mulheres originárias de nações indígenas.
Este grupo vem
lutando para que o encontro passe a se chamar plurinacional, ao invés de
nacional, e que valorizem as suas lutas ancestrais.
Este ano, o
encontro recebe o impulso das maciças manifestações de mulheres que acompanharam
o histórico debate parlamentar do projeto de aborto legal, seguro e gratuito
que, na Argentina, só é permitido em caso de estupro ou de perigo de morte para
a mulher.
Em 13 de junho
foi aprovado pela Câmara de Deputados, mas em 8 de agosto o voto conservador no
Senado se impôs.
"Ao forno
o patriarcado!", é o nome da feira gastronômica para a qual as
participantes reunidas no Autódromo de Trelew são chamadas. Já a feira de
artesanato leva o nome "Evelyn" em homenagem a uma artesã assassinada
por seu ex-parceiro com 20 facadas em 14 de junho.
Um total de 200
feminicídios ocorreram na Argentina de 1º de janeiro a 25 de setembro, um a
cada 32 horas.
Um dos que mais
impacta este encontro é o de Patricia Parra, uma trabalhadora de 56 anos
assassinada horas antes de viajar para Trelew, supostamente por seu
ex-parceiro, a quem havia denunciado por violência de gênero.
Movimentos
de esquerda
Mais do que os
gritos pela legalização do aborto, outro grupo, também em Trelew, abordava
questões ligadas a movimentos de esquerda, como a liberdade de gênero, a
separação entre Igreja e Estado e contra o patriarcado, além de críticas ao
governo de Mauricio Macri.
Com isso, de
acordo com informações do jornal argentino Clarin, as manifestações ganharam a
presença de panos verdes e bandeiras de grupos como La Cámpora, CTA, Mala
Junta, Mujeres Evita, Frente de Esquerda e movimentos guevaristas.
'As Bruxas'
Ainda segundo a
publicação argentina, um grupo de mulheres encapuzadas e vestidas de preto
(apelidadas de "bruxas") tomou as ruas centrais de Trelew levantando
banderias de "comunismo revolucionário" e "feminismo
popular" aos gritos de "Santiago Maldonado, presente". Ativista
argentino, Maldonado foi encontrado morto. Mobilizações culpam o Estado por sua
morte.
O grupo
provocou danos a patrimônios públicos atirando pedras e bombas. A polícia local
reagiu e sete mulheres foram presas.
Por France Presse
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