Manifestantes
entram em confronto com a polícia durante
protesto que pede a saída do presidente Michel
Temer
em Brasília (DF) - 24/05/2017 (Victor
Moriyama/Getty Images)
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Centrais sindicais e movimentos
sociais dizem que mascarados se infiltraram no protesto e a PM agiu com
truculência
Os movimentos sociais e centrais
sindicais que organizaram o protesto desta quarta-feira, em Brasília, contra o
presidente Michel Temer e por eleições diretas, culpam a Polícia Militar e
black blocs pelas cenas de violência e vandalismo na Esplanada dos Ministérios.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Paz Social do Distrito Federal, o
protesto teve participação de 45.000 pessoas e terminou com 49 feridos (41
manifestantes e 8 policiais), um deles baleado, e oito presos. Enquanto
vândalos e PMs entravam em confronto,
Temer decretou ação de Garantia da Lei e da Ordem, medida em que ordena
às Forças Armadas e à Força Nacional de Segurança Pública que patrulhem as ruas
do Distrito Federal até o dia 31 de maio.
Líder da Central de Movimentos
Populares (CMP), Raimundo Bonfim afirma que “a polícia, como sempre, iniciou [a
confusão] para conter parte dos manifestantes que chegaram perto da barreira
combinada”. Sobre a depredação em onze prédios de ministérios, que envolveu
princípios de incêndio nas pastas da Agricultura, Integração Nacional, Cultura
e Planejamento, Bonfim pondera que “black blocs são autônomos, vão para os atos
e não pedem licença, não tem comunicação nem contato nenhum”.
Por meio de nota assinada por seu
presidente, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força
(SD-SP), a Força Sindical adota o mesmo discurso ao rechaçar “a infiltração de
black blocs”, classificá-los como “baderneiros” e atacar a polícia. “Igualmente
atribuímos ao despreparo da Polícia Militar de Brasília grande parte da
responsabilidade pelas cenas lamentáveis de depredação do patrimônio público.
Em lugar de prender bandidos comuns e qualificados, de máscara ou de colarinho
branco, infelizmente essa polícia se especializa em atacar trabalhadores e
trabalhadoras”, diz a central sindical.
A Frente Brasil Popular, que
abarca cerca de 70 movimentos sociais, incluindo MST e CUT, também diz por meio
de nota que “o uso das Forças Armadas, de bombas de gás lacrimogêneo e bala de
borracha demonstra a atual fraqueza do governo de Michel Temer e seus aliados,
ainda mais instável após as inúmeras denúncias de corrupção que envolvem o
próprio presidente”.
Já Guilherme Boulos, líder do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, publicou
um vídeo no Facebook em que explica de maneira menos evasiva a depredação em
Brasíia. “Estão usando como argumento ataques a ministérios. Agora, as pessoas
chegam pacificamente numa manifestação, a polícia reage com porrada, bomba, de
maneira sistemática… é evidente que terá reações”, diz ele.
De acordo com a SSP, três
manifestantes foram presos por porte de drogas e porte de arma branca, um por
porte de arma branca, dois por resistência e pichação, um por lesão corporal e
resistência e um por desacato, todos encaminhados ao Departamento de Polícia
Especializada (DPE). Ainda de acordo com a Secretaria de Segurança, um dos
militantes se feriu ao tentar atingir um policial com um rojão, que explodiu em
suas mãos.
Durante o conflito foram
registradas imagens de pelo menos dois PMs empunhando armas de fogo. Uma pessoa
foi baleada e, segundo a SSP, não corre risco de vida. Um vídeo publicado pelo
site do jornal O Globo mostra um dos agentes indo de encontro aos manifestantes
e atirando para o alto seguidas vezes. Outro, também armado, atira em direção
aos militantes. A Secretaria de Segurança afirma que abrirá inquérito para
investigar a conduta dos PMs que usaram suas armas no conflito. “Este
procedimento não é adotado em manifestações. Os incidentes e as
responsabilidades serão apuradas”, diz a pasta.
Por meio de nota, o governador
Rollemberg afirma que “a Polícia Militar
do Distrito Federal agiu de acordo com o Protocolo Tático Integrado, assinado
pelos governos federal e distrital, no mês passado, em que a segurança dos
prédios públicos federais ficou sob a responsabilidade da União. Em todas as
151 manifestações nos últimos dois anos, as forças de segurança federal e
distrital agiram de maneira integrada e colaborativa. Em todas as ocasiões a
Polícia Militar agiu com eficácia e eficiência, demonstrando estar plenamente
apta ao regular desempenho de sua missão constitucional. Eventuais excessos
serão rigorosamente apurados”.
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