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BRASÍLIA - O início da tramitação
da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara revelou um cenário de incerteza e preocupação para o
Palácio do Planalto. Aliados admitem que o governo terá dificuldades para
alcançar maioria simples no colegiado, cujo parecer será posteriormente votado
pelo plenário. Temer, diante disso, assumiu pessoalmente a negociação e nos
últimos dois dias recebeu ao menos 48 deputados no Planalto.
Antes do embarque, nesta
quinta-feira, 6, para a Alemanha, onde participa da reunião do G-20, Temer
intensificou o corpo a corpo. Nesta quarta-feira, 5, ao fim do dia, o
presidente convocou uma reunião de última hora e pediu que os ministros se
mobilizem no Congresso para defender o governo e mantenham uma agenda positiva.
Em encontro no Planalto com 22
representantes de ministérios, Temer fez sua defesa. Entre os temas abordados,
segundo relatos de presentes, estavam críticas ao procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, e comentários sobre a indicação do deputado Sergio
Zveiter (PMDB-RJ) para a relatoria da denúncia na CCJ. Zveiter é considerado
uma “incógnita” por auxiliares do Planalto.
A reunião ministerial, que começou
às 20h, terminou por volta das 23h. Temer deixou o Planalto às 23h30,
completando quase 14 horas de agenda pelo segundo dia consecutivo. Ainda nesta
quarta-feira, o presidente entregou à Câmara dos Deputados sua defesa contra a
denúncia.
A CCJ da Câmara é formada por 66
parlamentares e são necessários ao menos 34 votos para a aprovação de um
relatório favorável ou rejeição de um parecer desfavorável ao presidente – que
foi acusado de corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot.
Placar do Estado sobre
as declarações de votos dos integrantes da comissão mostra que os deputados da
base ainda resistem a anunciar apoio ao presidente. Até a conclusão desta
edição, apenas seis parlamentares governistas afirmaram que vão votar contra a
admissibilidade da denúncia na CCJ. Por outro lado, já são 17 deputados
favoráveis à aceitação da acusação.
PSDB. O vice-líder da
bancada do PMDB, Carlos Marun (MS), reconheceu que na comissão não há votos
suficientes na própria base aliada, em especial o PSDB. “Temos problema de seis
votos da base”, afirmou. Temer recebeu no Planalto pelo menos oito titulares da
comissão, entre eles três tucanos – Silvio Torres (SP), Eliseu Dionisio (MS) e
Paulo Abi-Ackel (MG).
Zveiter manteve suspense sobre que
posição vai adotar em seu parecer que deve ser apresentado na próxima
segunda-feira, 12. O relator escolhido pelo presidente da comissão, Rodrigo
Pacheco (PMDB-MG), prometeu ser “independente”. Nesta quarta-feira, Temer se
reuniu com o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, do PMDB do Rio, mesmo
partido e Estado de Zveiter.
Na avaliação de governistas, a
eventual aprovação de um parecer que peça a aceitação da denúncia pode ter um
efeito cascata na votação no plenário – é necessário o mínimo de 172 votos para
que seja recusada a autorização para que o Supremo Tribunal Federal julgue a
acusação formal contra o presidente.
Trocas. Enquanto o
governo tenta buscar votos, aliados fazem mudanças na composição da CCJ para
garantir apoio ao Planalto. Nesta terça-feira, 4, o líder do SD, Áureo (RJ),
deixou a titularidade da comissão e indicou Laércio Oliveira (SE). Áureo já
havia substituído Major Olímpio (SP) na vaga de titular. Olímpio, opositor do
governo, foi para a suplência. / DAIENE CARDOSO, TÂNIA MONTEIRO,
ISADORA PERON e MURILO RODRIGUES ALVES
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