Informação foi repassada após
reunião da Liesa com o prefeito Marcelo Crivella. Riotur diz que vai garantir
mais R$ 6,5 milhões com patrocinadores.
Os ensaios técnicos da escolas de samba no Sambódromo, no Centro do Rio,
correm o risco de não acontecer neste carnaval. É que com o corte da subvenção
da prefeitura as escolas e a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) e
as 13 agremiações do Grupo Especial talvez não tenham como arcar com as
despesas de uso da Marquês de Sapucaí, estimadas em R$ 4 milhões. Os ensaios
técnicos, uma prévia dos desfiles, com entrada franca, eram realizados nos fins
de semana, um mês antes, do desfile oficial.
Na manhã desta segunda-feira (10), na segunda reunião entre o prefeito
Marcelo Crivella, o presidente da Liesa, Jorge Castanheira e os presidentes das
escolas do Grupo Especial, ficou acertado que a prefeitura vai repassar às
escolas R$1 milhão em parcelas entre julho e novembro e que a Riotur
repassaria, através de contratos com patrocinadores, mais R$ 500 mil a cada uma
das 13 escolas, sem prazo ainda definido. A reunião a portas fechadas ocorreu
na sede da prefeitura, na Cidade Nova, no Centro do Rio.
Segundo Castanheira, o ensaio técnico, que não está dentro do contrato
com a prefeitura e está em suspenso inicialmente. Com o corte na subvenção
municipal, as escolas também ainda terão analisar se terão como participar dos
eventos do réveillon, este sim, previsto em contrato.
"Vamos analisar ainda, porque é um custo muito grande para a Liesa é
para as escolas. Já a participação das escolas no réveillon, que está em
contrato, vai se depender de um esforço de cada escola. Entendemos a crise que
a prefeitura está passando e o prefeito teve sensibilidade para entender a
dificuldade das escolas. A Riotur garantiu que já está em negociação com
patrocinadores para conseguir os R$ 6,5 milhões, de complemento", destacou
Castanheira, lembrando que a prefeitura havia feito cortes de 25% nos demais
contratos firmados e só o carnaval teve um corte de 50%.
Por conta do corte de verba, Castanheira admitiu ter de rever o
regulamento para os desfiles de 2018. Ou seja, a possibilidade de reduzir o
número de alegorias. As escolas também teriam que se readequar, com a redução
do contingente de componentes.
"Chegamos a uma equação com a prefeitura. Agora, as escolas terão de
fazer um exercício forte para reverter o atraso que esse impasse causou. Elas
vão ter de se reestruturar no limite do razoável. Não vai ser fácil, faz falta
esses R$ 500 mil. Mas as escolas vão fazer um esforço e vamos fazer um belo
espetáculo", disse o presidente da Liesa.
Presidentes das escolas como Ney Filardi, da União da Ilha do Governador,
não saíram exatamente satisfeitos com o resultado da reunião. Segundo ele, as
soluções alternativas não vão compensar as perdas do carnaval.
"Tivemos a perda do patrocínio da Petrobras, depois perdemos a ajuda
do governo do estado e agora a prefeitura só vai pagar R$ 1 milhão e parcelado.
Os R$ 500 mil da Riotur não estão certos. Onde vai parar a qualidade do
carnaval? Material e mão de obra estão mais caros", destacou Filardi.
O presidente da Estação Primeira de Mangueira, Chiquinho da Mangueira,
lembrou que a esta época do ano, as escolas já firmaram compromisso com
mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, pessoal do barracão e que,
quanto mais tarde deixa para fazer a compra do material, mais alto fica o custo
do carnaval.
"Quanto mais se demora, mas caro fica o carnaval, mais caro fica o
material. O ideal seria que a gente tivesse uma carta de crédito da Liesa com o
repasse da prefeitura, para que pudéssemos ir ao mercado buscar os materiais
que precisamos. Mas infelizmente isso não aconteceu. A Mangueira vem de um resgate
de nove anos de dívidas, de 149 ações trabalhistas. Conseguimos pagar R$ 9
milhões dos R$ 14 que a escola devia. Certamente que com essa redução da verba,
vamos ter de cortar uma alegoria e componentes. E não vai ter ensaio técnico.
Cada ensaio custa para as escolas de R$ 150 mil a R$ 200 mil. Não temos como
arcar com isso quando há corte de verbas. E também vai ser difícil a Mangueira
participar do réveillon, que custa uns R$ 80 mil. Temos de buscar uma maneira
de economizar", disse Chiquinho da Mangueira.
Uma nova reunião entre o prefeito, a Liesa e as escolas de samba foi
marcada para a próxima segunda-feira (17), quando será assinado o contrato para
o repasse da verba.
Por Alba Valéria Mendonça, G1 Rio
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