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Um soldado
norte-coreano desertou nesta quinta-feira (21) para a Coreia do Sul
atravessando a parte central da zona desmilitarizada (DMZ) que divide a
península coreana, anunciou o Ministério da Defesa sul-coreano.
O soldado
norte-coreano, de "baixa patente", surgiu em frente a um posto de
guarda de fronteira sul-coreana por volta das 08:04h (horário local) sob
nevoeiro cerrado, detalhou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, num
comunicado citado pela agência de notícias Yonhap.
Mais tarde,
tropas sul-coreanas dispararam tiros de advertência quando soldados
norte-coreanos se aproximaram da fronteira após a deserção de um deles, afirmou
um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul. Os soldados norte-coreanos
estacionados na fronteira pareciam estar tentando localizar o militar que
desertou pela manhã, de acordo com a mesma fonte.
Este é o quarto
soldado norte-coreano que foge para a Coreia do Sul neste ano, e o primeiro
desde a dramática deserção de um militar que recebeu cinco tiros do Exército
norte-coreano, no mês passado, durante sua fuga através da Zona de Segurança
Conjunta, a única área de fronteira onde soldados das duas Coreias estão lado a
lado.
Deserção espetacular
Na deserção de
13 de novembro, segundo imagens divulgadas dias depois pelo Comando das Nações
Unidas (UNC, na sigla em inglês), liderado pelos Estados Unidos, que vigia o
armistício, o soldado tentou aparentemente cruzar a linha de demarcação, que
divide em dois a zona desmilitarizada.
No entanto, o
off-road que dirigia ficou preso numa vala a poucos metros da linha de
demarcação, e o ruído alertou vários soldados norte-coreanos estacionados nas
imediações que correram na direção ao veículo. O militar desceu então do jipe e
atravessou a fronteira correndo, enquanto quatro soldados se aproximaram e
começaram a disparar a poucas dezenas de metros de distância.
Um dos soldados
norte-coreanos chegou a atravessar a linha durante escassos segundos, o que
além dos tiros – que foram efetuados em direção ao Sul – constituiu, segundo o
UNC, uma violação do cessar-fogo que colocou fim à Guerra da Coreia (1950-53).
Outras imagens
capturadas por uma câmara térmica mostraram o resgate posterior do soldado por
três militares sul-coreanos que o arrastaram pelo chão para evitar que fosse
novamente baleado, levando-o depois para um lugar seguro até ser transportado
para o hospital.
O militar, que
tem entre 20 e 30 anos, ficou na unidade de cuidados intensivos para garantir
que não sofresse mais infeções. Isso porque, durante as intervenções
cirúrgicas, foram encontradas várias lombrigas intestinais no corpo do soldado
que contribuíram para infeccionar os órgãos afetados pelos tiros. Além disso, o
soldado mostrou sintomas de "stress psicológico severo e depressão"
após o incidente, segundo o cirurgião que liderou as operações.
Apesar do nome,
a DMZ é uma das fronteiras mais militarizadas no mundo. Trata-se de uma faixa
de terreno de quatro quilômetros ao longo da fronteira entre as duas Coreias,
com arame farpado, vedações eletrificadas, campos minados e paredes antitanque.
Cerca de 30 mil
soldados da Coreia do Norte desertaram para a Coreia do Sul desde o final da
Guerra da Coreia, mas a maior parte usou rotas de fuga através da China.
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