Homem
socorre criança após suposto ataque químico em Idlib,
no norte da
Síria,(Foto: Edlib Media Center, via AP)
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Governo americano advertiu que,
se o ataque ocorrer, Damasco pagará 'um preço alto'. Síria diz não ter armas
químicas.
O governo americano denunciou que
o presidente sírio, Bashar al-Assad, está preparando um novo ataque com armas
químicas para provocar o "massacre" de civis e advertiu que, se o
ataque acontecer, Damasco pagará "um preço alto".
"Os Estados Unidos
identificaram a possível preparação de outro ataque com armas químicas por
parte do regime de Assad, que poderia provocar um massacre de civis, incluindo
crianças inocentes", disse o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, em um
comunicado divulgado na segunda-feira (26) à noite.
De acordo com a Casa Branca, as
atividades são similares aos preparativos que o regime realizou antes do ataque
com armas químicas em 4 de abril de 2017 contra uma cidade controlada
pelos rebeldes.
Na ocasião, em represália, Washington lançou 59 mísseis contra uma base
aérea síria, a primeira intervenção armada dos Estados Unidos contra o
governo de Damasco.
"Se Assad cometer outro
assassinato em massa com um ataque de armas químicas, ele e seus militares
pagarão um preço alto", advertiu Spicer.
"Qualquer novo ataque contra
a população síria será atribuído a Assad, mas também à Rússia e ao Irã, que o
ajudaram a matar seu próprio povo", declarou a embaixadora americana na
ONU, Nikki Haley, ontem à noite, pelo Twitter.
Nesta terça-feira, o secretário
britânico da Defesa, Michael Fallon, disse à rede BBC que seu país
"apoiará" uma ação militar dos Estados Unidos, no caso de um ataque
químico sírio.
Aliado fiel da Síria, a Rússia
classificou as declarações de Washington como "inaceitáveis".
"Consideramos que tais
ameaças contra o governo sírio são inaceitáveis", disse à imprensa o
porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ressaltando que Moscou desconhece as
"razões", ou provas, que motivam as acusações americanas.
"Se não houver investigação,
culpar Assad é impossível, ilegítimo e injusto", completou Peskov.
Assad nega, reiteradamente, que
suas forças tenham usado armas químicas em abril contra a cidade rebelde de
Khan Sheikhun, alegando que essas alegações "foram 100% fabricadas".
O ataque deixou 88 mortos, incluindo 31 menores, e gerou uma onda de indignação
na comunidade internacional.
O presidente americano, Donald
Trump, chegou a expressar sua indignação com o ataque de abril, devido,
sobretudo, ao elevado número de crianças entre os mortos.
De acordo com o Observatório Sírio
dos Direitos Humanos (OSDH), esse bombardeio foi o segundo "ataque
químico" mais sangrento desde o início do conflito em 2011. No primeiro,
em 2013, usou-se gás sarin contra o subúrbio de Damasco. Pelo menos 1.400
pessoas morreram.
Assad nega
O presidente sírio garante que seu
governo entregou em 2013 todas as armas químicas que tinha em seu poder com
base no acordo negociado com a Rússia, para evitar a ameaça de um ataque dos
Estados Unidos. O acordo foi posteriormente referendado em uma resolução do
Conselho de Segurança da ONU.
O secretário americano da Defesa,
Jim Mattis, disse, porém, não ter "a menor dúvida" de que Damasco
manteve armas químicas. Segundo um estudo militar israelense, Assad ainda
dispõe de "algumas toneladas" de armas químicas.
Nesse cenário, o porta-voz da Casa
Branca lembrou, em sua nota de ontem, que "os Estados Unidos estão na
Síria para eliminar o Estado Islâmico da Síria e do Iraque", e não para
lançar uma guerra contra Assad.
A declaração de Spicer foi
corroborada por Mattis pouco depois.
"Não atacaremos a menos que
seja o inimigo, a menos que seja o Isis [acrônimo usado pelo governo americano
para se referir ao EI]", declarou o chefe do Pentágono aos jornalistas que
o acompanham em viagem pela Europa.
A coalizão liderada pelos EUA na
Síria apoia as forças rebeldes curdo-árabes que tentam reconquistar Raqa das
mãos do Estado Islâmico e também ajudam as forças iraquianas a combater o grupo
em Mossul, no Iraque. Enquanto isso, Assad conta com o apoio de bombardeios
russos e do Irã.
A guerra síria começou em 2011 com
protestos contra o governo até se transformar em um devastador conflito. Pelo
menos 320 mil pessoas já morreram.
Por France Presse
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