Colonos
israelenses no assentamento de Itamar,
leste de Nablus, na Cisjordânia
(Reuters/Reuters)
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A solução do conflito continua tão
distante quanto era meio século atrás
No dia em que se celebram os 50
anos da Guerra dos Seis Dias, o processo de paz entre
israelenses e palestinos parece tão distante quanto era meio século atrás.
Nesta segunda-feira, após uma semana marcada por declarações controversas de
ambos os lados, o secretário-geral da Organização para a Libertação da
Palestina (OLP), Saeb Erekat, endureceu o tom das críticas contra Israel. “A
ocupação é uma vergonha para a comunidade internacional”, disse Erekat. “Não
queremos outros 50 anos de impunidade e cumplicidade com a sistemática negação
dos nossos direitos”, completou.
A ocupação dos territórios
palestinos por Israel segue como o principal nó nas negociações. Além de
mais de 400.000 mil judeus viverem hoje na Cisjordânia e
outros 200.000 em Jerusalém Oriental,
o que por si só dificulta qualquer possível iniciativa de desocupação, os
escassos recursos da região são um ponto fundamental das ambições territoriais.
Israel é abastecida principalmente pelo rio Jordão, localizado no lado
palestino ocupado. “A disputa pela água é um complicador nas negociações”,
afirma Marcelo Suano, fundador do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações
Internacionais (CEIRI).
Na semana passada, o
primeiro-ministro de Israel, Benjamin
Netanyahu, descartou a possibilidade de retirada, o que provocou
reações duras também da Autoridade Nacional da
Palestina (ANP). Para a ANP, nenhum consenso é possível enquanto o
Estado judeu mantiver o controle militar da Cisjordânia. O porta-voz da
presidência palestina, Nabil Abu Rudeineh, reafirmou que a paz e a
segurança só serão obtidas com a retirada completa israelense dos territórios
palestinos, ocupados em 1967. “Não aceitaremos nenhum acordo que mantenha
qualquer soldado israelense em terras do Estado independente da Palestina”,
declarou.
Um dia antes, Netanyahu afirmou
que Israel não se retiraria do território. “Qualquer acordo de paz incluirá
controle militar na Cisjordânia”, disse. O primeiro-ministro israelense irritou
os palestinos ao realizar, no domingo, dia 28, a reunião semanal com seus
ministros nos subterrâneos do Muro das Lamentações –
localizado na parte oriental de Jerusalém, capturada durante a
guerra.
“O governo israelense decidiu
marcar os 50 anos de ocupação e começo do mês sagrado do Ramadã enviado uma clara
mensagem ao povo palestino de que as violações sistemáticas dos seus direitos
inalienáveis continuarão. A reunião na zona oriental ocupada de Jerusalém é uma
tentativa de normalizar a ocupação, opressão e colonização sobre a terra e as
pessoas da Palestina”, declarou o secretário-geral da OLP.
Israel manteve a ocupação de todos
os territórios conquistados até 1979, quando a devolução do Sinai, mediada
pelos Estados
Unidos, marcou um acordo de paz com o Egito. Nos dois anos
seguintes, no entanto, Israel expandiu suas fronteiras e anexou Jerusalém
Oriental e as Colinas de Golã, ocupadas desde a Guerra dos Seis Dias.
Apesar da comunidade internacional
jamais ter reconhecido tal ação, o parlamento israelense aprovou em 1980 uma
resolução estabelecendo que Jerusalém unificada é a “capital eterna e
indivisível do Estado de Israel”.
Em 2005, depois de mais de quase
40 anos, Israel desocupou a Faixa de Gaza,
com a retirada das tropas e de 8.000 colonos. O país mantém, no entanto, o
controle de fronteiras e impõe um rigoroso bloqueio ao território.
Para Marcelo Suano, a solução de
dois Estados é a mais promissora possibilidade de paz na região, uma vez que o
principal objetivo de Israel seria o reconhecimento como nação. “Isso já está
quase concluído. A questão agora é como estabelecer garantias de segurança para
os israelenses, mas, também, em como serão dadas condições justas de vida aos
palestinos em seu Estado”, afirma Suano.
Por Angela Nunes
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