© AFP O
ministro venezuelano de Comunicação, Jorge
Rodríguez, neste domingo.
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Neste domingo,
o Governo venezuelano aumentou a tensão às suas já frágeis relações
diplomáticas ao insinuar a participação de três países latino-americanos no
ataque contra Nicolás Maduro, em 4 de agosto. O ministro de Comunicação,
Jorge Rodríguez, pediu que México, Colômbia e Chile esclarecessem se têm algo a
ver com o atentado, realizado com drones durante um desfile militar. As
acusações contra Bogotá não são novas –o próprio Maduro apontou o
ex-presidente Juan Manuel Santos, mas desta vez o aparato chavista, cada vez
mais isolado no cenário internacional, vai mais longe.
As supostas
provas esgrimidas por Rodríguez se baseiam no testemunho de um dos presos. Em
um vídeo divulgado pelo Executivo, Henryberth Rivas Vivas, conhecido como Morfeo,
alude ao apoio logístico desses países para facilitar a fuga dos responsáveis.
“A Embaixada da República do Chile... Quem é esse funcionário que este senhor
deveria entrar em contato para poder se esconder e depois fugir?”, perguntou o ministro.
“O encarregado de negócios da Embaixada da Colômbia é quem tem de explicar como
iriam servir de veículo para mandá-lo para a Colômbia. E a Embaixada do México
se estava no processo de triangulação para tornar a fuga efetiva. Devemos
lembrar que a Embaixada do Chile serve de abrigo para um dos senhores mais
violentos da oposição venezuelana, Freddy Guevara”, continuou, referindo-se a
um dos dirigentes antichavistas.
Rodríguez
afirmou que o encarregado de interpelar esses Governos será o ministro das
Relações Exteriores, Jorge Arreaza, e lançou uma advertência que já soa a
condenação. “Em caso de atos terroristas, não existe imunidade diplomática, nem
pelo encobrimento de terroristas”. Além disso, insistiu em envolver no ataque o
deputado oposicionista Julio Borges, que Maduro ameaça prender em quase todos
os pronunciamentos que faz, e exigiu que a Colômbia o extraditasse. Borges
considera que essas palavras refletem a fraqueza do regime diante da pressão
regional.
O Ministério
das Relações Exteriores mexicano rejeitou “categoricamente” as acusações,
qualificando-as de “infundadas”. Em um comunicado, a Secretaria de Relações
Exteriores diz que o pessoal diplomático “age sempre com pleno respeito ao
direito internacional e de acordo com os princípios de política externa”,
determinados pela Constituição. A mensagem foi divulgada pelo Governo de
Enrique Peña Nieto, que permanece no poder até 1º de dezembro, quando será
substituído por Andrés Manuel López Obrador. O atual ministro das Relações
Exteriores, Luis Videgaray, foi particularmente crítico com a situação na
Venezuela e liderou boa parte das iniciativas na Organização dos Estados
Americanos (OEA) contra o regime de Maduro. Espera-se que a estratégia em
termos de política externa do próximo Executivo seja mais amena com Caracas.
“Não vamos colocar o nariz nos assuntos de outros povos”, disse López Obrador
recentemente.
A Colômbia se
juntou à rejeição contundente às insinuações “de uma alegada participação da
missão diplomática em Caracas nos supostos eventos ocorridos em 4 de agosto”.
“Na atual situação que vive a Venezuela, a Embaixada da Colômbia e os 15
consulados credenciados no país irmão não têm outro interesse que não seja
trabalhar coordenadamente para a assistência e a proteção dos nossos
compatriotas, razão pela qual carecem de total fundamento as afirmações do
ministro Rodríguez”, disse o Ministério das Relações Exteriores, que mostra sua
preocupação com a segurança do pessoal diplomático como consequência dessas
insinuações.
O Chile
repudiou “as gravíssimas e caluniosas insinuações e ameaças do Governo de
Nicolás Maduro”. O Executivo de Sebastián Piñera disse em um comunicado que
“considera da mais alta gravidade as ameaças” contra a integridade da
representação diplomática em Caracas. “Exortamos o Governo da Venezuela a agir
com responsabilidade e sensatez e retirar suas insinuações caluniosas contra o
nosso país”, continua o comunicado. “O Governo venezuelano carece de
integridade moral para levantar calúnias contra o Chile.” O Ministério das
Relações Exteriores convocou o embaixador venezuelano em Santiago para uma
reunião na terça-feira de manhã.
Novas prisões
O ministro de
Comunicação, Jorge Rodríguez, anunciou a prisão de três outras pessoas
relacionadas com o atentado, elevando a 28 o número de detidos pelo ataque
contra Maduro. Entre os presos está Angela Lisbeth Expósito Carrillo, que
afirma ter nacionalidade espanhola. As forças de segurança também capturaram
Henryberth Emmanuel Rivas Vivas, que supostamente teria a missão de gravar em
vídeo o atentado, e o coronel aposentado Ramón Santiago Velasco García.
Francesco
Manetto, Víctor Usón, Rocío Montes
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