quarta-feira, setembro 19, 2018

ANÁLISE: o indigesto banquete de Maduro

Vídeo mostra o chef Salt Bae com Nicolás Maduro
 Foto: Reprodução/Instagram/Nusr_et

Opulência exibida por presidente venezuelano contrasta com penúria enfrentada por seus conterrâneos.
Dois terços dos venezuelanos perderam em média 11 quilos no último ano, e a carne sumiu dos mercados, apesar do pacote econômico lançado recentemente pelo governo. Mas, em poucos minutos, a imagem do presidente Nicolás Maduro fartando-se com um churrasco servido pelo chef-celebridade Nusred Gokce em Istambul desmontou a sua tese, repetida exaustivamente em centenas de horas de discursos, de que o imperialismo norte-americano é principal o responsável pela penúria no país.
Com 16 milhões de seguidores no Instagram, o chef deletou o vídeo em que Maduro exibia seus hábitos opulentos, alternando o banquete com baforadas do melhor charuto cubano, retirado de uma caixa personalizada. Era tarde demais para conter a ira dos venezuelanos
A refeição nababesca de Maduro está na contramão da escassez de alimentos e remédios, que põe 87% da população na linha da pobreza, segundo pesquisa realizada por três universidades do país.
Com a maior reserva de petróleo do mundo, a Venezuela parou de produzir notícias boas e também índices oficiais. É um país em colapso, que oscila entre hiperinflação, desabastecimento e perseguição de opositores. No mês passado, o governo criou uma nova moeda, aumentou 35 vezes o salário mínimo e anunciou o corte de subsídios da gasolina. Mas as medidas se mostram ineficazes para reverter o cenário de ruína.
Consumidores examinam carne estragada, misturada à carne fresca,
 oferecida em Mercado em Maracaibo, na Venezuela, no dia 19 de
agosto — Foto: AP Photo/Fernando Llano
Num retrato estarrecedor da degradação do sistema de saúde, repórteres do “New York Times” testemunharam, num só dia, a morte de sete bebês. O relatório anual da revista científica "Lancet" revelou crescimento de 65% na mortalidade materna, de 30% na mortalidade infantil e surtos de doenças já erradicadas, como malária e sarampo.
Mais de 2,3 milhões fugiram desta realidade, em êxodo que a ONU compara ao fluxo de refugiados no Mediterrâneo em seu momento mais crítico. Sem opção, os que ficam fazem fila para comprar a carne estragada por frequentes apagões elétricos. Por isso, o banquete turco de Maduro provoca tanta indigestão em seus conterrâneos e deixa às claras o imperialismo chavista.
Por Sandra Cohen, G1

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