Rio
Magdalena, que terá obra de sua recuperação contratada
pela Odebrecht transferida para outra empresa
(Foto:
Divulgação/Odebrecht)
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Governo
colombiano informou que irá lançar uma nova licitação e transferir a obra para
outra empresa; contrato havia sido considerado nulo em abril.
A Colômbia
terminou um contrato US$ 850 milhões com o consórcio Navelena, liderado pela
Odebrecht, para a recuperação da navegabilidade do rio Magdalena, informou o
governo colombiano na quinta-feira (13), acrescentando que irá lançar uma nova
licitação e transferir a obra para outra empresa.
"Estamos
cumprindo com o país com a assinatura no dia de hoje desta liquidação tão
esperada do contrato com o Navelena, para poder assim avançar com decisão para
a transferência para um novo projeto de recuperação do nosso rio
Magdalena", disse a jornalistas Alfredo Varela De la Rosa, diretor da
agência responsável pela administração do Rio, a Cormagdalena.
O governo da
Colômbia havia declarado o contrato nulo em abril, mas só conseguiu assinar o
ato de liquidação bilateral quase seis meses depois.
A anulação do
contrato foi determinada depois que a Odebrecht, que tinha 87% do consórcio
Navelena, não conseguiu apresentar garantias financeiras para desenvolver o
projeto nem transferir sua participação para outra empresa, em meio a acusações
de corrupção na Colômbia e em outros países da América Latina após a
deflagração da operação Lava Jato no Brasil.
Na Colômbia, a
Odebrecht é acusada de ter feito pagamento de propina de mais de US$ 27 milhões
para a obtenção de contratos públicos, o que levou à prisão ex-funcionários
públicos e políticos, além de ter respingado nas campanhas do presidente Juan
Manuel Santos em 2010 e em 2014.
Caso
Odebrecht na Colômbia
A Odebrecht é
investigada por pagar propina para garantir o contrato de um trecho da estrada
Ruta del Sol II. As obras também são acusadas de descumprirem licenças
ambientais. O ex-ministro de Transportes, Gabriel Garcia Morales, foi preso por
receber US$ 6,5 milhões em propina.
Outras 10
pessoas estão detidas, 3 têm pedido de prisão e mais 7 são investigados. A
construtora perdeu o contrato e devolveu, até o momento, 32 bilhões de pesos
colombianos (cerca de US$ 10,8 milhões). Investigações apontam que o pagamento
de propina pode ter chegado a US$ 42 milhões (124 bilhões de pesos
colombianos).
- Quais as
obras com suspeita de irregularidades no país?
A obra pela
qual a Odebrecht investigada é a concessão do trecho entre Ocaña e Gamarra, da
estrada Ruta del Sol II. A via é estratégica para o comércio no nordeste
colombiano, porque conecta transportes multimodais da região até o mar do
Caribe. A concessão inclui a construção de 600 km de estradas com pista dupla,
que liguem o centro do país à costa atlântica, entre as cidades de Puerto
Salgar (Cundinamarca) e San Roque (Cesar), um projeto ainda não concluído.
- Quais as
irregularidades apontadas/o que foi delatado pela Odebrecht?
Além das
acusações de propina para conseguir a licitação da estrada, as obras também são
investigadas por descumprimentos de licenças ambientais emitidas pela
Autoridade Nacional de Licenças Ambientais. Entres os crimes delatados, estão
caixa 2, lavagem de dinheiro, suborno, tráfico de influência e manipulação de
pesquisas eleitorais.
- Qual o
montante de propina pago?
US$ 11 milhões,
segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Mas investigações já
apontam que o valor pode ultrapassar os 124 bilhões de pesos colombianos, cerca
de US$ 42 milhões, quase quatro vezes o valor informado.
- Já houve
consequências para a empresa? Se sim, quais?
O contrato de
concessão da estrada foi cancelado. Como consequência, as obras de construção
da rodovia foram interrompidas e diversos trabalhadores foram demitidos. A
empresa está temporariamente impedida de disputar contratos de obras públicas
locais.
- Há pessoas
presas? Quantas são investigadas? Quem são?
