Maior
operação contra a corrupção na PM prende
mais de 60
policiais. Reprodução Rede Globo
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Agentes negociam liberação de
bandido preso. "Não estamos pedindo nada demais", diz PM. Traficantes
pedem "voto de confiança".
O inquérito da operação Calabar,
que terminou com 63 PMs e 22 traficantes presos nesta quinta-feira (29) no Rio
de Janeiro reúne mais de vinte mil gravações, com autorização da justiça. O
RJTV conseguiu, com exclusividade, escutas telefônicas que revelam como os
policiais agiam pra extorquir dinheiro dos traficantes. Os diálogos revelam
situações como o pedido de propina de policiais para liberar traficantes
sequestrados por eles.
Um dos áudios mostra o pedido de
socorro de traficantes, desesperados com o sequestro do comparsa. Quem exige o
resgate é um PM, que fala com gíria. Cada caixa significa mil reais. Depois da
negociação, o valor da extosão, que era de R$ 5 mil, baixa para três.
"Os cana quer cinco mil pra
soltar nós! (sic). Estava na boca aqui, mano! Se não vai levar nós "de
dura", queixa-se o traficante sequestrado. "Não vai levar não, mano.
Fica tranquilo. Deixa eu falar com eles", responde o outro.
"Três caixas agora, manda o
formiguinha trazer. Ele traz e a gente separa. Traz três caixas e a gente vai
liberar o moleque", responde o PM, já conversando com o traficante em
liberdade.
“Não tô querendo tirar vocês como
otário, não. O que acontece? Ultimamente a boca tem tido muita perda,
mano", argumenta o bandido.
Em seguida, o PM cobra: “Da última
vez ficou faltando já mil e quinhentos, ia vir dois mil. Veio quinhentos. Manda
três caixas, que a gente vai liberar os moleques sem esculacho", diz.
O policial ainda reclama que os
traficantes desconfiam que eles não são da corporação quando aparecem sem farda.
Ele pede a propina em 20 minutos.
"Dá ultima vez falaram assim:
vocês não são polícia. Falaram assim pra gente: vocês não são policia. Vocês
querem o quê? Sintonia aonde?", queixa-se o a gente. "Meteram assim,
pra gente. Pô, que isso, rapaz? A gente vem fardado, quando não vem um ou
outro, que não vem fardado. Vem a paisana, que é para poder pegar, você sabe
que é sim", reclama.
Depois de voltar a pedir a
propina, o PM ainda faz uma advertência: "A gente vai vir fora de hora,
vai vir de serviço, fora de serviço, a gente quer sintonia de uma caixa. A
gente quer uma caixa por semana e aí a gente não vai vir aqui nunca mais".
Em outra gravação, o PM volta a
cobrar, dizendo que o dinheiro entregue é menor do que o combinado. O
traficante pede "um voto de confiança" e acerta nova remessa para o
dia seguinte. "Para não ter estresse", observa o policial.
Por Felipe Freire e Leslie Leitão, RJTV
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