Polícia
Federal suspeita de envolvimento do ministro da Secretaria de Governo com
suposta organização criminosa que fraudava registros de sindicatos no
Ministério do Trabalho.
O ministro da
Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou em entrevista coletiva nesta
quinta-feira (5) no Palácio do Planalto que ingressará na próxima segunda-feira
(9) com representação e queixa-crime na corregedoria da Polícia Federal e na
Procuradoria Geral da República nas quais pede apuração de responsabilidades
por um "vazamento canalha" do qual diz ter sido vítima.
Na manhã desta
quinta, no âmbito de uma nova
etapa da Operação Registro Espúrio, o ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi
afastado do cargo por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo
Tribunal Federal. Yomura é suspeito de envolvimento com suposta organização
criminosa que, segundo a PF, cobrava pela emissão de registros de sindicatos no
Ministério do Trabalho. Ele foi alvo de mandados de busca e apreensão e
respondeu a interrogatório nesta quinta na sede da PF em Brasília.
No pedido feito
a Fachin para deflagrar a nova etapa da operação, a Polícia Federal também
solicitou autorização para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços
de Marun, mas o ministro e a Procuradoria Geral da República entenderam que não
havia provas suficientes contra ele.
"Vou à
corregedoria da PF apresentar meu protesto e exigir providências e queixa-crime
em relação a este vazamento canalha, vagabundo, que só tem esse objetivo de eu
passar pelo constragimento que estou passando. Tenho familia, tenho vergonha na
cara e não aceito que isso se dê desta forma. Vou lutar onde precisar para
esclarecer isso", declarou o ministro.
Marun disse
que, há 90 dias, recebeu um grupo de sindicalistas do Mato Grosso do Sul que
tinham "demandas com relação à atividade sindical".
"O que
fiz? Solicitei a uma assessora que acompanhasse esses sindicalistas ao
Ministério do Trabalho para que fosse verificado ou não o atendimento das
demandas, coisas de rotina que faço com varias questões", afirmou.
O ministro
afirmou que vê no "vazamento" uma "conspiração asquerosa"
contra o governo e contra o presidente Michel Temer.
"Não há
nenhuma conversa minha gravada, não há depoimento que me comprometa. Revela
somente a vontade de perseguir aqueles que protestam e se revoltam contra
aqueles que deveriam estar ao lado da lei", declarou.
Nota do
ministro
Leia abaixo a
íntegra de nota divulgada nesta quinta-feira pelo ministro Carlos Marun:
NOTA
Quando me
dispus a enfrentar os evidentes e ilegais abusos de poder praticados por
setores de instituições que deveriam zelar pelo cumprimento da lei sabia que
estava sujeito a retaliações. Mas confesso que não pensava que elas viriam de
forma tão pusilânime como esta tentativa de me envolver com eventuais desvios
de conduta praticados no âmbito do MTE.
Desde que
assumi a Secretaria de Governo, nunca pus os pés no ministério do Trabalho.
Nunca conversei com nenhum servidor daquele ministério a respeito de demandas
de qualquer sindicato.
Nada foi
apurado que evidencie qualquer ilicitude de nossa parte, tanto que os pedidos da
PF foram recusados pelo judiciário.
Todavia,
infelizmente, o ato de rotina de encaminhar, como ministro-chefe da Secretaria
de Governo, por meio da minha assessoria, pleitos que me foram apresentados por
sindicalistas do MS, em reunião pública agendada e divulgada, se transformou em
motivo de enxovalhamento de minha honra.
Em função
disto, apresentarei na segunda-feira, em horário já agendado na Corregedoria da
PF e na PGR, representação e queixa-crime contra esses vazamentos direcionados
que tentam me denegrir.
Por fim,
afirmo que continuo na luta para que o nosso Congresso aprove com maior
brevidade possível, lei que permita a real punição de abusos de autoridade como
este.
Carlos Marun
- ministro-chefe da Secretaria de Governo
Por Guilherme Mazui e Roniara Castilhos, G1,
Brasília
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