Reprodução |
Adelio Bispo de
Oliveira, preso na tarde desta quinta-feira (6) suspeito
de esfaquear Jair
Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República, teve problemas
com pelo menos uma parte de sua família. Segundo afirmou ao G1 o marido de uma sobrinha dele,
Adelio era distante da família.
Em entrevista à
imprensa, Pedro Augusto Lima Possa, advogado do suspeito, "Adelio
confessou e assumiu a autoria do atentado" nesta quinta, mas
não tinha a intenção de matar. Solteiro e natural de Montes Claros,
Adelio completou 40 anos em maio e está em Juiz de Fora há pouco tempo, em
busca de trabalho. De acordo com sua defesa, atualmente ele trabalhava como
garçom.
Segundo a
assessoria de comunicação do 2º Batalhão da Polícia Militar de Minas, o
suspeito é formado em pedagogia.
Motivação
religiosa e política
Lima Possa
afirmou à imprensa, na noite desta quinta, que Adelio autorizou a Polícia
Federal a fazer buscas em sua casa, que foram acompanhadas pelo advogado.
"Acabei de chegar da residência dele, onde foram realizadas buscas pela
Polícia Federal, autorizadas por ele, e só agora as testemunhas serão
ouvidas", afirmou o defensor.
Adélio Bispo
de Oliveira, suspeito de esfaquear o candidado
a presidente
Bolsonaro
(Foto:
Divulgação/Assessoria de Comunicação
Organizacional do 2° BPM)
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"Ele
não tinha intenção de matar, em momento algum. Era só de lesionar", disse
o advogado do suspeito.
Ao G1,
Flávio Santiago, major da Polícia Militar de Minas Gerais, afirmou que Adelio
tem uma passagem na polícia por lesão corporal ocorrida em 2013. O motivo não
foi informado. Um familiar contou à reportagem que, naquele ano, fez um boletim
de ocorrência contra Adélio depois de ele invadir a casa da sogra.
'A mando de
Deus'
Já no boletim
de ocorrência do ataque ocorrido nesta quinta, consta que Adelio afirmou, em
conversa com policiais após sua prisão, que esfaqueou
o candidato do PSL "a mando de Deus".
"Em
conversa com o autor, este nos informou que saiu de casa com uma faca de uso
pessoal afim de acompanhar a comitiva, e no melhor momento pudesse, tentar
contra a vida do candidato, assim tendo feito no momento em que a comitiva
passava pela Rua Batista, por achar ser o mais oportuno", diz trecho do
boletim de ocorrência.
Suspeito já
foi filiado ao PSOL (Foto: Betta Jaworski/G1)
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Distante da
família
Ao G1,
o parente de Adelio, que não quis se identificar, afirmou que Adelio estava
distante da família e não enviava notícias. "Ninguém fica sabendo, porque
ele não dá endereço, sumiu no mundo", explicou o homem, que é marido da
sobrinha dele.
"Já tive
confusão com ele, pra mim ele não era normal e deu no que deu", disse ele,
que acredita que Adelio sofre de "algum distúrbio".
De acordo com
ele, o homem teve uma confusão com a família da sobrinha quando arrombou a casa
em que vive a mãe dela. "Depois eu tive confusão com ele e ele foi embora
e não tive mais notícia", contou.
O marido da
sobrinha disse que Adelio é muito religioso.
"Já sabia
que um dia ia acontecer qualquer coisa, ele já 'pegou faca' pra irmã dele. A
família humilde, pobre, não tem ninguém pra internar, aconteceu isso. Eu acho
que é de tanto ler a Bíblia. Acho que ele lia a Bíblia de trás pra frente, de
frente pra trás. Não é normal, não."
De acordo com o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Adelio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSOL
entre 6 de maio de 2007 e 29 de dezembro de 2014. Em nota divulgada nesta
quinta, a Executiva Nacional do PSOL repudiou o atentado contra Jair Bolsonaro.
