Agentes da
Polícia Federal chegaram pouco antes das 6h ao
prédio onde mora Heitor Lopes de Sousa Junior
(Foto:
Cristina Boeckel)
|
Presos são diretor Rio Trilhos
e subsecretário de Turismo. Investigação mira corrupção e pagamento de propina
em contratos da linha 4 do Metrô. Segundo acordo de leniência, Heitor Lopes
recebia propina no canteiro de obras.
O diretor da Companhia de
Transportes sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (Rio Trilhos), Heitor
Lopes de Sousa Junior, e o atual subsecretário de Turismo do estado e
ex-subsecretário de Transportes, Luiz Carlos Velloso, foram presos na manhã
desta terça-feira (14) em um desdobramento da Operação Lava Jato que investiga
corrupção e pagamento de propina em contratos da linha 4 do Metrô.
Segundo o acordo de leniência de
executivos da Carioca Engenharia, o esquema de corrupção que existia na
secretaria Estadual de Obras do Rio, com a cobrança de propina das empreiteiras
envolvidas em contratos bilionários de obras civis, também se repetia na
secretaria estadual de Transporte. Segundo depoimentos, Heitor recebia a
propina no canteiro de obras e em dinheiro vivo. Ele era sócio de duas empresas
que prestavam serviço para a construção da Linha 4 do Metrô.
Os agentes também cumprem 7
mandados de condução coercitiva. Um desses mandados cumpridos até as 7h30 foi
contra a companheira de Luiz Carlos Velloso, Renata Loureiro Borges Monteiro. O
juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal, determinou o bloqueio de R$ 220
milhões de 7 pessoas e três empresas.
A prisão preventiva do diretor da
Rio Trilhos foi pedida, segundo os promotores, para evitar uma possível fuga.
De acordo com a investigação, Heitor e a mulher estavam dando entrada em um
pedido de cidadania portuguesa. Os procuradores também estão pedindo o bloqueio
de bens de R$ 36 milhões de Heitor e de R$ 12 milhões de Velloso.
Ainda de acordo com as
investigações, de 2010 a 2013, Heitor recebeu propina no valor de R$ 5,4
milhões de duas empresas. Ao todo, foram 31 transferências de recursos. As
empresas que pagaram foram a CBPO Engenharia, do grupo Odebrecht , e MClink
Engenharia, que atuou no trecho oeste da linha 4 do Metrô .
Ex-governador foi preso em
novembro
As investigações da Lava Jato no
Rio de Janeiro já levaram à prisão do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio
Cabral (PMDB), em novembro do ano passado. Ele foi preso na Operação Calicute,
que descobriu o esquema de cobrança de propina em obras durante a gestão
Cabral, que funcionou entre 2007 e 2014.
Segundo o Ministério Público
Federal (MPF), Cabral cobrava propina de empreiteiras para fechar os contratos
com o governo do Rio. As construtoras, por sua vez, se consorciaram para
fraudar licitações e sabiam previamente quem iria ganhar as concorrências. Na
ação também foram presos: Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho,
ex-secretário de governo do RJ; Hudson Braga, ex-secretário de obras; Carlos
Emanuel de Carvalho Miranda, sócio de Cabral na empresa SCF Comunicação; Luiz
Carlos Bezerra; Wagner Garcia e José Orlando Rabelo.
A Calicute é um desdobramento da
Operação Lava Jato e teve como base as delações premiadas do ex-dono da Delta
Engenharia Fernando Cavendish, da empreiteira Andrade Gutierrez e da Carioca
Engenharia – que afirmam terem pagado propina por obras como a do Marcanã, do
PAC das Favelas e do Arco Metropolitano.
Por Cristina Boeckel, G1 Rio
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