Ao menos 11
pessoas já foram presas e uma empresa de câmbio usada para lavagem de dinheiro
(com 200 empregados) foi fechada. São elas:
Gabriel Garcia
Morales, ex-vice ministro de Transportes, foi preso em janeiro por receber
propina de US$ 6,5 milhões da Odebrecht
Otto Bula,
ex-senador, preso em janeiro por receber pelo menos US$ 1 milhão.
Federico
Gaviria, empresário ligado a Bula, peça chave nas negociações de corrupção,
preso no último dia 18 de julho por conspiração, lavagem de dinheiro, suborno,
tráfico de influência e enriquecimento ilícito
Eduardo José
Zambrano, contratista ligado a Gaviria, preso no último dia 18 por conspiração,
lavagem de dinheiro, suborno, tráfico de influência e enriquecimento ilícito
Gustavo Adolfo
Torres Forero, representante legal e proprietário da empresa de corretagem de
Profesionales de Bolsa. Preso em julho por lavagem de dinheiro e enriquecimento
ilícito
Gabriel
Alejandro Dúmar Lora, advogado representante da Sion, uma das cinco empresas
acusadas de servirem como intermediárias no repasse de dinheiro. Ele é acusado
de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito
Juan Sebastián
Correa, ex-assessor da Agência Nacional de Infraestrutura, acusado de tráfico
de influência, abuso de função pública e falso testemunho. Segundo as
investigações, ele servia de intermediário entre Bula e o ex-gerente da
campanha presidencial de Juan Manuel Santos, Roberto Prieto
César Hernández,
empresário dono de uma das contas no Panamá usadas para levar o dinheiro ao
país, está em prisão domiciliar
Gustavo Urrego,
empresário chefe de Hernández, também serviu como intermediário para entrega de
dinheiro de suborno. Está em prisão domiciliar
Irmãos Enrique
e Eduardo Ghisays, empresários, acusados de lavagem de dinheiro por emprestarem
suas contas para a entrada de dinheiro da propina na Colômbia
A Fiscalía
ainda tem mandados de prisão de três envolvidos no caso, incluindo dois
brasileiros:
Eder Paolo
Ferracuti, cidadão português, representante legal da Concessionária Rota do Sol
Marcio
Marangoni Marangoni, brasileiro, funcionário do Consorcio Constructor Ruta del
Sol
Amilton Ideaki
Sendai. brasileiro, funcionário da Odebrecht
Outros são
investigados:
Bernardo Elías
Vidal, senador, conhecido como o Ñoño Elias, é um dos principais suspeitos de
receber propina desde o início das investigações. Ele teve o visto para os EUA
confiscado e está sendo investigado pela Corte Suprema de Justicia
Luis Fernando
Andrade, diretor da Agência Nacional de Infra-estrutura, se encontrou ao menos
9 vezes com Elias, entre 2013 e 2016, tendo a Ocaña-Gamarra como principal
tópico de conversa
Plinio Olano
Becerra, senador que deixou o cargo para assumir o posto de diretor da
Federación Nacional dos Departamentos. Embora negue as acusações, é apontado
por Gabriel Garcia Morales como "parte da equipe da Odebrecht na Colômbia,
especificamente no Congresso", porque era supostamente parte de uma "estratégia
de assédio" para garantir o negócio para o concessionário Ruta del Sol
Antonio Guerra
de la Espriella, senador, apontado pela Fiscalía como suspeito de receber
propina
Ciro Rodriguez,
deputado conservador nascido em Ocaña, pertence à comissão da Câmara dos Deputados
que lida com questões de infraestrutura. Apontado por Andrade, juntamente com
Elias, como um dos mais interessados no esquema
Musa Besaile
Fayad, senador que é, assim como Elias, chefe eleitoral na região do Caribe. A
Corte Suprema o investiga desde março deste ano. Apontado, junto com Elias,
como homem de confiança de Otto Bula
José Elías
Melo, ex-presidente da empresa de soluções financeiras Corficolombiana, teve
prisão pedida pela Fiscalía, acusado de saber e de participar ativamente do
repasse de US$ 6,5 milhões a Morales
- A
Odebrecht fechou acordo de leniência no país? Se sim, o que prevê o acordo?
Não, mas há
negociações em curso. Em janeiro, a Odebrecht pediu um acordo de imunidade e a
Fiscalía cobrou que a construtora pagasse o valor integral do dano causado aos
cofres públicos, estimados em 32 bilhões de pesos colombianos.
Por Reuters
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