Grupo de
apoiadores do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro,
invadiu a sede do Parlamento, que é controlado
pela oposição –
05/07/2017ns (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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O grupo de chavistas armados que
invadiu a Assembleia Nacional da Venezuela nesta quarta-feira e deixou 12
pessoas feridas manteve durante mais de sete horas um bloqueio ao local,
informou o jornal El Nacional. De acordo com o presidente da Assembleia, Julio
Borges, 350 pessoas, incluindo deputados, jornalistas e funcionários do
Parlamento permaneceram sitiados dentro do edifício.
O deputado opositor Henry Ramos
Allup responsabilizou o presidente Nicolás Maduro e a Guarda Nacional
Bolivariana (GNB) pelo ataque comandado pelo Coletivo (milícia armada
simpatizantes do governo). “Tudo isso aconteceu diante do olhar impassível da
Guarda Nacional. Estes são fatos sumamente graves”, afirmou Ramos em entrevista
coletiva na sede do Parlamento. “Em uma mostra inaudita desse cinismo descarado
que o caracteriza, (Maduro disse que) para ele estes fatos eram muito
estranhos”, disse.
O deputado, que já foi presidente
da Assembleia Nacional, contou que dezenas de pessoas identificadas com a
chamada revolução bolivariana atacaram a Câmara com pedras e explosivos “de
alta ressonância” e que “houve disparos de armas de fogo”, que deixaram
“buracos de bala em muitas das paredes e vidros quebrados”. “Isto faz parte do
assédio delinquencial das milícias armadas do regime contra a Assembleia
Nacional”, completou.
Sete parlamentares foram feridos e
cinco estão hospitalizados. Os deputados Américo de Grazia, Nora Bracho,
Armando Armas, Luis Carlos Padilla e Leonardo Regnault foram atingidos
fortemente -três deles na cabeça- e levados a um centro médico. Manchas de
sangue podiam ser vistas nas paredes, e alguns legisladores estavam com as
roupas rasgadas. De Grazia teve convulsões e ferimentos mais graves. “Isso não
dói mais do que ver todos os dias como perdemos o país“, declarou Armas aos
jornalistas ao subir em uma ambulância com curativos na cabeça.
Pouco antes dos episódios de
violência no Legislativo, o vice-presidente do Governo, Tareck el Aissami,
havia convocado “o povo das ruas” a ir à Assembleia, em um discurso no
Parlamento no qual acusou de traidora a maioria opositora e a recriminou por
ter “sequestrado” o Parlamento.
“Jamais serei cúmplice de nenhum
caso de violência. Eu os condeno, ordenei uma investigação e quero que se faça
justiça”, afirmou o presidente venezuelano hoje durante o desfile cívico
militar em Caracas em comemoração ao 206º aniversário da independência
venezuelana. Sem admitir que quem entrou no Legislativo foram seus apoiadores,
Maduro condenou os acontecimentos e pediu uma investigação.
Desde 1º de abril, a Venezuela
vive uma onda de manifestações contra o governo. Os manifestantes exigem a
saída de Maduro, cuja dura repressão já deixou 91 mortos e mais de mil feridos,
segundo o Ministério Público do país.
O cenário é agravado por uma devastadora
crise econômica e uma inflação fora de controle no país, com uma grave escassez
de alimentos e remédios. “Não vamos nos intimidar com esses atos de violência.
Não vamos nos calar sobre a Constituinte comunista“, disse o vice-presidente do
Congresso, Freddy Guevara.
(com EFE e AFP)
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