A nova regra
da Anac atende a uma demanda antiga do setor aéreo,
que defendia
o fim da franquia de bagagem gratuita, de até 23 kg
por passageiro, nos voos nacionais
(Divulgação/VEJA)
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Segundo o presidente da Gol, Paulo
Kakinoff, é certo que a tarifa para quem viajar sem mala será menor do que o
preço pago por quem despachar bagagem.
O início da cobrança de bagagem
pelas companhias aéreas, que deverá ocorrer a partir de 14 de março, quando
entrar em vigor a nova norma da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), não
garantirá bilhetes de voo mais baratos, na comparação com os patamares atuais.
Segundo o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, é certo que a tarifa para quem
viajar sem mala será menor do que o preço pago por quem despachar bagagem.
O executivo disse, porém, que não
há projeção de redução de preço por parte da Gol. “(O consumidor) não vai
comparar meu preço antes e depois da regra. Vai comparar o meu preço com o do
meu competidor (no dia em que quiser viajar).” Kakinoff acrescentou ainda que
as tarifas aéreas são dinâmicas, variando conforme procura, data da viagem e
câmbio – já que cerca de 50% dos custos do setor estão atrelados ao dólar.
A nova regra da Anac atende a uma
demanda antiga do setor aéreo, que defendia o fim da franquia de bagagem
gratuita, de até 23 kg por passageiro nos voos nacionais, com o argumento de
aproximar as normas brasileiras aos padrões internacionais. Hoje, apenas
Venezuela, Rússia e México também exigem que as companhias aéreas transportem
pelo menos uma mala sem cobrar, segundo a própria agência reguladora.
Para Kakinoff, o fim da franquia
deverá aumentar a concorrência entre as companhias aéreas, o que poderá acabar
beneficiando o consumidor. “A possibilidade de poder cobrar a mala não traz
outra coisa senão a intensificação da competição. Cada companhia vai precificar
o que cobrar da mala e se vai ou não cobrar.”
O executivo diz que, a bagagem
grátis ou uma tarifa de despacho menor podem ser itens importantes na hora de
conquistar a preferência do cliente. Hoje, a Gol tem 38,8% de participação no
segmento de voos domésticos, enquanto a Latam fica na segunda posição, com
31,3%.
Apesar do crescimento na
participação de mercado e da melhoria nos resultados financeiros (a empresa
teve lucro líquido de 1,1 bilhão de reais em 2016, revertendo o prejuízo de 4,3
bilhões do ano anterior), a empresa ainda enfrenta desafios financeiros. Sua
dívida total, por exemplo, chega a 6,4 bilhões de reais.
Capital externo
Uma abertura total do setor aéreo
ao capital estrangeiro – medida que já é consenso no governo – favoreceria a
Gol, que poderia receber mais recursos de uma parceira internacional. Segundo
Kakinoff, a posição da aérea de defender o fim da restrição ao capital
estrangeiro se dá por princípio, e não por interesse próprio.
O executivo, porém, admite que a
medida beneficiaria a Gol em vários níveis. Além de injetar capital, um
acionista estrangeiro poderia colaborar para a empresa ter uma reputação melhor
no mercado. Segundo fontes de mercado, uma das candidatas a ampliar sua fatia
na Gol, caso a mudança seja mesmo aprovada, seria a americana Delta, que já
detém mais de 9% da companhia.
O fim da restrição também abriria
caminho para a companhia aérea avançar para o Novo Mercado (segmento da Bolsa
que lista as empresas com maior nível de governança corporativa), o que
ajudaria a posicionar melhor as ações da aérea. Hoje, por ter acionistas com e
sem direito a voto, em razão do teto de 20% do controle no setor aéreo, a
empresa precisa manter dois tipos de papéis para cumprir a legislação.
Austeridade
Kakinoff afirmou ainda que,
enquanto as mudanças regulatórias não se concretizam, a estratégia da empresa
tem sido o corte de despesas. Entre as medidas adotadas pela Gol para
sobreviver a 2016, um dos piores anos da história do setor, foi diminuir a
oferta de assentos. O executivo diz que, no cenário econômico atual, não está
descartada a hipótese de a empresa devolver aeronaves neste ano para reduzir
ainda mais essa oferta.
Para André Castellini, da
consultoria Bain & Company, a redução da oferta, realizada no ano passado
não só pela Gol, mas por todas as companhias brasileiras, foi uma mudança
acertada para que elas deixassem de queimar caixa. Se o dólar se mantiver no
atual patamar e o País crescer cerca de 1% em 2017, as empresas conseguirão ter
lucro novamente e atingir uma meta operacional de 5% a 7%, como pretende a Gol.
Veja.com
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