A
ex-presidente Cristina Kirchner durante coletiva de
imprensa no
Senado argentino. TELAM
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Em nova
denúncia, ex-presidente é acusada por motorista de receber propina de empresários.
Um motorista
tumultua a já complicada situação da ex-presidente argentina Cristina Kirchner,
que responde a quatro processos por suspeita de corrupção e irá a julgamento em
dois deles. Oscar Centeno expôs a versão argentina da Lava Jato, descrevendo
minuciosamente a rota do dinheiro sujo do kirchnerismo em oito cadernos
escolares.
Este diário da
propina levou o juiz Claudio Bonadio a decretar a prisão de 12 empresários e
ex-funcionários do governo. E também a pedir, pela segunda vez, que o Senado,
com maioria kirchnerista, retire o foro privilegiado da ex-presidente,
atualmente senadora pela Unidade Cidadã.
O motorista
Centeno trabalhava para Roberto Baratta, adjunto do poderoso ex-ministro do
Planejamento Julio De Vido, que está preso desde o ano passado. Durante dez
anos, anotou dia, hora e local das entregas das supostas propinas mandadas por
grandes empresários a altos funcionários do governo.
Ele calcula ter
transportado US$ 56 milhões em espécie e suas anotações revelam que os destinos
de muitas das bolsas cheias de dinheiro eram o apartamento particular da
ex-presidente, a residência de Olivos e o escritório de chefe de gabinete.
O juiz Claudio
Bonadio estima que o montante da corrupção seja pelo menos três vezes maior do
que o relatado por Centeno em seus cadernos. O cerco ao movimento que dominou a
Argentina durante 13 anos já produziu cenas grotescas. Numa delas, o então
secretário de Obras, José López, foi preso quando tentava esconder, em plena
madrugada, US$ 9 milhões em sete bolsas num convento de Buenos Aires.
Bonadio quer a
autorização do Senado para fazer buscas em propriedades da ex-presidente, que
está convocada para depor no dia 13. Amparada pelo cargo, pode até não
comparecer à audiência, se quiser.
Além de ser
alvo de investigações sobre lavagem de dinheiro, favorecimento e fraudes em
licitações, Cristina é acusada de acobertar iranianos envolvidos no atentado à
Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que matou 85 pessoas em 1994.
De escândalo em
escândalo, a ex-presidente sobrevive e almeja nova candidatura às eleições do
próximo ano. Pela lei argentina, ela pode ser processada e até condenada. Mas o
cargo no Senado a protege da prisão. Resta saber até quando a sua base política
se sustentará.
Por Sandra Cohen, G1
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