"A
agressão sofrida pelo candidato do PSL, Jair Bolsonaro, configura um grave
atentado à normalidade democrática e ao processo eleitoral" afirmou o
PSOL, em nota. "Nosso partido tem denunciado a escalada de violência e
intolerância que contaminou o ambiente político nos últimos anos. Por isso, não
podemos nos calar diante deste fato grave. Repudiamos esse ataque contra o
candidato do PSL e esperamos das autoridades as medidas cabíveis contra seu
autor."
Em outro
comunicado, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, afirmou que "o
fato de Adelio Bispo de Oliveiro ter sido filiado ao PSOL, entre 2007 e 2014,
não altera em nada o posicionamento do partido em relação ao inaceitável
atentado sofrido por Jair Bolsonaro" e que "o PSOL rechaçou em nota a
escalada de violência que tem marcado o cenário político nos últimos anos e
manifestou seu repúdio ao atentado sofrido pelo candidato do PSL".
"Independente
de ter tido um breve período de filiação ao PSOL, defendemos que o responsável
responda por seus atos de acordo com a lei", afirmou Medeiros.
Críticas
políticas no Facebook
Em seu perfil
no Facebook, Adelio priorizava publicações de cunho político e social, na maior
parte em tom de crítica. Entre os 13 candidatos concorrendo à Presidência da
República, Bolsonaro era o alvo mais comum das postagens, mas a instituição que
mais recebeu críticas do mineiro de Montes Claros é a Maçonaria.
Henrique
Meirelles (MDB) também foi um candidato que recebeu críticas de Adelio em seu
Facebook.
Já Cabo Daciolo
(Patriota) foi tema de pelo menos duas publicações neste ano: em fevereiro,
quando Daciolo anunciou sua pré-candidatura à Presidência, elogiada por Adelio,
e em junho, quando o mineiro criticou publicamente o fato de o candidato não
ter sido incluído em pesquisas de sondagem eleitoral.
Perfil de
Adelio Bispo de Oliveira no Facebook
(Foto: Reprodução/Facebook)
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No entanto,
Adelio não chegou a demonstrar apoio ou anunciar o voto em um candidato
específico. Em junho, além disso, ele ainda afirmou, em uma publicação, que não
vota mais.
Em uma das
publicações, Adelio vincula Aécio Neves, candidato do PSDB ao Senado Federal, à
Maçonaria.
O suspeito
também criticou o presidente Michel Temer e, em maio, publicou fotos em que
posou ao lado de manifestantes que seguravam cartazes com os dizeres
"renúncia Temer", "fora Temer" e "políticos
inúteis". No mesmo dia, ele publicou uma foto sem legenda de um casal
vestindo camisetas a favor da libertação de Lula da prisão.
Outros temas
que foram alvo de Adelio em seu perfil na rede social incluem a possível venda
da Embraer, o Rio São Francisco, a federalização da segurança pública no
Brasil,o fim do estado laico, a redução da maioridade penal entre outros.
A última
publicação do suspeito que foi mantida aberta data de 3 de agosto.
Ataque em
Juiz de Fora
O
candidato Jair Bolsonaro foi atingido com uma faca por volta das
15h40 desta quinta-feira, enquanto era carregado nos ombros por um eleitor em
um evento de sua campanha em Juiz de Fora.
Em nota, a
Polícia Federal afirmou que "contava com a escolta de policiais federais
quando foi atingido por uma faca durante um ato público na cidade de Juiz de
Fora (MG)" e que "o agressor foi preso em flagrante e conduzido para
a Delegacia da PF naquele município. Foi instaurado inquérito policial para
apurar as circunstâncias do fato".
Um exame indicou
a suspeita de uma lesão no fígado do candidato. Ele foi encaminhado para
cirurgia, e os médicos constataram que não houve lesão no fígado, mas houve
lesões no intestino. No fim da tarde desta quinta-feira, o estado de Bolsonaro
era considerado estável.
Por G1, Montes Claros
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